Alívio pelo resultado (e pela forma como ele foi obtido), alerta pelo desempenho. Esse é o saldo do Dérbi para o Corinthians , que saiu no lucro com o empate em 1 a 1 com o Palmeiras , no Allianz Parque. Há um gosto especial para o torcedor corintiano, sem dúvidas. Pelo pênalti defendido, pela provocação de Yuri na comemoração, pelo segundo tempo com um a menos... Mas também há pontos de atenção às vésperas da estreia na Libertadores. Engolido pelo rival no primeiro tempo, o Corinthians conseguiu corrigir a rota no intervalo, com ajustes táticos de Ramón e Emiliano Díaz, mas voltou a levar sufoco após a expulsão de Yuri Alberto, tão infantil quanto contestável, aos 16 minutos da etapa final. Para o segundo clássico no ano, a comissão técnica alvinegra manteve o esquema tático fixado justamente depois do último Dérbi, em novembro de 2024. O 4-4-2 com um losango no meio vinha funcionando muito bem, mas se mostrou falho diante do Palmeiras. Isso porque Abel Ferreira surpreendeu e armou a equipe dele no 3-5-2, povoando o meio de campo para levar vantagem no setor.

Ramón se preocupava com Estêvão e optou por Hugo em vez de Matheus Bidu para ganhar maior combatividade pelo lado esquerdo da defesa. Até ajudou, mas foi como usar um guarda-chuva para se proteger na enchente. O Corinthians foi dominado no primeiro tempo porque o Palmeiras tinha muito espaço para criar, graças à maioria de jogadores no meio de campo e também à pouca pressão exercida pelo Timão para recuperar a bola. Faltou "morder" mais, diminuir os espaços do rival. Além disso, os donos da casa conseguiam explorar espaços nas costas da zaga alvinegra, como no lance do gol, em que Mauricio ganhou na corrida de André Ramalho e Cacá (ambos em jornada ruim, especialmente o primeiro). Com a bola as coisas também iam mal. O primeiro chute veio só aos 24, após uma rara trama entre Igor Coronado, Memphis e Yuri Alberto. Ramón identificou os problemas e, como solução, decidiu espelhar a formação do Palmeiras.

O Corinthians voltou do intervalo com o zagueiro João Pedro Tchoca no lugar de Alex Santana, montando uma linha de cinco na defesa quando o time não tinha a bola. Com a posse, a ideia era que os laterais apoiassem mais (até por isso Matheus Bidu entrou aos 15). A equipe ficou menos vulnerável, e clássico passou a ser mais equilibrado. Porém, as coisas voltaram a ficar favoráveis para o lado verde do Dérbi quando Yuri Alberto, que já tinha cartão amarelo por chutar a bandeirinha de escanteio na comemoração do gol, simulou uma falta de forma bisonha.

Com 10 contra 11, o Palmeiras voltou a empurrar o Corinthians para trás e exigir grandes defesas de Hugo Souza. Foram 22 finalizações dos mandantes, que ainda tiveram bola na trave e pênalti nos acréscimos do segundo tempo. O camisa 1 defendeu e se tornou de vez o grande personagem do jogo.

Estatísticas - Palmeiras x Corinthians
Posse de bola: 55% x 45%
Finalizações: 22 x 5
Finalizações no alvo: 9 x 4
Passes completos: 529 x 302
Passes incompletos: 74 x 48
Desarmes: 18 x 18
Faltas cometidas: 6 x 11
Impedimentos: 1 x 1
Escanteios: 9 x 4

O Corinthians segue sem vencer clássicos em 2025, mas desta vez deixou impressão ainda pior do que no Majestoso. Contra o São Paulo, apesar da derrota por 3 a 1, o time ainda teve momentos de superioridade e ofereceu maior resistência ao rival. Já o Dérbi foi uma partida de uma equipe só, que abusou das chances perdidas. Apesar disso, o saldo do Corinthians na temporada é positivo. As análises não podem ignorar o fato de a pré-temporada ter começado há menos de um mês, nem as ausências de dois dos principais jogadores da equipe, Garro e Breno Bidon. Ainda assim, o empate desta quinta-feira deixa um recado claro que é preciso entregar muito mais nos jogos grandes. O próximo é em menos de uma semana, quarta que vem, contra o Santos de Neymar, em Itaquera.