Aos 27 anos, Giovanni Augusto encara sua primeira temporada pelo Corinthians como um momento de afirmação e amadurecimento. Titular desde que Fábio Carille assumiu o comando do time, há um mês, o meia, de maneira discreta, tem assumido papel de líder no elenco.

Os motivos para essa ascensão são variados: a saída de jogadores experientes durante o ano, o passado turbulento que se transformou em presente responsável, a disposição de ajudar em qualquer das funções no meio-campo corintiano...

Giovanni reconhece que tem sentido a responsabilidade aumentar nos últimos meses. Ele será titular no jogo deste domingo contra o América-MG, às 17h (horário de Brasília), em Itaquera. Mesmo se não tiver atuação acima da média, agora ele pode auxiliar de outra maneira.

– Consigo sentir essa liderança, até pela confiança que todo mundo tem me passado. Isso é bom na questão do amadurecimento, de você conversar, fazer aquilo que um líder faz. Aos poucos estou conseguindo ter essa identificação – afirmou Giovanni.

Dentro do clube, a missão é, do seu jeito, tentar reproduzir parte do que Renato Augusto fazia na equipe. Craque do Brasileirão passado, o meia foi para o futebol chinês, mas se manteve em alta na seleção brasileira. Desde então, o Corinthians tenta encontrar alguém que seja o termômetro no meio-campo e ainda sirva como influência fora de campo. Giovanni pode ser o nome.

Em Cuiabá, palco da vitória corintiana por 4 a 2 sobre o Santa Cruz, quarta-feira passada, um Giovanni sereno e de fala mansa conversou com a reportagem no hotel em que a delegação esteve hospedada. Ele tem 45 jogos e cinco gols com a camisa alvinegra. O último deles contra o Cruzeiro, no Pacaembu, no fim do primeiro turno do Campeonato Brasileiro.




Como você tem se sentido nessa nova função, centralizado no meio-campo, tendo de buscar a bola e correr mais para iniciar as jogadas do Corinthians?

– São duas posições muito diferentes, e nunca fiz nenhuma delas por muito tempo. Ano passado eu jogava mais na parte da criação, do meio para a frente. Exige muito da parte física, você tem de aguentar o jogo todo. Estou me sentindo muito bem, consigo chegar com a bola mais de frente para a equipe adversária, tenho uma melhor visão de jogo. É uma coisa nova, então com o tempo busco o equilíbrio. Mas a confiança voltou e as coisas vão acontecer.

Desde a saída do Renato Augusto, o Corinthians busca alguém com essa função. Você consegue ser esse cara?

– Estou conseguindo fazer bons jogos. O Renato é um grande jogador, faz falta em qualquer clube, mas esse é um ano diferente, eu sou outro jogador. Se cheguei aqui, é porque tenho condições. Temos de assimilar tudo isso o mais rápido possível. Agora, nessa nova função, vou conseguir fazer bons jogos e me destacar novamente.


Meses atrás, você admitiu que não estava em boa fase e foi até para o banco de reservas. Como se sente hoje?
– Agora posso afirmar que me sinto confiante e bem fisicamente, tenho tudo para voltar a apresentar um bom futebol. Tenho a confiança de todo mundo aqui. O período sem vitórias nos incomodou bastante, a pressão foi muito grande, mas o lado bom é que a pressão significa que ainda temos boas chances de ganhar uma vaga na Taça Libertadores.

Você tem sentido muito essa pressão fora de campo?
– Eu procuro buscar as coisas que vêm para somar, então não ligo para o que as pessoas falam. Procuro não saber de muita coisa. Eu me apego às coisas que fazem a diferença, que fazem a confiança voltar. Sou muito tranquilo e não sou de reclamar. É questão de voltar a jogar bem.

Onde você busca essa confiança?
– Em casa, com a família, com os amigos, com quem quer nosso bem. Tem a cobrança na própria família, eles me cobram bastante. Eu procuro estar sempre perto deles. Cobram de um jeito que precisamos. Estou muito tranquilo quanto a isso.

No começo do ano, você chegou em outro cenário, com um time recém-campeão brasileiro. Dez meses depois, um time desmanchado, precisando de novos líderes. Hoje você se sente mais importante no time, mais maduro?

– Perdemos treinador, perdemos jogadores de referência, mas sempre tentamos achar o equilíbrio, o time ideal. Foi um ano conturbado, mas serviu como experiência. Faltam dois meses para acabar o campeonato, temos consciência de que precisamos chegar ao G-6. Brigar pelo título é bem difícil, mas a obrigação é chegar ao G-6 e temos de assumir essa responsabilidade. Diante de tudo que aconteceu nesses meses, acho que ainda podemos ter um final de ano feliz.

Fora de campo, você também chegou dizendo que queria esquecer o passado turbulento no Atlético-MG. Deu certo?
– Deu certo! Hoje realizo um sonho de infância, que é jogar no Corinthians. Fora isso, outras coisas mudam bastante em nossa vida, família, tudo mais. É um momento especial e feliz para mim. Sei que o clube não vive seu melhor momento, não levantou nenhuma taça neste ano, mas ainda tem muita coisa boa pela frente.

A Libertadores, então, pode ter um gosto de título?
– Com certeza, o torcedor sabe disso e está vendo o que acontece. A Libertadores é nosso principal objetivo neste ano, e tenho certeza de que vai dar tudo certo.