Adversário do Corinthians no Paulistão, Inter tem "lei do ex" e folha quase 30 vezes menor
Clube de Limeira volta a disputar fase decisiva do Paulistão depois de 35 anos; Enrico Ambrogini, CEO do Leão, vê classificação como a "coroação de um trabalho de médio a longo prazo"
Campeã paulista em 1986, a Inter de Limeira volta a disputar uma fase decisiva do estadual depois de 35 anos - a última vez foi justamente quando levantou o troféu. A classificação para enfrentar o Corinthians, nesta terça-feira, às 16h, em Itaquera, consolida a reconstrução do clube no cenário estadual.
Foram 14 anos longe da primeira divisão até 2020, e agora, pela segunda edição consecutiva na elite, a Inter consegue dar um passo além, com um projeto que leva em conta a realidade do clube, sem loucuras administrativas ou aventuras financeiras. O time avançou em segundo no Grupo A, com 18 pontos, e teve a sétima melhor campanha no geral.
"A classificação é a coroação do início de um trabalho de médio a longo prazo. Estamos plantando as sementes necessárias e já tivemos um feito incrível como avançar às quartas de final do Paulista de forma antecipada. Fizemos até aqui as coisas no tempo certo, no valor certo", disse o CEO do clube, Enrico Ambrogini.
A folha salarial da Inter, por exemplo, é de R$ 354 mil, o que representa 3,5% dos gastos mensais do Corinthians com o elenco - de aproximadamente R$ 10 milhões. É quase 30 vezes menor.
Apesar do orçamento enxuto, o grupo conta com jogadores experientes, como o rodado atacante Roger, com uma passagem tímida pelo Corinthians entre o fim de 2018 e o início de 2019. Foram cinco gols em 26 jogos.
Contra o Timão, aliás, ele completa a lista de ex-clubes que Roger reencontrou no Paulistão. Antes, enfrentou São Paulo, RB Bragantino, Ponte Preta, Palmeiras e Guarani. A "lei do ex" entrou em ação apenas contra a Macaca.
Além de Roger, atualmente com 36 anos, o elenco da Inter conta com outros seis conhecidos (ou nem tanto assim) da Fiel: o goleiro Rafael Pin, o zagueiro/lateral-direito Lucas Balardin, o lateral-direito Matheus Alexandre, os volantes Thiaguinho e Ferrugem e o atacante Bruno Xavier.
Pin e Lucas Balardin atuaram nas categorias de base do Corinthians. O goleiro ficou de 2010 a 2014, enquanto Balardin defendeu o clube dos 5 aos 21 anos, sem chances entre os profissionais.
Matheus Alexandre e Thiaguinho ainda pertencem ao Corinthians e estão emprestados à Inter, tanto que o Timão vetou a participação deles nas quartas de final.
Já Ferrugem, com oito partidas pelo clube em 2014, ainda sequer estreou pela Inter no Paulistão devido a problemas físicas. Bruno Xavier, por sua vez, disputou apenas um amistoso com a camisa do Timão, em 2018.
Dos sete, Balardin, como substituto de Matheus Alexandre, Bruno Xavier e Roger devem ser titulares nesta terça-feira.
Reestruturação extracampo
Um dos responsáveis pela reestruturação da Inter é Enrico Ambrogini, CEO do clube desde maio de 2019. A mudança começou de fora para dentro de campo.
"Era preciso acertar uma série de processos em pouco tempo, já pensando no retorno ao grupo de elite do Campeonato Paulista do ano seguinte. Eu cheguei e pude iniciar um projeto estratégico de readequação e mudanças em diversas frentes do clube. Priorizamos a manutenção das contas em dia e o pagamento de dívidas. Eram, por exemplo, sete milhões só de dívidas trabalhistas, e hoje já resolvemos praticamente metade disso".
Para Enrico, a receita para se organizar financeiramente passa por uma política pés no chão.
"Tratar todos de forma justa, respeitar o orçamento sempre e, mesmo que pague pouco, como é o nosso caso, sempre cumprir com as obrigações rigorosamente em dia. Quando possível, e fizemos isso algumas vezes, conseguimos até antecipar pagamento de salários e premiações. Temos um orçamento e respeitamos ele para conseguirmos planejar a curto, médio e longo prazo. Dividimos as receitas e, o que tiver de dinheiro, acertamos não só a folha salarial, mas também pagamentos de dívidas e investimentos em infraestrutura".
Em relação à infraestrutura, a Inter pretende inaugurar a fase 1 do seu CT, orçada em R$ 900 mil, daqui a 50 dias, com três campos (um principal e dois auxiliares), vestiário principal e refeitório, além do fechamento de toda a área.
O clube espera agora o tempo de revitalização do gramado para realizar o primeiro treino no local.
O projeto total tem três fases e também inclui um edifício principal com alojamento para 30 quartos, prédio de concentração, academia e estacionamento, com custo estimado em R$ 5,4 milhões no geral.
A Inter não tem um local próprio para treinamento. O time usa o Estádio Major Levy Sobrinho e às vezes outros campos da cidade.
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