O Corinthians enfrenta a sua pior sequência no Campeonato Brasileiro (três partidas sem vencer) e possui a menor vantagem na liderança desde julho (seis pontos para o vice-líder). Mas esqueça os resultados, olhe apenas o desempenho, como o técnico Fábio Carille sempre pregou...



É aí que está o problema, a razão para o torcedor do Timão se preocupar, e os palmeirenses e santistas sonharem.

Antes de prosseguir na análise, parênteses: o Corinthians foi prejudicado pela arbitragem na derrota para o Botafogo, é fato, em pênalti não marcado sobre Jô no fim do jogo. Como já havia sido diante de Coritiba, Flamengo e em outros jogos deste Brasileirão.

O clube tem o direito de protestar, mas se achar que esse foi o único motivo para a derrota no Nilton Santos muito provavelmente voltará a tropeçar nas próximas partidas.

Feita a observação, voltemos... Qual torcedor corintiano, se questionado há cinco meses, não gostaria de ter seis pontos de vantagem na liderança a oito rodadas do fim? A diferença para os perseguidores é ótima, mas a equipe que criou tal gordura não existe mais. As principais virtudes do Timão no primeiro turno desapareceram.

Carille sabe disso, tanto é que pela primeira vez na competição mexeu na equipe que considerava ser a ideal. Diante do Botafogo, Romero perdeu a condição de titular para Marquinhos Gabriel, numa tentativa do técnico corintiano de melhorar o desempenho ofensivo do time.

Antes de a bola rolar, Carille explicou o que esperava ganhar com o meia no lugar do paraguaio:

infiltração;
jogadas de fundo;
lances individuais (dribles);
profundidade.

De fato, Marquinhos ofereceu isso, sendo o melhor do Timão no primeiro tempo, mas não foi suficiente.

É impressionante como o Corinthians tem cometido erros bobos, sobretudo em passes. Jogadores que antes eram praticamente impecáveis, como Fagner e Jadson, erram toques a dois metros de distância dos companheiros.

O camisa 10 novamente esteve apagadíssimo e completou o sétimo jogo consecutivo sendo substituído - em três ele saiu no intervalo, como foi contra o Bota.

Até houve momentos do jogo da última segunda em que o Timão conseguiu pôr a bola no chão, trocar passes, fazer triangulações... Só que faltou inspiração/concentração para concluir, como na jogada .

A dificuldade na criação é compensada pela fase absurda de Jô. No segundo turno, só ele e Clayson marcaram para o clube, cada um quatro vezes.

Se na frente a equipe vai mal, atrás é ainda mais preocupante. Durante todo o primeiro turno foram apenas nove gols sofridos. Em dez do returno, 11.

A recomposição dos jogadores de meio e ataque parece ser mais lenta. Diante do Botafogo, o Corinthians levou contra-ataques que não são habituais para a equipe. Ou pelo menos não eram...

Mas o principal defeito está nas bolas aéreas. Mais da metade dos gols sofridos no Brasileirão saiu em jogadas do tipo, inclusive os dois do Botafogo, ambos após escanteios. Desatenção, erros individuais, falta de comunicação...

É difícil apontar um único motivo para isso. Só não é possível alegar falta de treinamento. Em toda véspera de jogo Carille ensaia à exaustão o posicionamento em lances assim.

Por falar em treinamento, é assim que o comandante corintiano promete tentar resolver os problemas corintianos nos próximos dias. Está certo, embora seja inegável que o aspecto emocional terá enorme importância nesta reta final.

Será preciso ter cabeça fria. E, claro, voltar a jogar bola.