Em entrevista exclusiva ao Estadão, Armando Mendonça, vice-presidente do Corinthians, fez revelações contundentes sobre os bastidores do clube e os desdobramentos do caso Vai de Bet. Armando Mendonça, vice-presidente do Corinthians – Foto Reprodução Angileri encerra semestre em baixa no Corinthians Sem Corinthians, Andrés Sanchez vê Mundial de Clubes com pouco apelo Primeiro dirigente a ser informado sobre irregularidades no contrato de R$ 360 milhões com a casa de apostas, Mendonça apontou diretamente para a omissão de Augusto Melo e classificou o atual momento do clube como consequência de uma “herança maldita”. “O Augusto mexia no celular enquanto eu falava da denúncia. Disse que não faria nada, como se fosse normal. Essa omissão causou prejuízos gigantescos ao Corinthians”, afirmou o dirigente.

Segundo Mendonça, as primeiras informações sobre o escândalo chegaram em maio de 2024, quando o jornalista Juca Kfouri o procurou com dados sobre uma empresa “laranja”, a Neoway, que teria recebido parte da comissão do contrato com a Vai de Bet. Após constatar a irregularidade, o vice levou o caso ao presidente, que se recusou a abrir investigação interna ou afastar envolvidos. “Foi um choque perceber que o clube seria administrado por amigos e não por profissionais. Fui escanteado ainda na transição e só vi o agravamento de práticas irresponsáveis”, disse.
Armando também expôs uma dívida de R$ 4,4 milhões com o empresário Igor Zveibrucker, que teria emprestado dinheiro para viabilizar as contratações de Matheuzinho e Rodrigo Garro. Após a tentativa de compensação com uso de camarotes da Neo Química Arena sem contrato formal, o clube passou a cobrar o empresário judicialmente, acirrando a crise. Veja também Corinthians disputa com Santos e Vasco a contratação de Ronald, destaque da Championship “O Corinthians não pode ser administrado com improviso. O que herdamos foram dívidas com atletas, premiações não pagas e um clube sem caixa. Pegamos R$ 5 milhões em conta e obrigações que somam muito mais”, declarou.

Com a saída forçada de Augusto Melo e a posse interina de Osmar Stabile, Armando diz trabalhar por uma reconstrução baseada em transparência e profissionalismo. O vice revela que passou a ser perseguido por conselheiros ligados ao ex-presidente e chegou a receber ameaças. “Blindamos o CT, proibimos a entrada de conselheiros e focamos em dar estabilidade aos jogadores e comissão. O vestiário voltou a ser dos atletas, sem politicagem”, afirmou.
A crise política e financeira ampliou a pressão da torcida por mudanças estruturais no clube. O vice-presidente defende maior transparência, participação dos sócios e revisão do estatuto. “A torcida está certa em exigir mudanças. O Corinthians precisa de uma gestão à altura da sua grandeza. Não há mais espaço para loucura ou amadorismo.”