14/9/2015 07:45

Jogo a Jogo: certezas duram uma rodada na maluquice do Brasileirão

São Paulo, que apanhara feio do Santos, tem vitória mais expressiva em um fim de semana no qual Corinthians amplia vantagem na liderança para cinco pontos

Jogo a Jogo: certezas duram uma rodada na maluquice do Brasileirão
Repare: o São Paulo tinha levado 3 a 0 do Santos quatro dias atrás e foi a Porto Alegre para ser o primeiro time a bater o Grêmio na Arena no Brasileirão. Assim, manteve-se na cola do Flamengo, que lutava contra o rebaixamento até um punhado de rodadas atrás e agora fecha o G-4, no qual o Santos, aquele que tinha feito 3 a 0 no São Paulo, só não está grudado porque levou 3 a 1 da Ponte Preta, que não vencia há seis jogos, incluindo aí uma derrota para o Vasco, que é lanterna e também é um dos três que conseguiram vencer as duas últimas partidas – a mais recente, sobre o Atlético-PR, outro que flerta com o G-4.

Confusão, né? É que o próprio Brasileirão de 2015 é uma grande miscelânea de resultados – um campeonato em que algumas de nossas certezas duram a eternidade de uma rodada. E ele seria tão divertido se não fosse assim?

Um ano depois de a Alemanha abrir sete feridas na autoestima do futebol brasileiro e jogar sal em cima, temos o melhor Brasileirão (o leitor concorda?) desde 2009. Há emoção, com briga forte pelo título, pela Libertadores e contra o Z-4; há grandes jogos, tão bem ilustrados no clássico mineiro; há solidez tática, como escancarou o Corinthians ao fazer 3 a 0 sobre o Joinville e aumentar para cinco pontos a vantagem na liderança; e há repetidos casos de mudanças radicais de expectativa – em que arrancadas como as de Flamengo e Santos permitem que o Vasco ainda não aceite a tumba em que se enfiou como moradia definitiva.


O jogo em 140 caracteres

O jogo foi amarrado até idos do segundo tempo, com os sistemas defensivos prevalecendo. O gol do Inter, com Vitinho, saiu em falha do Coxa.

O Coritiba pressionou no fim e terminou a partida com três vezes mais finalizações (21 a 7). Também teve mais posse (57% a 43%).

A torcida do Coritiba se mostrou irritada. Vaiou a entrada de Ivan e pegou no pé de Lúcio Flávio no segundo tempo.


O futebol muitas vezes não premia a justiça – não no sentido de recompensar o time que cria mais chances. O CORITIBA passou por isso neste sábado. No segundo tempo, martelou, pressionou, finalizou, reclamou de pênalti de Rafael Moura em Kleber Gladiador, mas não fez os gols que lhe dariam a vitória. Não jogou tão mal, mas somou apenas um ponto nos dois últimos jogos, ambos em casa. É um freio no que parecia ser uma reação rumo a uma zona mais tranquila da tabela.


O INTER não havia vencido fora de casa sob o comando do técnico Argel Fucks no Brasileirão. E o fez sem empolgar muito. Esteve bem na marcação, dificultando a saída de bola do adversário, e criou pouco na frente. No fim, permitiu pressão do Coxa – e aí teve Alisson, que retornou da Seleção, como destaque mais uma vez. Argel tem um grande mérito: deixou a equipe mais competitiva e até mais interessada, mesmo sem ser envolvente – isso basta para estar em posição melhor na dura briga por vaga no G-4.


O jogo em 140 caracteres

Jackson e Zé Roberto, de pênalti, fizeram os gols do Palmeiras, que ficou sem ser vazado depois de 12 partidas.

O domínio palmeirense se refletiu no número de finalizações: 15 contra quatro. A partida teve 63 minutos de bola rolando.

Quarto jogo sem vencer, quarto jogo levando gol para o Figueira, que tem a terceira pior defesa do Brasileirão: 37 gols sofridos.


Depois de três jogos sem vencer, derrotar o Figueirense em casa foi fundamental para que o PALMEIRAS voltasse a respirar melhor. A exibição, no entanto, não foi das melhores. O time até finalizou bastante, mas teve muitas dificuldades para furar o bloqueio defensivo do Figueirense. Os gols, mais uma vez, vieram em jogadas de bola parada, e a falta de alternativas com ela rolando é preocupante – especialmente pela qualidade do treinador alviverde. O tamanho da briga pelo G-4 exige mais do Verdão.


O FIGUEIRENSE somou apenas um ponto nos últimos quatro jogos e perdeu a tranquilidade que tinha na luta contra o rebaixamento. Diante do Palmeiras, o time praticamente não atacou. Sentiu a falta de Clayton, sua principal arma ofensiva, e perdeu um pouco da intensidade que tinha há algumas rodadas. Só não entrou na zona de rebaixamento porque o Coritiba também perdeu. Os resultados permitem que se pondere o tamanho do impacto da saída de Argel na harmonia alvinegra.


O jogo em 140 caracteres

Vagner Love fez o terceiro gol do Corinthians na partida, mas antes perdera uma chance dupla, claríssima. Malcom e Uendel abriram o placar.

Rildo durou três minutos em campo. Lesionou o ombro esquerdo e teve que ser substituído por Malcom, que abriu o marcador.

O Joinville foi dominado, mas não se acovardou diante de um adversário tão superior. Teve seis finalizações e três chances reais de gol.


O grande risco do CORINTHIANS era algum relaxamento contra o Joinville. Mas Tite sabe lidar com perigos psicológicos. O Timão foi concentrado, eficiente e dominador como um time que briga pelo título precisa ser ao enfrentar um concorrente mais fraco. Não foi brilhante, porque raramente é brilhante – mas foi competente, porque quase sempre é competente. Em um time tão equilibrado, manter a rotina é manter a qualidade. O Timão tem a segurança que se exige de potenciais campeões.


O JOINVILLE, antes de ser mau time, é um time dócil – e ser dócil não é nada bom no futebol. Nos últimos quatro jogos, a equipe catarinense não fez um gol sequer. Foram três empates por 0 a 0 e agora a derrota para o Corinthians. Na sequência, houve resultados bem aceitáveis (contra São Paulo em casa e Atlético-PR fora), mas é muito pouco para quem luta contra a queda. É provável que o JEC seja rebaixado – e será, em grande parte, culpa da falta de agressividade.


O jogo em 140 caracteres

Futebol é aquele esporte em que o time há seis jogos sem vencer bate a equipe há 13 partidas invicta. Foi o caso da Ponte contra o Santos.

O resultado foi construído em um primeiro tempo avassalador da Macaca: três gols em 43 minutos, com Ferron, Bady e Borges.

O Santos finalizou 19 vezes, e Marcelo Lomba foi fundamental na Ponte, com cinco defesas difíceis e quatro normais.


A PONTE PRETA parecia desabar rumo ao Z-4, e isso serve para valorizar ainda mais a vitória sobre o Santos. Bater uma equipe em ascensão e demonstrar capacidade é fundamental em uma campanha bipolar – que começou tão bem e depois despencou. O time de Campinas, com um pouco de autoestima, pode se convencer de que está mais próximo daquele que começou o Brasileirão do que deste que caminha para o fim da disputa. Foi um resultado tão importante psicologicamente quanto na matemática.


O SANTOS conquistou o direito de tratar a derrota para a Ponte como um ponto fora da curva. O primeiro tempo desastroso, quando comparado às partidas recentes do Peixe, ganha ares de excepcionalidade. O time voltou a cometer pecados que pareciam eliminados: apatia e desorganização. Mas são problemas que a equipe já mostrou saber remediar – especialmente após a chegada de Dorival. Com a dose certa, segue como candidato na briga por vaga na Libertadores.


O jogo em 140 caracteres

O Atlético-PR teve 63% de posse e 18 finalizações, contra 13 do Vasco. Mas parou em Martín Silva e na falta de precisão.

O desespero pela vitória fez Martín Silva levar amarelo por retardar o jogo já aos 20 do 1º tempo, quando o Vasco vencia por 1 a 0.

A quinta vitória do Vasco no Campeonato Brasileiro foi também a primeira com mais de um gol de diferença.


Que goleada do VASCO! Sim, para o Cruz-Maltino, fazer dois gols e não ser vazado é algo inédito, grandioso e mais um sopro de esperança no campeonato. A vitória passada trouxe confiança ao time, e isso fez total diferença. E deve continuar fazendo – a equipe parece mais organizada, troca passes sem nervosismo, possui alternativas para tentar o gol e marca bem. Mostrou que tem boa estratégia para tentar reagir na tabela: sair na frente do placar e se fechar para segurar o resultado.


Após três vitórias seguidas, três jogos sem vencer. O ATLÉTICO-PR surfa na sua gangorra, mas quem o acompanha não alivia na briga pela quarta vaga da Libertadores. O Furacão fez péssimo primeiro tempo contra o Vasco. Milton Mendes errou em deixar Daniel Hernández no banco e o colocou em campo antes do intervalo. O time até finalizou, mas sem qualidade, e errou muitos passes. Em um típico indício de que algo estava errado, Walter era o principal armador da equipe e, mais uma vez, o destaque.


O jogo em 140 caracteres

Alexandre Pato, gremista de infância, mas formado no Inter, abriu o placar com belo gol. Rogério ampliou, e Everton descontou.

Foi a primeira derrota do Grêmio na Arena no Brasileirão. O time gaúcho era o único invicto em casa na competição.

O São Paulo nem parecia estar na hostil casa gremista: teve mais posse (51% a 49%) e mais finalizações (15 a 12).


Desde que o GRÊMIO deixou de ser candidato ao rebaixamento e, salvo por Roger, se tornou até candidato ao título, este é o momento que mais pede cuidado. A primeira derrota na Arena no Brasileirão antecede dois jogos complicados fora, contra Atlético-PR e Palmeiras, e o Tricolor precisará somar pontos. A caminhada da equipe no campeonato dá segurança – de ocasional, não tem nada. A maior força do Grêmio é sua estabilidade, e ela, mais do que nunca, será necessária agora.


Levando-se em conta a força do adversário, o local do jogo, a situação na tabela e a pancada que levara na rodada anterior, a vitória sobre o Grêmio na Arena foi o resultado mais expressivo do SÃO PAULO em todo o Brasileirão. O time de Osorio teve volume de jogo, bom posicionamento defensivo e eficiência no contra-ataque. Foi uma atuação de time que vai brigar forte por vaga na Libertadores – o extremo oposto daquilo apresentado nos 3 a 0 que levou do Santos.


O jogo em 140 caracteres

Willian e Victor foram as personagens do jogo. O cruzeirense abriu o placar em falha do goleiro, que defendeu um pênalti do atacante no fim.

O clássico quase foi decidido em erro de Leandro Vuaden, que deu pênalti em falta fora da área – de Jemerson em Willian, que errou a batida.

Mano Menezes passou boa parte de seu primeiro clássico mineiro pulando na beira do campo, muito mais agitado do que o normal.


Mano Menezes melhorou o CRUZEIRO. Deu consistência defensiva à equipe, e dela derivou a força apresentada nos contragolpes. Mesmo com dez em campo desde os seis minutos do segundo tempo, quando teve Mena expulso, a Raposa teve chances de derrotar o Atlético. O empate soou como castigo no fim, e a posição na tabela, neste momento, preocupa mais do que o futebol mostrado em campo.


O ATLÉTICO-MG não teve contra o Cruzeiro a intensidade de outros tempos. Mesmo com um a mais no segundo tempo, não conseguiu pressionar com racionalidade. Abusou das bolas levantadas na área – conseguiu o empate na base do abafa. Giovanni Augusto, que vinha fazendo boas partidas, errou muitos passes, e as dificuldades em encontrar espaços foram muitas. Outros jogos recentes, caso da derrota para o Atlético-PR e mesma da vitória sobre o Vasco, aumentam o alerta.


O jogo em 140 caracteres

Uma pintura de Paulinho abriu a vitória do Flamengo. Ele pegou de primeira, na veia, e mandou no ângulo após cruzamento de César Martins.

O Flamengo chegou a seis vitórias seguidas no Brasileirão, empatado com o Atlético-MG como maior sequência positiva do campeonato.

Faltou volume à Chapecoense, que só esteve com a bola em 20min47s e teve apenas uma chance real de gol na partida.


A CHAPECOENSE vive seu pior momento no Brasileiro. São seis rodadas sem vencer, em uma sequência que não é preocupante apenas pelos resultados. As atuações também incomodam, e o primeiro tempo do jogo contra o Flamengo exemplifica bem a queda de rendimento. A Chape, que tinha campanha e desempenho sólidos, dá sinais de que pode engordar a briga contra a queda. Vem patinando contra times do mesmo bloco (Coritiba e Joinville, por exemplo) e perdeu força em casa.


Do Nordeste ao Sul, jogando bem ou não, no Maracanã ou no interior, em clássico ou contra adversários menos tradicionais, o FLAMENGO desembestou a vencer. Ninguém ganha seis partidas seguidas, em terrenos tão variados, contra adversários tão opostos, em situações tão diferentes, sem ter alcançado solidez para isso. Não há razões para duvidar do Rubro-Negro. Sua sequência até o fim é complicada (por exemplo, visitará os três primeiros colocados), mas o momento referenda a confiança.


O jogo em 140 caracteres

O Avaí virou no último ataque: bicicleta de Marquinhos, bola entre as pernas de Renan e André Lima completando, mas com falta no goleiro.

Não foi um bom jogo para os goleiros. Vagner, do Avaí, falhou no gol do Goiás, marcado por Bruno Henrique.

Embora o Avaí tenha ficado muito mais com a bola (57% a 43%), as equipes tiveram o mesmo número de finalizações: dez cada.


Gilson Kleina dava pulos de alegria (literalmente) ao rumar para o vestiário da Ressacada, em uma imagem que resumia o alívio do AVAÍ pela vitória no último minuto sobre o Goiás. O time não pode ser acusado de falta de insistência. Lutou até o fim e foi recompensado com a quebra de uma sequência de três derrotas – com dois gols nos dez minutos finais. Mas não existe heroísmo todos os dias. O rendimento ainda é pobre. Se não melhorar, o sofrimento vai perdurar até os últimos segundos do campeonato.


Ganha uma, perda a outra; ganha a seguinte, volta a perder. Nas últimas seis rodadas, o GOIÁS é a personificação da oscilação. Poderia ter quebrado isso contra o Avaí, e tem todo o direito de reclamar de falta em Renan no lance da virada, mas também poderia jogar melhor. De qualquer forma, não há motivos para desespero. O Esmeraldino não está entre as quatro equipes de pior futebol no campeonato. Tende a encontrar alívio nas próximas quatro rodadas – três delas em casa contra concorrentes diretos.


O jogo em 140 caracteres

O Sport finalizou quatro vezes, e o Fluminense, 12. Mas sem eficiência não adianta concluir três vezes mais. Nem mesmo Marcos Junior salvou.

Palco de Copa do Mundo, duelo de Brasileiro e público de jogo-treino. Os 6.939 torcedores na Arena Pernambuco refletem a fase ruim do Sport.

Gangorra: os times vivem um momento tão delicado que o confronto acabou sendo direto. E o Sport pegou o 10º lugar do Tricolor, agora no 11º.


Houve uma época em que o SPORT frequentava o G-4 – e a torcida apoiava. Nem faz tanto tempo que chegou a sonhar com Libertadores. Mas a realidade mudou, e o Leão, que não vencia há dez partidas, precisava ganhar porque via o Z-4 se aproximar. Enfim, venceu. Mas não convenceu. Fez o gol quando o rival era melhor, depois pouco ameaçou e, em casa, aceitou a pressão no fim. Se o objetivo agora é ficar na elite, valeu um resultado pragmático. Se for novamente o G-4, é preciso mais – a distância é alcançável.


Fred voltou após 21 dias, mas não viu a cor da bola. Ronaldinho segue fora. Algumas coisas voltam ao normal, outras continuam uma incógnita. O que não muda no FLUMINENSE do segundo turno é a campanha: seis jogos, só um ponto ganho. É lanterna do returno e faz campanha de rebaixado nas últimas 13 rodadas. O G-4 está cada vez mais distante – sete pontos, mesma distância do Z-4. Para quem sonhava alto, a briga está no meio da tabela. Ainda assim, não com o futebol apresentado neste domingo.

* Com Daniel Dutra, Daniel Mundim e Pedro Venâncio.


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