23/2/2022 10:54

[ANÁLISE] O que esperar do estilo tático de Vítor Pereira, próximo do Corinthians

Português de 53 anos gosta de moldar o estilo de jogo aos jogadores, usa o 4-3-3 na maioria dos times e gosta de times diretos e verticais

[ANÁLISE] O que esperar do estilo tático de Vítor Pereira, próximo do Corinthians
Ao que tudo indica, a novela acabou: o Corinthians está perto de um acerto com o treinador português Vitor Pereira. Ele deve ser oficializado nesta quarta (23) após uma busca que durou 20 dias e esbarrou na recusa de Luís Castro, entre outros nomes.



Como grande parte dos treinadores portugueses no mundo, Vítor Pereira é um treinador que valoriza o estudo. Passou por todas as etapas de formação do curso UEFA em Portugal e começou a carreira na base, no sub-15 da Padroense e depois do Porto. Após passagens sem sucesso por clubes de divisões inferiores, se tornou treinador-adjunto de André Villas-Boas em 2010 e depois assumiu a equipe principal em 2013.


Como boa parte dos treinadores portugueses, Pereira bebe na escola do Porto e é adepto da periodização tática. De forma simples, essa metodologia de treinamentos que parte do princípio que o jogador deve sempre treinar situações de jogo com a bola, sem separar a parte física da parte técnica ou tática. Por isso, os trabalhos de Vítor costumam ser intensos e em poucos jogos já é possível ver sua cara no time.


Esquemas entre o 4-3-3 e o 3-4-3, o que ele chama de jogo "transformer"

Com trabalhos em seis países, o treinador já usou diversos esquemas táticos, e tem preferência pelo 4-3-3 - que marcou a passagem pelo Porto, quando deixou Jorge Jesus de joelhos em 2013 - e pelo 3-4-3, esquema usado muito no 1860 München, da Alemanha, e recentemente no Fenerbahçe. Em entrevista ao Mais Futebol, ele disse que acredita que estruturas de jogo são mutáveis porque os espaços estão cada vez mais fechados.


"Na China, jogávamos em 3-4-3, por vezes em 4-3-3. Apelidei esta nova estrutura de estrutura transformer. O que se está a perceber é que há uma tendência para vivermos num futebol com as linhas mais coordenadas e os espaços mais reduzidos. Perante isso temos de reinventar-nos do ponto de vista ofensivo. Se não conseguirmos desbloquear determinados comportamentos defensivos, então temos de ir à procura de soluções, de nuances novas. Essas estruturas de largura total dão-nos a possibilidade de ter um trunfo estratégico."


No Shaghai SIPG, onde foi campeão chinês e quebrou e hegemonia do Guangzhou Evergrande, por onde passou Luiz Felipe Scolari, Pereira teve seu trabalho mais longevo. Foram 3 temporadas mudando o time, em especial a posição de alguns jogadores brasileiros: Oscar foi recuado para volante, Hulk jogou de ponta e mais centralizado e Elkeson era um 9 móvel, que saía da área toda hora.


Vítor é um treinador muito flexível. Ele não tem um esquema, uma ideia de jogo. Ele busca se adaptar ao elenco que tem, mas não deixa de lado uma identidade: um jogo direto e rápido, procurando o tempo todo o gol. Nesse sentido, e numa comparação bem subjetiva, ele está mais para Abel Ferreira do que Paulo Sousa.


Na defesa: compactação e marcação num bloco médio

Para essa análise, usamos os últimos três trabalhos do técnico. Além do uso de variados esquemas, é possível notar que Vítor prioriza uma organização defensiva na qual o time esteja sempre compacto, com duas linhas. No Shanghai, o time jogava num 4-3-3, mas sem a bola, se fechava com duas linhas de quatro.



O comportamento da última linha é uma constante com Vítor. Laterais e zagueiros sempre no mesmo setor, prontos para correr para frente ou atrás. O técnico não é tão adepto daquela marcação pressão, da correria na saída de bola do adversário. Ele prefere esperar no meio-campo, sem estar todo atrás, para roubar a bola e sair em velocidade.


Com a bola, campo aberto e busca pelos espaços - sempre de forma rápida

Os times de Vítor se organizam para valorizar a bola e construir jogo de lá de trás. Os goleiros são bem participativos, e quando o time joga com dois zagueiros, um meio-campista tem que recuar e formar uma linha de três, a chamada saída de três. Ou os três zagueiros, como no exemplo abaixo, fazem esse movimento. Isso com o objetivo de abrir o campo com os dois laterais e deixar o ataque mais próximo da área



Tá aí um diferencial de Vítor: essa estrutura não é fixa! Ela se molda no próprio jogo e conforme o elenco. No Fenerbahce, os laterais não ficavam o tempo todo abertos. Um deles se aproximava da bola e dava apoio para jogar mais curto. No Shanghai, muitas vezes Oscar saía lá de trás, ou nem tinha saída de três. Tudo varia demais, mas há uma intenção: criar espaço na defesa adversária e aproveitar com velocidade.


Sem toque para trás, sem posse de bola em "u": Vítor é de futebol direto, rápido.

No Shanghai, ele deixava Hulk mais aberto e os laterais passavam por dentro, como Fagner costumava fazer com Tite. Isso para, em três toques, a bola chegar na área.



No Fehnerbahce, vários gols eram feitos de reposição rápida do goleiro, com muitos atacantes atacando espaços: correndo nos setores vazios para receber a bola na frente, e assim, matar dois coelhos com uma cajadada só: aproveita que o adversário está desorganizado e chega logo na área. Isso não tem nada a ver com retranca ou futebol reativo. É só uma maneira diferente de construir jogo que não seja na cadência.



"Temos de criar dinâmicas que nos permitam equilibrar os espaços e os momentos, também em função do adversário. Por isso, para mim, as estruturas serão ferramentas estratégicas para lidar com o jogo.. Como vamos criando organizações defensivas mais apuradas, podemos aparecer na outra área com opções inesperadas. Com jogadores que ninguém espera. Podemos formar jogadores capazes de desempenhar mais de uma função. Um lateral direito pode treinar e jogar a ala direito, central do lado direito, a médio-centro sobre a direita", Vitor Pereira.



Desafios grandes em ano de Libertadores

De volta à Libertadores, o Corinthians tem grandes desafios pela frente. Vítor terá que se repensar como treinador diante do calendário brasileiro. Também precisará encaixar um elenco que é carente de opções na frente da zaga e costuma ser mais lento ao perder a bola. Será que vem centroavante? E se Vítor não conseguir impor resultados de casa, a torcida terá paciência?


Perguntas a serem respondidas em mais um clube que aposta num treinador português. Agora é com Vítor Pereira.

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