Às vésperas de um novo clássico contra o Palmeiras, neste domingo, na arena em Itaquera, o Corinthians completa um período com incertezas demais para um time que parecia pronto para ganhar todos os campeonatos.
Há exatos 40 dias, o Timão era eliminado do Campeonato Paulista pelo mesmo Palmeiras. Desde então, o panorama mudou muito no CT Joaquim Grava.
A queda na Taça Libertadores dias depois, para o Guaraní, do Paraguai, ajudou a agravar o cenário. O Corinthians pagou parte de suas dívidas, mas continua cheio de pendências com jogadores.
O clube perdeu Guerrero e Emerson Sheik, dois de seus principais jogadores. E também teve de lidar com problemas internos na diretoria – Sergio Janikian foi afastado.
O GloboEsporte.com listou dez fatos que abalaram o Corinthians nestes 40 dias. O clássico deste domingo é a chance de corrigir o rumo da temporada e fazer o torcedor voltar a sorrir com o time que encantou o Brasil nos primeiros meses de 2015.
PÊNALTIS
O abalo começou nos pênaltis, contra o Palmeiras, em uma semifinal de Campeonato Paulista. Àquela altura, o Timão já vivia dúvidas internas por seu desempenho recente dentro de campo. Depois de sair atrás, a equipe de Tite virou o duelo, sofreu o empate por 2 a 2 e decidiu tudo nos pênaltis. Elias e Petros perderam, Cássio não pegou uma cobrança sequer, e a derrota para o rival foi bastante sentida.
PRESENTE DE DEUS?
Três dias depois, o Corinthians tentava esquecer a eliminação para se recuperar diante do Guaraní, do Paraguai, pela Taça Libertadores. Em Assunção, o diretor de futebol Sergio Janikian disse ser um “presente de Deus” enfrentar o modesto clube paraguaio e fugir de rivais brasileiros e argentinos no torneio. O resultado? 2 a 0 Guaraní, e dificuldades enormes para o jogo de volta, na arena.
DESCONTROLE
O Corinthians entrou pilhado no jogo de volta e deixou a parte emocional superar a técnica e tática. Sem conseguir executar os movimentos pedidos por Tite, a equipe se enervou rapidamente e passou a jogar de forma mais ríspida. Fábio Santos e Jadson foram expulsos, e o Guaraní não teve dificuldades para confirmar sua classificação. Antes, Guerrero, o mesmo Fábio Santos, Emerson e Cássio tinham sido expulsos na temporada. O técnico sentiu que os problemas aumentavam.
CAIU EM ITAQUERA
O mesmo Guaraní foi o responsável por interromper uma série de 32 partidas sem derrotas do Timão em sua nova arena. Com um gol de Fernandez, nos acréscimos do segundo tempo, os paraguaios venceram por 1 a 0 e deixaram o clima ainda mais melancólico no adversário.
PROTESTOS
A queda na Libertadores deu início à onda de protestos isolados de torcedores. A maior das manifestações teve um grupo de dez corintianos na porta do estacionamento do CT Joaquim Grava. Corintianos ligados a uma organizada do clube levaram faixas com os dizeres "mercenários, ociosos,
energúmenos", entre outros xingamentos. Guerrero passou a ser um dos principais alvos da revolta dos torcedores.
O goleiro Cássio, que falhou no primeiro jogo contra o Guaraní, passou o treino todo sendo alvo de críticas.
CADÊ A GRANA?
O presidente Roberto de Andrade passou os primeiros meses de seu mandato buscando alternativas para gerar receitas e pagar as dívidas de premiações e direitos de imagem de vários jogadores, que chegavam a somar quase R$ 20 milhões. Com um empréstimo bancário, o Corinthians conseguiu honrar parte de seus compromissos.
No entanto, o volante Ralf, por exemplo, ainda tem quatro meses de atraso. Os jogadores, menos pacientes, começaram a adotar postura mais dura em entrevistas.
PRIMEIRO ADEUS
O histórico recente de Emerson no Corinthians indicava que ele não teria mesmo seu contrato renovado com o clube – o vínculo vence no dia 31 de julho. Após reuniões entre a diretoria e Tite, ficou definido que não valeria a pena oferecer um novo contrato ao atacante de 36 anos. Atrasos a treinos e uma postura displicente em alguns jogos fizeram o clube optar pelo fim do ciclo. Apesar de continuar treinando com o elenco, ele não estará em campo no Dérbi deste domingo. Emerson deixa o Corinthians como ídolo e autor dos dois gols que deram o primeiro título da Libertadores ao clube. Ainda há a possibilidade de um jogo de despedida no Brasileirão.
QUEDA NA DIRETORIA
Sergio Janikian não resistiu às declarações polêmicas e à desconfiança do elenco nos cerca de três meses em que esteve no cargo. Na sexta-feira passada, Roberto de Andrade anunciou a saída do diretor de futebol – um substituto ainda não está definido. Sem nenhuma experiência como dirigente esportivo, o economista ganhou o cargo e mergulhou em um mundo desconhecido. Apesar de sempre estar solícito às necessidades do grupo e não entrar em atrito com nenhum atleta, ele teve dificuldade para obter respeito. Caiu rapidamente.
LESÕES E CANSAÇO
Depois de um início de ano intenso e com jogos atrás de jogos, o Corinthians pregou. Vários jogadores sentiram o baque e atuaram abaixo da média justamente nas partidas decisivas do ano – entre os mata-matas de Paulistão e Libertadores. Renato Augusto voltou a sentir dores musculares, que tinham sumido em 2014. Elias, desgastado, rendeu muito pouco. Fagner também ficou abaixo da média. Guerrero contraiu dengue justamente perto das decisões. Departamentos médico e físico do Timão tiveram trabalho nos últimos 40 dias. Tite, porém, disse acreditar que a preparação foi a melhor possível e evitou a tese de que o Corinthians "virou o fio" muito cedo.
SEGUNDO ADEUS
O último ato dos 40 dias foi o anúncio da rescisão de contrato de Paolo Guerrero. Ele já não ficaria no clube após o fim do contrato, dia 15 de julho, mas o pronunciamento do gerente de futebol Edu Gaspar surpreendeu o próprio jogador.
Na visão da diretoria corintiana, o atacante não tinha mais a cabeça no Corinthians e já estava pensando no acerto com outro clube. O incrível gol perdido contra o Fluminense, no fim de semana, só reforçou a tese. Guerrero deixa o Corinthians sem nenhuma homenagem. Pouco para o herói do título mundial.