Durante participação no podcast Denílson Show, na segunda-feira (23), Ronaldo Nazário, o Fenômeno, revelou um forte desejo: adquirir um clube brasileiro novamente e o nome na mira é o Corinthians. O ex-camisa 9 da Seleção Brasileira afirmou que, caso o clube paulista decida se transformar em uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF) , ele está pronto para reunir capital e assumir o controle da operação esportiva. “Se o Corinthians virar SAF, eu arrumo o dinheiro e embarco. Acredito muito nesse modelo. Como clube e como torcida, o Corinthians é uma verdadeira potência”, declarou Ronaldo, que defendeu com veemência o modelo empresarial, destacando que ele não descaracteriza o time, mas o fortalece com gestão eficiente e maior capacidade de investimento.

Ronaldo não poupou críticas ao atual cenário administrativo do clube do Parque São Jorge. Segundo ele, a crise política interna e a falta de profissionalização impedem avanços reais. “Infelizmente, não tenho esperança com o modelo atual. É muita bagunça, muita dívida. A única saída que enxergo é a transformação em SAF” , pontuou.

O ex-jogador que teve passagem pelo clube também sugeriu um modelo híbrido de gestão para o Corinthians , onde o investidor assumiria o controle nos primeiros anos, mas mantendo espaço para a associação. Ele ressaltou, no entanto, que o tamanho da dívida exige uma atuação firme de quem investir. “A dívida só aumenta. É um cenário que precisa de controle e visão de longo prazo.”
Ronaldo aproveitou para fazer um alerta aos torcedores corintianos. Segundo ele, os protestos recentes têm extrapolado os limites e atrapalham qualquer tentativa de reorganização. “A torcida precisa entender seu papel. Esses protestos exagerados só pioram a crise. É preciso pensar em soluções, não em tumulto” , criticou.
A fala de Ronaldo reflete um posicionamento de quem já passou por situação semelhante à frente de outro gigante do futebol nacional: o Cruzeiro. E é exatamente essa experiência que serve de base para o interesse no novo desafio.
Case Cruzeiro: do caos à reconstrução Ronaldo foi proprietário de 90% das ações da SAF do Cruzeiro entre janeiro de 2022 e abril de 2024. Durante sua administração, o clube mineiro saiu da Série B, garantiu vaga na Sul-Americana e iniciou uma reestruturação administrativa que reduziu significativamente sua dívida bilionária. “Fizemos uma gestão responsável. Pegamos uma dívida de R$ 1,2 bilhão e cortamos pela metade” , afirmou.
No início de 2024, o Fenômeno vendeu sua fatia majoritária ao empresário Pedro Lourenço, dos Supermercados BH, por R$ 482 milhões. A decisão veio em meio à pressão por melhores resultados esportivos, mas Ronaldo viu em “Pedrinho” o perfil ideal para continuar o processo de reconstrução.
Segundo o relatório Convocados, do economista Cesar Grafietti, o Cruzeiro ainda possui uma dívida de R$ 1,158 bilhão , mas boa parte desse valor já está reestruturado via recuperação judicial ou parcelamento fiscal, com prazos que vão até 2041.