Embora a eliminação precoce no Paulistão possa ser amenizada com a clara evolução do time com António Oliveira, o Corinthians protagonizou uma participação constrangedora no estadual. Fora da fase de mata-mata com uma rodada de antecipação, o Timão cometeu alguns pecados que culminaram na queda. Mesmo com a vitória por 3 a 2 sobre o Santo André, o Corinthians acabou eliminado com a vitória da Inter de Limeira sobre o Ituano, na noite de sábado. A queda precoce alvinegra vem como consequência de um início de ano turbulento tanto dentro quanto fora de campo. A reportagem do ge elenca cinco motivos que ajudam a explicar o fato de o maior campeão paulista sequer avançar para a fase mais decisiva da competição. Turbulências no início de gestão A gestão Augusto Melo conviveu com turbulências desde o momento da posse, em 2 de janeiro, cerca de três semanas antes do início da disputa do Campeonato Paulista. O presidente admitiu nos primeiros dias de mandato que a situação econômica e administrativa do clube era "pior do que o imaginado", o que teve consequência na remontagem do elenco. A começar pela novela Gabigol, que estampou o noticiário ao ser alimentada pela própria diretoria do Corinthians, enquanto a viabilidade do possível negócio era questionada pelo estafe do atacante e pelo próprio Flamengo. A multa nacional estava na casa dos R$ 700 milhões. Uma das principais promessas de campanha, a contratação de um executivo de futebol veio somente com a disputa em andamento do Paulista. A chegada de Fabinho Soldado melhorou os protocolos internos, especialmente no mercado da bola, segundo fontes do clube. O auge da turbulência veio no caso Lucas Veríssimo. O zagueiro trabalhou toda a pré-temporada como titular de Mano Menezes, mas na véspera da estreia contra o Guarani deixou o Corinthians. Houve troca de acusações entre o defensor e a nova gestão sobre a culpabilidade pela saída do atleta, peça fundamental desde o ano passado. O fato, porém, é que o Timão perdeu o melhor zagueiro um dia antes de iniciar a campanha.
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Em meio ao mercado, o Timão ainda encarou um imbróglio para trazer Matheus França. O lateral-direito chegou a participar do treino aberto no Parque São Jorge, porém retornou ao Flamengo com divergências na negociação. O Corinthians, posteriormente, resolveu as diferenças e trouxe o ala. A gestão Augusto Melo ainda precisou lidar com um problema interno pesado durante a competição: Matías Rojas. Ainda no fim do ano passado, nos dias derradeiros da gestão Duilio Monteiro Alves, o meia cogitou ir à Fifa para romper contrato. A atual gestão fez um acordo, mas não cumpriu com o combinado em fevereiro e viu Rojas deixar o clube às vésperas do duelo contra o Santo André. O meia não vai jogar mais pelo Timão, e a diretoria deve neste início de semana acelerar a conversa para chegar a um consenso sobre a rescisão de contrato. O compromisso do camisa 10 vale até o meio de 2027.
Choque de remodelação A promessa de Augusto Melo ao vencer a eleição era promover um choque de gestão. A remodelação do elenco de futebol profissional foi grande, mas feita de maneira paliativa, o que prejudicou diretamente a participação do Corinthians no Paulistão. Nas primeiras rodadas, Mano Menezes precisou contar com muitos garotos das categorias de base para reforçar o banco de reservas, como o meio-campista Yago, o zagueiro Rafael e o lateral Guilherme. O elenco sofreu com limitação de peças até quase o fim da fase de grupos, quando António Oliveira já estava no comando. Na virada do ano, mais de dez atletas saíram; entre eles, Renato Augusto, Gil, Giuliano, Cantillo e o jovem Pedro. A temporada ainda começou com Rafael Ramos, recentemente negociado com o Ceará, e Matheus Bidu fora dos planos. Portanto, um elenco com poucas peças de reposição até a diretoria fechar com todos os dez reforços que atualmente fazem parte do grupo de atletas. O último apresentado, Igor Coronado, estreou somente na partida do último sábado contra o Santo André. Tanto Mano Menezes quanto António Oliveira encararam uma situação que popularmente poderia ser exemplificada com os “pneus do carro sendo trocados em movimento”.
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Caso Garro Neste quesito de reformulação de elenco, o caso de Rodrigo Garro merece uma menção à parte. Anunciado na posse de Augusto Melo, em 2 de janeiro, o argentino só estreou pelo Corinthians em 7 de fevereiro, na metade da fase de grupos do Paulistão. O argentino treinava normalmente no CT Joaquim Grava enquanto a diretoria travava uma disputa com o Talleres, clube argentino que negociou o meia por US$ 7 milhões (R$ 34 mi, segundo cotação atual). Em 24 de janeiro, o Corinthians pagou US$ 4 milhões (cerca de R$ 20 milhões), referentes à primeira de três parcelas e aos custos adicionais da operação. Parte do valor, no entanto, teve o abatimento de impostos. O clube argentino assegurou que o combinado era o pagamento do valor líquido, o que aumentaria a transferência. O embate atrasou o envio das documentações de Garro em mais de um mês e prejudicou o início de campanha, ainda mais pelo impacto do meia no time. Garro estreou na derrota para o Santos, mas ajudou na reação corintiana na temporada. Foram sete jogos com argentino em campo nos quais o Timão venceu quatro e empatou dois. A outra derrota da equipe foi diante da Ponte Preta.
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Correção de rota tardia O Corinthians teve um início muito abaixo no Campeonato Paulista. Derrotas para Ituano, que só venceu o Timão no estadual; São Bernardo, próximo rival na Copa do Brasil; e Novorizontino, em casa, prejudicaram completamente o andamento da equipe na competição. Ainda houve o peso histórico do tabu quebrado pelo São Paulo, que venceu pela primeira vez na arena. Precisaram quatro derrotas seguidas no Estadual para a diretoria decidir pela saída de Mano Menezes, que já viveu um 2023 com uma equipe de desempenho abaixo do esperado, como na goleada sofrida para o Bahia na Neo Química Arena. A correção de rota viria com Márcio Zanardi, primeira opção da diretoria para assumir o cargo de treinador. Contudo, o técnico do São Bernardo não poderia dirigir o Corinthians no Paulistão, o que obrigou Augusto Melo e companhia a procurar novas opções. Neste meio tempo, o Corinthians foi com um interino (Thiago Kosloski, que saiu do clube) para o clássico contra o Santos. A derrota na Vila Belmiro, quinto resultado negativo seguido, praticamente sepultava as chances de classificação para o mata-mata. Veio António Oliveira, o time melhorou, mas não obteve resultados suficientes para conseguir contornar o péssimo início.
Vacilo final António Oliveira e o Corinthians reforçado teriam uma missão complicadíssima pela frente. Em seis rodadas, praticamente um aproveitamento perfeito dos pontos levaria a equipe, que brigava contra o rebaixamento, para a fase decisiva da competição. A queda com uma rodada de antecipação teve um vacilo final do elenco: a derrota em casa para a Ponte Preta, diante de mais de 40 mil pessoas na Neo Química Arena. Em uma partida na qual o Corinthians empilhou chances e fatalmente sairia com a vitória se apresentasse maior eficiência no ataque, o Timão viu a distância para Inter de Limeira e Mirassol se tornar praticamente inalcançável. O Corinthians precisava vencer o Santo André e que os dois times do interior não vencessem mais na competição. A Inter, ainda no sábado, bateu o Ituano, que só venceu o Timão no torneio, e fez o maior campeão estadual dar adeus com uma rodada de antecedência.
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