Duas semanas separam o segundo e decisivo jogo do Campeonato Paulista para o Dérbi de sábado, em Barueri, pela terceira rodada do Brasileirão. Em um intervalo de apenas 16 dias, o Corinthians deixou de lado o jogo competitivo e aguerrido apresentado na final em Itaquera para virar presa fácil ao Palmeiras de Abel Ferreira. Quem assistiu aos dois clássicos certamente terá imensa dificuldade para encontrar explicações. Mesmo com cinco desfalques no sábado, quatro deles titulares (Rodrigo Garro, Fabrizio Angileri, Hugo Souza e Gustavo Henrique), o problema não foi apenas de qualidade técnica, mas sobretudo de competitividade.
Engasgado com o vice-campeonato estadual, o Palmeiras foi com tudo para cima do Corinthians e, em apenas 18 minutos, resolveu o clássico marcando dois gols em finalizações de fora da área. Mesmo escalado com dois primeiros volantes de características, o Alvinegro deu espaço ao Palmeiras no meio para finalizar como bem entendesse na direção do gol. Em noite de pouca inspiração, o reserva Matheus Donelli não conseguiu fazer as defesas e, antes da metade do primeiro tempo, o destino do Dérbi foi selado.
Dali em diante, o Corinthians se organizou minimamente e viu o Palmeiras tirar o pé do acelerador para esperar um contra-ataque que não veio. Mesmo com mais posse no segundo tempo, o Timão foi inofensivo. Prova disso é que o primeiro chute na direção do gol veio aos 46 do segundo tempo, com o lateral Hugo levando pouquíssimo perigo. O contexto não pode ser apagado. O elenco vem de uma maratona de jogos, o calendário é apertado e, sem Igor Coronado e Garro, o Corinthians não tem meias de criação disponíveis para seus jogos.
A solução tem sido improvisar Bidon como o homem criativo e utilizar Carrillo como ponta. Mesmo que falte variação tática, é preciso reconhecer que Ramón Díaz não tem tempo para treiná-las. Na verdade, o Timão, assim como a maioria dos clubes brasileiros, praticamente não tem tempo livre para nada que não seja trabalhos regenerativos em seu centro de treinamento. Por outro lado, há fatores que são inegociáveis, sobretudo para um clube com a história que tem o Corinthians. A equipe não pode chegar em um clássico deste tamanho e não competir à altura, não disputar o espaço no meio de campo e demorar quase 100 minutos para chutar ao gol.
O Palmeiras venceu com autoridade e, não à toa, empolgou sua torcida e deixou o campo ovacionado. Ao Corinthians, que teve de ouvir gritos de "olé" dos rivais, resta aceitar a derrota e usá-la como força catalisadora para resgatar o bom futebol e o espírito combativo. O Timão volta a campo na quarta-feira, contra o Fluminense, às 19h30, na Neo Química Arena, pela quarta rodada do Campeonato Brasileiro.