23/6/2019 07:49

Em entrevista Coelho fala sobre sub-20 e sub-23 do Corinthians

Invicto há 11 jogos no Paulista, treinador quer conversa franca com time B do Timão para não tirar chance dos garotos formados no clube

Em entrevista Coelho fala sobre sub-20 e sub-23 do Corinthians
Desde seu retorno ao Corinthians, em abril de 2019, Dyego Coelho, técnico do sub-20, ainda não perdeu. No Campeonato Paulista, são dez vitórias em 11 jogos (não esteve na estreia no torneio). Satisfeito com os números, o treinador espera a colaboração das duas categorias de cima, o sub-23 e o profissional, para brigar por títulos ainda nesta temporada.

Do elenco profissional, o ex-lateral-direito pretende usar o quarteto Caetano, Lucas Piton, Roni e Janderson em jogos importantes, em acordo já traçado com o técnico Fábio Carille.

Do sub-23, quer apenas que seja respeitado o combinado: jogadores com idade e ano de nascimento correspondentes ao sub-20 não serão levados para o time principal.

– Existe uma série de situações complexas. As comissões precisam interagir ainda mais. Diretoria, também. Tudo para que não tenhamos problemas e para que o clube seja lembrado sempre em primeiro lugar – afirmou Coelho, em entrevista ao Globoesporte.com, questionado sobre a possibilidade da categoria recém-criada tirar espaço dos meninos do sub-20 entre os profissionais.

Os números de Coelho desde seu retorno ao Corinthians, em abril:

12 jogos
10 vitórias
2 empates
24 gols pró
8 gols sofridos

Ex-auxiliar-técnico de Osmar Loss tanto no Corinthians quanto no Guarani, Coelho assumiu o sub-20 em partida contra o Cruzeiro, pelas quartas de final da Copa do Brasil. Com o empate em 0 a 0, acabou eliminado do torneio, já que o Timãozinho havia perdido na ida por 2 a 0, ainda sob o comando de Eduardo Barroca, atual técnico do Botafogo.

Leia a entrevista exclusiva com o técnico Dyego Coelho:
Globoesporte.com: Como foi o contato para voltar ao Corinthians?
Dyego Coelho: – Com a saída do (Eduardo) Barroca, o pessoal do Corinthians me ligou imediatamente. Aí, não temos nem o que pensar, não é? A casa pede para voltar, você tem de voltar. Volta mais tranquilo, mais maduro, volta mais calejado das coisas que acontecem lá fora para trazer a realidade para dentro. Os meninos precisam entender que a realidade lá fora é complicada não só no profissional, mas na base também.

O que você encontrou quando voltou ao Corinthians? O sub-20 ficou defasado pelas saídas?
– Ficou bastante desfalcado porque perdemos acho que quatro ou cinco jogadores para o time profissional. Emprestaram alguns jogadores que faziam a diferença. De 11, perdemos seis ou sete, metade de um time. Na minha primeira passagem aqui tivemos que limpar bem o departamento porque tinha muito jogador. Atleta que não tinha condição nenhuma de estar aqui. Aí você acaba ganhando alguns inimigos, pessoas que conheceu há bastante tempo. Não tem isso comigo.

– Jogador que não tem condições para estar no Corinthians não vai estar, principalmente no sub-20. Minha primeira passagem foi um pouco conturbada por causa dessa situações. Muitos não tinham condições. A limpa de hoje começou ali, tínhamos mais de 60 atletas. Hoje, volto com o grupo mais enxuto.
Alguns foram para o time profissional...
– Não digo que estou perdendo jogadores, estamos formando, méritos do departamento. Encontrei o departamento e o clube muito mais organizados, sem esse problema. Elenco enxuto. Organização grande na parte administrativa. Volto com o ambiente mais tranquilo.

Como evitar a chegada desse tipo de jogador?
– A captação está melhorando e vai melhorar mais. Difícil receber jogadores que nunca jogaram. Há peneiras, também. Nosso trabalho é facilitado. A gente não pega mais aquele jogador que nunca jogou em lugar nenhum e vem fazer teste no Corinthians. Isso acabou. Se eles querem fazer teste, vão na peneira. A peneira vai filtrar e trazer para nós. Isso fez a gente melhorar.

Qual a principal cobrança que faz aos garotos?
– Cobro muito mesmo, principalmente comportamento fora de campo. Não digo que sou carrasco. Mas me preocupo no comportamento com a família, com os companheiros, situações que precisam entender que tem hora para tudo. São meninos. Quando eu tinha essa idade, não ganhava esse dinheiro. Eles sabem que a cobrança é para o bem. Eles entendem, gostam disso.

Consegue fazer essa cobrança de maneira individualizada?
– Passa pela capacidade da comissão e do treinador de saber ler o perfil do jogador. Não posso chegar aqui e pegar um jogador gritando. Corinthians e Grêmio há alguns anos, não lembro ao certo, mas o Fabrício Oya estava me irritando demais no campo. E eu já conheço ele. Ele é genial, fora de série, mas aquele jogo ele estava abaixo. Cheguei no vestiário e fui dentro do Fabrício. Para ele, não pode ser assim. Com o japonês é ao contrário. É preciso chamá-lo do lado e cobrar de uma maneira mais restrita. Que é diferente do Ronald (zagueiro sub-20). Eu posso ir para dentro do Ronald que vai pegar a bola e fazer tudo de novo com a maior personalidade do mundo.


– Você precisa ler os jogadores. Vejo hoje o Fabrício fazendo gol na Série B e me dá uma satisfação incrível. E vejo o Ronald se sobressaindo em uma categoria difícil. São jogadores que têm perfil diferentes, mas são importantes e jogam bola demais. A gente precisa ler isso. Não dá para ser igual com todos. É um grande erro. Você precisa tratá-los de maneira diferente.

Por que os meninos têm poucas chances no time principal ou demoram para serem usados?
– O Corinthians é mais complicado em questão de expor a base, porque é mais difícil adaptar. Estamos num gigante, a aceitação pode ser maior ou menor que outros clubes, mas é complicado para o jogador. Ele sente. Chegar à Arena e jogar não é fácil. O trabalho do Carille e comissão é muito bom, entrar na boa facilita. Já tivemos situações aqui no Corinthians que o cara entrou na fogueira e a maioria não teve continuidade no clube. É preciso ter cautela, paciência.

É melhor para quem sobe ser emprestado a clube de menor expressão?
– O jogador pergunta para mim o que fazer e eu digo que quem quer ser jogador de alto nível precisa estar jogando.

Nesse sentido, o Pedrinho foi bastante insistente. O Carille foi bastante questionado e cobrado para colocá-lo em campo...
– Todo mundo sabe do talento do Pedrinho, mas não dá para colocar de imediato. O Corinthians tem grandes jogadores na posição do Pedrinho, e ele precisa respeitar esses jogadores. O Pedrinho não fez nada no futebol e lá tem jogadores consagrados. As coisas precisam ser com mais calma, não é fácil para o técnico. E tem dado certo, porque o Pedrinho é fora de série quando entra.

Para você, qual o ideal entre a quantidade de jogadores formados desde o começo no Corinthians e os que vêm de fora para o sub-20?
– Têm situações que a gente não pode fugir. Têm jogadores que realmente vão chegar no sub-20, fora de série, alguém que você viu jogar. Mas tem uma porcentagem. O clube tem que formar desde nove ou dez anos. E a maioria dos jogadores. No mínimo, de 28 tem que ter 12 jogadores formados no clube. Essa é a minha opinião. O sub-20 já é considerado profissional. Então se você tem uma carência aqui ou ali você pode ir lá buscar. Mas 50% do elenco tem que ser formado no clube. É um trabalho lento e a gente precisa melhorar muito. Corinthians está no caminho certo.

Você entende que o sub-20 não é mais uma categoria de formação?
– O jogador chegando ao sub-20 com qualidade de trabalho desde o sub-10, com oito anos de formação, esse atleta tem de estar pronto no sub-20. Não pode chegar aqui no sub-20 e querer fazer coisas do sub-14 ou 11. Temos um sub-23 que pode ajudar. Mas essa é a grande diferença. Perde-se tempo com isso de fazer o básico no sub-20. O Corinthians está caminhando bem para isso. Espero que daqui a oito ou dez anos, a gente tenha uma porcentagem maior de jogadores bem formados dentro do clube.

O sub-23 não pode atrapalhar?
– As coisas são bem conversadas. São bem elaboradas. Não vejo sub-23 atrapalhando. O combinado não sai caro. Vai ser um alicerce, uma ajuda para o profissional. Jogador sub-20 fica no sub-20. Claro que se o presidente falar algo diferente disso, sou funcionário do clube... Mas a intenção é deixar o jogador de sub-20 aqui. O Brasileiro sub-20 é muito pesado. Alto nível. Então, acho que o jogador dessa idade tem de estar nesse campeonato. Mas, se falarem para mandar, vou ter que mandar. Já tem alguns no sub-23 com idade de 20, mas vieram de fora. Não tenho entrada lá, não sei o que acontece.

– Torço para que dê certo, porque é o Corinthians que está ali, mas não sei o que acontece, o que rola. Já fugiu da minha alçada, espero que o clube ganhe com isso.
Você se sente pressionado por resultados?
– Pressão é uma palavra que não soa bem. Mas se você está num clube grande e vive aqui desde os oito anos de idade, isso já é normal. Não vamos enganar ninguém, tem que formar, mas o Corinthians precisa ganhar. Eu passo isso para eles, pressão sempre vai existir aqui dentro. Tem que ser forte mentalmente. E é isso que trabalho com eles. Pressão hoje para mim é quando meu pai voltava para casa sem o pão e o leite, minha mãe ia para cima dele, tinha que dar comida para os três filhos. Essa é pressão forte. A pressão do futebol é por vitórias, por revelar alguém, lá em cima no profissional. Mas temos que estar com as pessoas certas do lado para não afetar tanto.

O elenco já está pronto?
– Time não está pronto. Mas temos uma série invicta no Paulista com jogadores que confio demais. Alguns podem falar ou pensar que eles não vão aguentar, que foram não sei quantos para o profissional e dois emprestados, mas falo para eles que não estão aqui à toa. Falo que confio neles e tenho prazer de acordar e vir trabalhar com eles. Eu estou muito feliz, mas não satisfeito porque temos que melhorar. Time em formação, vão chegar mais reforços. Além da descida dos meninos que estão no profissional. Mais essa bela campanha.

– O torcedor do Corinthians pode ter certeza de que brigar a gente vai (por títulos). Vamos incomodar.
Quem do profissional vai descer para jogar na base?
– É uma situação que já foi conversada. Em jogos grandes, eles vão descer para ajudar. Para dar minutagem para eles, dar jogo para eles. Se isso se concretizar, vai me ajudar bastante. Posso contar com Caetano, Piton, Roni e Janderson. O Carlos teria idade, mas não posso contar. É uma situação difícil, eu queria, mas é bom demais ele estar lá. É um monstro, cabeça fantástica, vai ser um grande lateral. Já falei para ele se impor mais. Mas aos poucos ele vai pegando o jeito.

Quantos reforços ainda espera que cheguem?
– Já chegaram Wallisson, Ramires... São jogadores que estavam no banco de dados há bastante tempo, mas algumas situações de posição para chegar. Mas não vai fugir muito de quatro ou cinco atletas. Porque tenho grande jogadores no elenco. E para chegar e jogar, precisa jogar mais do que os que estão aqui. Temos de ter bastante paciência com isso.

Existe uma integração satisfatória entre a base e o profissional?

– Aqui tem conversa, só não é divulgado. O Carille é fantástico nisso. Coloca auxiliares para ver o jogo. Vilson e Sheik estão sempre aqui conosco. É uma integração fantástica.
– A gente aqui na base só precisa entender como funciona o profissional, eles não precisam falar, mas ele chegam e dão as dicas de como querem jogador. Há uns anos, como o Corinthians vem formando a linha defensiva de uma forma específica, o meio-campo, atacantes... Temos sempre essa conversa, precisamos entender que os laterais são mais defensivos do que ofensivos. Não desmontar uma linha de quatro. Procuramos isso no jogador para chegar bem no profissional.

Você tem um perfil e ideias parecidas com as do Carille?

– O Carille tem um perfil defensivo muito forte. Na minha opinião, é o melhor do país nessa situação. Então, você aprende muito vendo os treinos do Carille, conversando com ele. É uma aula sentar com ele e trocar ideia.

– O meu perfil é agressivo demais. Gosto de marcar lá em cima. Gosto que nossas ações ofensivas terminem em finalização para não termos perigo de transição do adversário. Vou mais pelo perfil do clube, pelo que o clube pede.
Com quem você toma as decisões aqui dentro?

– Rodrigo, André e Leandro*. Sento bastante com ele. Eu tenho a última palavra, mas sai cada arranca rabo. Se eu falar que a grama está preta e eles concordarem é ridículo. Se não, não vou crescer. É muito bom dar treino bom. Temos tudo à disposição aqui. Isso aqui é uma potência, só precisa aproveitar. Aceitação no Santos é maior. Dois jogos mal aqui, o moleque não serve mais.

*A comissão técnica do sub-20 é formada por Leandro Spinola (supervisor), Rodrigo Leitão (auxiliar), André Galbe (preparador físico), Luiz Fernando dos Santos (preparador de goleiros), Leandro Gomes (fisioterapeuta) e Yan Viegas (analista de desempenho).


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6435 visitas - Fonte: Globoesporte.com

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Fabiano Abp     

Deveriam falar menos, agir mais.... tanto staff pra daqui a pouco subilos pra emprestar pra times do interior disputar paulistão e depois sumirem como ja houve com muitos. Lamentável

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