21/9/2016 09:34

Frustrado, Cristóvão diz que Timão paga preço alto pela saúde financeira

Demitido, técnico lista seus erros, diz que as saídas de atletas atrapalharam muito os planos e afirma que o torcedor do Corinthians ficou "mal acostumado" com era Tite

Frustrado, Cristóvão diz que Timão paga preço alto pela saúde financeira
Cristóvão Borges diz que recebeu mensagens de apoio de jogadores do Timão (Foto: Marcelo Braga)

Cristóvão Borges sobreviveu apenas a 18 partidas à frente de um Corinthians em remontagem. A missão não era fácil. Ele teve de substituir o multicampeão Tite justamente no ano em que o presidente Roberto de Andrade foi mais firme em sua política de corte de gastos, negociando vários jogadores e trazendo reposições mais modestas.

Demitido após três meses, o treinador recebeu o GloboEsporte.com no apartamento alugado onde mora com a esposa, na Zona Leste de São Paulo, dias antes de devolver as chaves ao proprietário. Frustrado por não ter dado certo no cargo, ele lamentou a perda de jogadores como Elias e Bruno Henrique, reconheceu que cometeu alguns erros durante o processo de remontagem e concluiu que o torcedor do Timão ficou mal acostumado com os anos de bonança com Tite e não se preparou para a escassez.

– É um preço muito alto que o presidente está pagando e que o treinador também paga. Ninguém valoriza muito essa coisa do correto, do pagar em dia. Todo mundo quer título e, às vezes, para muitos não importa a que preço. Mas pelo o que clube tem de solidez, ainda vai se manter em uma posição boa. Daqui a pouco volta ao G-4. E, na Copa do Brasil, é possível brigar pela forma de disputa.

Em uma conversa de quase uma hora, o treinador de 57 anos, demitido após a derrota para o Palmeiras, por 2 a 0, no último sábado, disse que não guarda mágoas dos torcedores, viu como positiva a curta passagem pelo Timão e ficou emocionado ao falar das várias mensagens que recebeu dos jogadores da equipe após a sua saída. Efetivado, o auxiliar Fábio Carille estreia nesta quarta, às 21h45, contra o Fluminense, nas oitavas da Copa do Brasil.

– Não vou falar quem, mas vários deles me ligaram. Me emociona falar. Fiquei no estádio um tempo (depois da demissão), eles já tinham ido embora. Um deles demorou porque estava com a família, soube que eu ia sair e veio falar comigo com os olhos cheios d'água. Para mim é muito emocionante. Tenho mensagens de jogadores e membros da comissão técnica (no celular).

Confira a entrevista exclusiva com Cristóvão Borges:

GloboEsporte.com: Em uma entrevista recente, você disse que corria o risco de dar certo no Corinthians. Por que não deu?
– Teve uma coisa que dificultou: a saída dos jogadores foi o desequilíbrio de tudo. Que fique claro: a diretoria não queria que saíssem e eu também não. Mas não houve possibilidade de segurá-los. O clube não tinha o controle de direito econômico. Se o jogador quer ir fica difícil segurar. A minha vinda para substituir o Tite, que ganhou tudo, seria uma coisa difícil. Eu sabia disso, mas sabia também que estava tendo minha grande oportunidade. Não via isso como grande empecilho.

Você perdeu André e Luciano, que não vinham bem, e Elias e Bruno Henrique, que eram titulares. Eles fariam grande diferença para a sequência do seu trabalho?
– O processo era de oscilações. Quando cheguei, Tite também vivia isso. O sistema não era definido nem a equipe. Era normal. Jogadores contratados e que fizeram grandes campeonatos no ano anterior ainda não tinham dado resposta. Minha busca era essa. E aí tive a saída desses jogadores que seriam opções interessantes, titulares ou não. Bruno Henrique vivia o melhor momento dele no clube comigo. Era um jogador importantíssimo. Elias, antes do Tite ir para Seleção, era titular lá. Perdi os dois ao mesmo tempo. Tive que refazer isso. Foi tornando o meu desafio maior. Como treinador, isso tem um lado interessante, que é achar soluções no desequilíbrio que se deu no time.

Acha que teve méritos neste período?
– Eu me orgulho do que fiz. Jogou comigo o Pedro Henrique, que na minha opinião é o futuro do Corinthians, será jogador de seleção brasileira. Tínhamos preocupação na lateral direita, queríamos contratar, e o Léo Príncipe respondeu bem. No clássico, jogaram Léo e Arana. O Camacho ninguém quase sabia quem era e hoje é titular do time, jogando muito bem. Rodriguinho hoje é o destaque do time. São coisas importantes da minha função. Achar caminhos, soluções e fazer com que rendessem. Cristian estava sem jogar, voltou e me ajudou a organizar o local que a gente tinha mais dificuldade, que era o meio de campo. Fomos jogar com o Palmeiras, que é um time com capacidade de investimento altíssima nos últimos anos. Vai ter uma hora que, na briga, isso vai fazer a diferença. Fez a diferença.

E o time ainda sofre um gol com apenas quatro minutos contra o Palmeiras...
– Muda tudo. Havia dois jogos que eu achava que seriam muito difíceis pela característica e histórico. Há vários jogos que não ganhávamos do Palmeiras. O Santos também. Muitos diziam que jogar na Vila nunca foi fácil para o Corinthians. E conseguimos ir lá e jogar um primeiro tempo espetacular, neutralizando o Santos. Contra o Palmeiras, li umas pessoas falando em nó tático, mas a gente desenhou o jogo muito bem, os jogadores foram com entendimento total do jogo. A gente sabia que meio de campo ia receber marcação homem a homem, e vimos muitas maneiras de chegar ao ataque. Nesse jogo, nos facilitaria ter Fagner e Uendel para fugir dessa marcação, mas jogamos sem eles. Arana e Léo jogaram tranquilos, mas os outros dois (titulares) são mais acostumados a clássicos, à nossa maneira de jogar. Iam ajudar a sair daquela marcação de meio de campo. Desequilibrou.

Você deixa o Corinthians frustrado?
– Minha experiência no Corinthians como profissional foi altamente positiva e enriquecedora. Minha grande frustração é a seguinte: fizemos jogos fora onde a torcida adversária era maior, mas vi a nossa abafar. Eu sei o que a torcida queria, era o que a gente queria. Esses momentos me tocam muito. O jogo contra o Palmeiras foi o que mais me tocou e emocionou. Entrar em campo, ver a torcida fazer aquilo que fez e não conseguir dar a resposta que eles querem... A torcida do Corinthians é um espetáculo. Foi frustrante. Acho que poderíamos ter ido melhor (contra o Palmeiras) se tivéssemos todo mundo para jogar. Poderíamos ganhar. Era tudo o que eu queria.

Ao mesmo tempo, a torcida em alguns momentos te vaiou, xingou e também é responsável por sua demissão. Não fica uma mágoa?
– Muitas vezes me perguntaram sobre críticas e vaias. Tenho clareza e faço leitura das situações. Existia a coisa da expectativa. Na minha contratação, todos ficaram sobressaltados. Era a substituição do Tite. Meus amigos, colegas de trabalho, todos têm a visão de que seria muito difícil. Mas foi o que menos senti. Era um peso, claro. Eu sabia que tinha que ser 100%. E as coisas andaram bem no início. Só que na hora da oscilação, aconteceram coisas que ajudaram no desequilíbrio do time. Esse terreno é muito fértil para acertos e erros. Eu errei e acertei, o que é normal. Mas eu estava num lugar em que não podia errar. E quando errei, criou-se uma atmosfera adversa difícil de ser retomada. Tudo veio de uma vez só e de uma maneira incompreensível, com críticas além da conta, exageradas e desrespeitosas. Criou-se um monstro. Mas com relação à torcida, tenho zero mágoa. Aliás, em relação à nada. Mágoa de ninguém. Nunca me senti tão acolhido e protegido como no Corinthians. Essa atmosfera exterior foi pesada para todo mundo. A cobrança era muito grande.

Hoje, consegue enxergar com clareza os erros que cometeu?
– Sim, normalmente erro do treinador está nas mudanças durante o jogo ou na troca de escalação, de sistema. Fiz algumas trocas que não funcionaram. Quando não funciona, eu errei. A mais recente foi no jogo do Santos. Jogamos o primeiro tempo e no segundo sabíamos que seríamos pressionados. Tínhamos de prender a bola na frente, então tinha de ter movimentação. Mas estávamos com a marcação toda encaixada. Quis desencaixar. É uma ideia de jogo. Ela pode funcionar ou não. Na minha troca, Marquinhos Gabriel entrou e não conseguiu fazer. Estava 1 a 0 (para o Corinthians), perdemos de 2 a 1. O que eu queria (que Marquinhos fizesse contra o Santos) ele fez depois contra o Palmeiras.

Cristóvão Borges e Marquinhos Gabriel durante Dérbi do últimio sábado (Foto: Marcos Ribolli)

E aí por Marquinhos ter entrado mal na Vila, isso se refletiu no jogo contra o Coritiba, quando você ficou com um homem a mais, mas preferiu não mexer...
– Isso, aconteceu um erro sim. Eu poderia ter feito isso, arriscado, eu concordo. Mas o time estava jogando muito bem e na hora da expulsão era preciso aproveitar a superioridade numérica. Mas o Marlone começou a sair do lado do campo para o meio para tocar a bola. Com um a menos, o Coritiba fez duas substituições para fechar o meio. Ou seja, passamos a ter mais dificuldades do que tínhamos no 11 contra 11. Mas foi um erro, eu podia ter arriscado.

A diretoria do Corinthians está sendo criticada por ter bancado você antes do clássico e te demitido após a derrota. Como vê isso?
– Tenho certeza que quando Eduardo (Ferreira, diretor-adjunto) deu a entrevista, aquilo tudo era verdade. Era aquilo mesmo. E era importante o posicionamento deles. A sequência, já com a pressão e a perda para o grande rival em casa, ficou pesada demais. Não critico terem resolvido mudar. Foi uma forma de ir em frente.

Pela pressão e crise, parece que você saiu deixando o time na zona do rebaixamento. Mas você saiu em quinto. Pelos títulos recentes, acha que o torcedor do Corinthians não está pronto para não ser campeão?
– É, não está. É o maior ganhador do Brasil na historia recente, o torcedor está acostumado (a títulos). Sabe quando deixei de apanhar dessa maneira absurda? Quando Bruno Henrique e Elias saíram. Mudou. As pancadas diminuíram, não no volume, mas na intensidade. Percebi todo mundo caindo na real: “Olha, é difícil mesmo trabalhar desse jeito”. Até então, havia a clareza, mas parecia que todo mundo estava em transe, a cobrança era como se aquele time fosse o mesmo de 2015. Por isso ficou pesado e difícil de carregar.

O Corinthians hoje não é competitivo para ser campeão brasileiro?
– Quem está fazendo a diferença hoje no campeonato? Quem fez alto investimento. Os times que vão brigar pelo título até o final são Palmeiras e Flamengo. Mas para a Copa do Brasil dá para brigar pela forma de disputa. Iniciamos bem a competição (1 a 1 com o Fluminense no Rio de Janeiro). Acho que vai passar na quarta-feira, depois vence o Fluminense de novo no Brasileirão no fim de semana e aí as coisas vão melhorar.

Diante da dificuldade financeira, chegou a ter pedidos de reforços recusados?
– Tentamos algumas negociações que foram difíceis e ficaram fora da nossa realidade. Aconteceu. Mas não posso citar nomes agora (risos). A gente estava precisando repor, mas se fizéssemos algo extravagante ia desequilibrar a vida financeira do clube.

E agora, o que vem pela frente? Descanso ou quer voltar ao trabalho rapidamente?
– Vou descansar durante esse tempo, futebol absorve bastante, vou observar o campeonato. Aparecendo alguma proposta interessante, logicamente que estou aí. Saio do Corinthians pronto para qualquer desafio. O Corinthians me enriqueceu, me deu preparo para grandes desafios e dificuldades. Por tudo que vivi, foi positivo.

Próximo adversário: Fluminense
Competição: jogo de volta das oitavas de final da Copa do Brasil (ida: Fluminense 1x1 Corinthians)
Local: Arena Corinthians, em São Paulo
Data e horário: quarta-feira, às 21h45 (de Brasília)
Escalação provável: Cássio, Fagner, Yago, Balbuena e Guilherme Arana; Camacho; Marquinhos Gabriel, Giovanni Augusto, Rodriguinho e Marlone; Romero.
Desfalques: Jean, Gustavo, Guilherme, Bruno Paulo, Pedro Henrique, Uendel e Vilson
Arbitragem: Rodolpho Toski Marques (PR) apita. Bruno Boschilia (Fifa-PR) e Ivan Carlos Bohn (PR) são os assistentes
Transmissão: TV Globo para SP (menos Santos), RS, PR, MG (Uberaba) e SE (com Cleber Machado, Casagrande e Leonardo Gaciba) e SporTV e PFCI (com Jota Jr e Wagner Vilaron)
Tempo Real: GloboEsporte.com, a partir das 20h30


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respeito com o ser humano zero ne!!! seus doentes antes de qualquer coisa ele e humano e por isso q as coisas estão como estão vergonhoso.

Seu incompetente. Só fez merda. Vai treinar times de série B. Some.

o Corinthians pode estar quebrado, mas o Cristóvão como técnico era bem medíocre o Tite com esse mesmo time teria ganho este jogo . a diferença acredito eu do Tite para qualquer outro técnico e a firmeza na hora do vestiário.

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