2/11/2016 07:31

Corintianos relatam agressões da PM após briga no Maracanã: "Foi tortura"

Torcedores acusam policiais de abordagem truculenta após jogo contra o Flamengo e citam até choques elétricos. Secretaria de Segurança diz não ter recebido queixas

Corintianos relatam agressões da PM após briga no Maracanã:
Torcedores do Corinthians que ficaram detidos no Maracanã após uma briga com policiais militares relatam abusos, ofensas e agressões de membros da PM durante todo o processo de abordagem depois do empate por 2 a 2 com o Flamengo, no dia 23 de outubro.

Uma semana depois da confusão, dois corintianos que estavam no Maracanã aceitaram receber a reportagem do GloboEsporte.com na casa de um deles, na zona sul de São Paulo, sob condição de anonimato. Ambos relataram o que viveram no Rio de Janeiro. Um deles conseguiu ir embora para casa, e o outro ficou detido na Cidade da Polícia, liberado na manhã seguinte. 

– Se a polícia quiser, a gente briga. Se a polícia não quiser, a gente não briga – comentou um deles, membro da maior organizada corintiana, que chegou ao estádio com uma caravana.

O outro foi de carro de São Paulo ao Rio de Janeiro – veja trechos da entrevistas com os dois torcedores.

Para ambos, o momento mais crítico ocorreu no fim da partida, horas depois da briga, quando a PM tentava identificar os agressores dentro e fora do Maracanã. Um ficou na arquibancada; o outro saiu do estádio antes do apito final.

– O jogo acabou, o clima estava meio tenso porque algumas pessoas já tinham sido levadas durante o intervalo. Eu, pelo simples fato de ter característica parecida com a de quem teoricamente eles estavam procurando, fiquei. Eles me fizeram sentar em cima da mão. Eu já estava sem minha camiseta a essa hora, aí a tortura começou. Ouvia todos xingando ali de cima. Percebi também um preconceito bairrista mesmo, eles falando que a gente estava com cheiro de Rio Tietê. O policial vinha, dava tapa na minha orelha, joelhada nas minhas costas. Eu apanhei muito, muito mesmo. Apanhei demais. Apanhei de bombeiro, da segurança interna do estádio, estou com o ouvido doendo até hoje. Foi terrível, foi uma tortura psicológica e física como nunca passei – disse o torcedor que ficou no Maracanã, o que não pertence à organizadas.

Ele descreveu uma espécie de sala anexa, no saguão de acesso ao setor de visitantes do estádio, onde policiais chamavam torcedores para novos esclarecimentos. O cenário descrito por ele é de "tortura".
– Tinha uma salinha perto de onde eu estava sentado, próximo à entrada... Pessoas que estavam sendo levadas ali para dentro... Todo mundo tomava choque. Sabe aquela maquininha? Você ouvia o barulho ali de fora. As pessoas estavam levando choques. Teve um policial lá que quebrou o cassetete dele. Quebrou o cassetete dele de tanto que ele bateu. Foram cenas lamentáveis. Trauma enorme. Foi assim, aí você imagina ver um monte de gente sentada, todo mundo que passa te bate, tem uma salinha ali que os caras estão dando choque. Meu Deus do céu, onde que eu estou? O que está acontecendo? – contou o torcedor, que acabou liberado pela PM após a triagem dentro do estádio.

– Estava pensando aqui agora, e o sentimento é exatamente esse mesmo. Que eu estava num campo de concentração sofrendo a pior das torturas. Eu não sabia o que ia acontecer, não tinha a dimensão de como eles estavam levando isso, a proporção que ia tomar. Estava meio sem entender, porque a opressão que nós sofremos lá... Sabe... Totalmente coagido, sentado em cima da mão. Todo mundo que passava batia. Quando cheguei na segunda-feira e fui ao médico... Eu podia ter ficado surdo de tanto tapa e murro que levei na orelha. Estou com as costas marcadas, a perna marcada. Foi uma tortura – completou.

Ainda sem imagens de circuito interno do Maracanã
As primeiras acusações de abusos e agressões dos policiais no Maracanã apareceram logo em seguida à liberação dos torcedores naquela noite no Maracanã. O major Silvio Luiz, comandante do Grupamento Especial de Policiamento em Estádios, Silvio Luis, negou e repudiou as denúncias antes de encaminhar o grupo de corintianos à Cidade da Polícia. Nas audiências de defesa, 17 dos torcedores detidos alegaram que foram agredidos por policiais, de acordo com reportagem do portal "Uol". Um deles, Vitor Hugo Souza mostrou marcas de agressões após um pedido do advogado de defesa para tirar a camisa.

- Não houve nada de tortura ou sala especial. Todas as salas do Maracanã possuem sistema de câmeras. Não tem nada disso. Os torcedores detidos ficaram sentados aguardando para serem encaminhados para a Cidade da Polícia ou liberados – disse na noite de 23 de outubro.

A reportagem do GloboEsporte.com pediu informações e imagens do circuito interno de TV do estádio. A Polícia Civil disse que é de responsabilidade do Maracanã. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Rio informa que o Gepe se baseou em imagens do Maracanã para identificar alguns dos agressores. A partida foi organizada pelo Flamengo, que contratou a Sunset, empresa de segurança particular que já trabalhava com o Consórcio Maracanã. Até o fechamento desta matéria, não houve resposta sobre as imagens das câmeras de segurança. O GloboEsporte.com também entrou em contato com a empresa de segurança particular.

O outro torcedor, que pertence à organizada, conseguiu escapar da triagem dos policiais porque saiu antes do fim da partida. Apesar de não ter participado da abordagem de dentro do Maracanã, ele e um grupo de corintianos foram capturados nas imediações do estádio sob alegação de que estavam com paus e pedras. Alguns chegaram a entrar no saguão de um prédio, mas foram detidos na sequência.
– Uma hora a polícia nos dispersou e mandou a gente se virar para ir embora do Rio. Sem dinheiro, sem nada, com as coisas todas dentro do ônibus, documentos, tudo. Como não tínhamos para onde ir, ficamos ali na mesma rua, esperando. Vieram duas viaturas do outro lado, fecharam a gente e nem perguntaram nada. Vieram batendo já. Duas viaturas pela frente e a polícia andando de dentro do estádio na nossa direção. Todos batendo na gente, depois que foram perguntar, falar o que estávamos fazendo lá. Informamos que tínhamos sido liberados, mas não tínhamos como entrar no ônibus. Falaram que seríamos presos, ficaríamos em Bangu.

– Quando eles começaram a bater na gente, um policial falou para o outro: "Pega lá as pedras, os paus, que eles estavam com pedras e paus". Esse outro policial foi e não achou nada, porque estávamos querendo ir embora. Tinha mulher com a gente, duas mulheres foram presas. Ele não achou nada, e o outro policial falou para ele pegar o que achasse na rua – disse o organizado, que foi detido fora do Maracanã e liberado na manhã seguinte.

Após a confusão, 64 pessoas foram detidas e passaram a noite na Cidade da Polícia. Destas, 33 foram liberadas. Outros 30 estão presos preventivamente em Bangu – um menor de idade foi encaminhado para outra delegacia. Em audiência de custódia na semana passada, 17 corintianos relataram agressões e maus-tratos da polícia.

Questionada sobre as denúncias, a Secretaria de Estado de Segurança, da Polícia Militar carioca, diz que não recebeu qualquer reclamação sobre o tratamento dos policiais.

Veja abaixo a íntegra do posicionamento da PM:

"A assessoria de Imprensa da PMERJ informa que o Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (GEPE) deteve e conduziu, no domingo (24/10), um total de 67 torcedores envolvidos em duas ocorrências distintas registras durante o policiamento destinado ao Estádio Mário Filho (Maracanã). A primeira ocorrência foi dentro do estádio, antes de iniciar o jogo, quando torcedores do Corinthians tentaram invadir o setor destinado à torcida do Flamengo e os policiais militares precisaram intervir. Um grupo agrediu quatro PMs e foi necessário reforço policial para contê-los.

O GEPE analisou imagens do sistema de monitoramento do Maracanã e reconheceu 31 destas pessoas como agressores dos policiais. Outros 11 homens também foram conduzidos por terem participado da confusão. Após o término da partida, o GEPE foi acionado novamente em razão de um grupo de 25 torcedores também do Corinthians que andavam pela Rua São Francisco Xavier munidos de paus e pedras. Quatro homens invadiram um condomínio naquela via para fugir dos policiais. Os 25 foram detidos e também conduzidos para sarque na Cidade da Polícia. Com cinco deles, os policiais apreenderam certa quantidade de maconha e cocaína.

Sempre que há reclamação, a Polícia Militar apura as circunstâncias envolvendo o fato. Até o momento, não houve reclamação sobre a situação relatada. A Polícia Militar sempre atuará no sentido de coibir crimes e zelar pela segurança de torcedores e famílias nas praças desportivas."


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4956 visitas - Fonte: Globo Esporte

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quebraram os torcedores na delegacia ninguém fala nada agora né .

é só quando a torcida deles vir aqui dar um tratamento igual e falar que eles estão com cheiro de merda pois o Rio fede a bosta aqui temos p Tietê e lá eles tem a lagoa Rodrigo De Freitas pura merda

carioca é td igual, covardes e fdp, aqui eles ficam pianinho com o rabo entre as pernas...

quero ver se estes policiais tem coragem de agir assim nas comunidades de lá só agiram assim pq sabiam que os torcedores não estavam armados bando de safados Polícia do Rio de Janeiro

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