18/9/2020 09:19

Roni conta porque tem sangue corintiano, confira

Volante revive trajetória no Timão em entrevista ao ge: "Se hoje sou técnico, é porque treinei"

Roni conta porque tem sangue corintiano, confira
Os primeiros passos de Roni no time profissional do Corinthians estão atrelados às categorias de base do clube.

O volante de 21 anos, autor de gol em sua estreia como profissional, contra o Bahia, é a personificação do Terrão. Em 16 anos no clube, absorveu não só conceitos técnicos e táticos, mas também preceitos básicos do "corintianismo".



Roni conhece a pressão de vestir a camisa alvinegra e passou alguns anos se preocupando mais com raça do que com técnica. Ele tem noção de que não é craque. Justamente por isso, passou a vida treinando dobrado.

– Eu trabalhei muito. Não sou o melhor jogador do mundo. Não sou o mais rápido, o mais forte, mas me dediquei muito. Fiz de tudo para que, quando chegasse meu momento, estivesse preparado – disse Roni em entrevista exclusiva ao ge.

Do futsal ao sub-23, foram muitos os técnicos da vida de Roni. Ele absorveu ensinamentos táticos de Dyego Coelho, melhorou tecnicamente sob o comando de Eduardo Barroca, teve o apoio de Osmar Loss. Mas foi logo aos cinco anos a primeira lição do novo xodó da Fiel torcida.

– No Corinthians, todos foram bons profissionais, importantes: uns no lado mental, outros no motivacional, na parte técnica, tática. O primeiro foi o Célio (Silva). Quando eu tinha cinco anos e jogava com a cabeça baixa, ele amarrou um colete no meu pescoço e falou para eu jogar com a cabeça levantada (risos). Esse cara foi muito importante para eu conseguir realizar meu sonho de ser profissional.

Nesta entrevista exclusiva ao ge, Roni revisita seu passado, lembrando do irmão, Tupã, falecido em 2016, conta os aprendizados e percalços dos 16 anos de Corinthians, comenta a ansiedade antes da estreia pelo time profissional e explica por que sempre trabalhou um pouco a mais para se destacar.



Confira a entrevista exclusiva do ge com Roni:

Ge: Você entrou, jogou bem e fez gol. Como foi aquela noite para você?



O que fez ao saber que seria titular?

A primeira coisa foi agradecer a Deus. O Coelho falou comigo e com o Xavier. Disse para nos prepararmos, porque a oportunidade chega. Não desanimar. Dois dias antes do jogo, ele chegou e falou que iria nos colocar. Disse que teria coragem para isso. Eu comecei a agradecer, orar para Deus, porque a gente sabe como é difícil. Aqui no Corinthians, é diferente. A cobrança é outra. As coisas são completamente diferentes. Se tem oportunidade, tem que abraçar e fazer o melhor.

Falei com meu pai, minha namorada e meu melhor amigo. Não falei com mais ninguém, não postei nada, porque prefiro assim. Quanto menos sabem, melhor. Fiquei com o Xavier no quarto conversando. Falei: "Caramba, mano, a gente vai jogar no profissional, a gente vai estrear". Ele falou para tentarmos ficar tranquilos. Acordei, e a hora do jogo demorava. Podia ser mais cedo, né? Ansioso, mas feliz. A pressão é boa.

Ficou muito nervoso?

Não vou mentir, fiquei um pouco nervoso, um pouco tranquilo e um pouco ansioso. No começo do jogo, eu estava até querendo pegar a bola rápido, roubar logo, mas faz parte. Depois, a adrenalina foi passando e foi ficando tudo mais calmo. Acabei fazendo o gol, graças a Deus.

Para jogar aqui, a gente sabe que tem pressão desde a base. Não tem jeito, Corinthians é assim, mas é diferente, sim, profissional e base. Totalmente.
Como você se define?

Um cara dedicado. É isso. Você me vê como um jogador técnico, talentoso, voluntarioso, e foi fruto da minha dedicação, sabe? Porque eu não era tão técnico, me cobravam muito na base. Virar o corpo, posicionar de lado para receber a bola, movimento do cabeceio. Subir com a mão aberta. Eu fui aprimorando. Mas não é que eu já era um cara técnico, que eu já tinha esse dom. Treinei para melhorar.

Eu tenho muito para melhorar, tenho muito para crescer ainda, para treinar. Estou só no começo. Espero ficar melhor tecnicamente, fisicamente, mentalmente. Vou continuar trabalhando, que eu tenho esperança de melhorar e me tornar um grande jogador do Corinthians. Eu me considero esse tipo de atleta: que é mais dedicado, que não é tão talentoso e que é mais por força de vontade.

O que um garoto da base tem que fazer para conseguir jogar bem no profissional?

Acho que é trabalhar, sabe? Ter humildade, pé no chão. Aqui no Corinthians, sempre foi assim: jogadores humildes, pés no chão e trabalhando... Dedicação, sabe? Aqui tem um sanguinho corintiano, isso ajuda bastante. Eu tenho. Se não tinha, estou criando!
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São 16 anos de clube. Como foi esperar por essa chance?

Passei por todas as categorias que tinha que passar no clube. Cheguei com quatro anos. Fui para o sub-20, bati no sub-23 e estou no profissional. É diferente, né? É diferente estar no time profissional. E tem tempo para tudo. Tempo de plantar, de colher, de sorrir e de chorar. Uns vão brilhar antes, outros vão demorar. O que a gente pode fazer é: subiu antes de mim? Vamos aplaudir. Porque um dia vai chegar sua hora e vai dar certo. Não adianta invejar o próximo. Tem que aplaudir. Eu não preciso disso, eu acredito em Deus e sei que é no tempo certo. Quando Ele coloca o dedinho ali e fala que é você... Não tem jeito.

Por que o apelido de "Budiga"?

Lá na região da Zona Sul, no Parque Santo Antônio, tinha uma escolinha que chamava Jorge Bruder. E meu irmão jogava lá. O apelido dele era Budiga. E aí, quando eu tava crescendo, meu pai falou que iria me colocar na mesma escolinha. Quando eu cheguei, pessoal me chamava de Budiginha.

Você lida bem com a falta de seu irmão?

É difícil lidar com o luto. É uma coisa complicada, mas o mundo continua, o mundo não para. O mundo não vai parar, não vai desabar. A gente tem que levantar a cabeça e seguir. Graças a Deus, tenho um pai que sempre me ajudou muito. Sempre me levou de um lado para outro. Sempre esteve do meu lado e ensinou a suportar isso. Eu tentei levar para o lado positivo, para esse lado do sonho. Estou muito feliz, porque prometi a ele e cumpri. Claro, não tem jeito, às vezes você escuta uma música que ele escutava, fica com ele na cabeça e chora. Às vezes, está passando em um lugar e lembra dele. Passa isso na cabeça, mas eu sou um cara bem resolvido, viu? No momento do gol, não teve como. A primeira pessoa que veio na minha cabeça foi ele. Mas não sou um cara que fico lembrando toda hora. Eu sei, ele é meu irmão, deixou dois filhos aqui. Vejo meus sobrinhos, vejo ele. Eu não vou ficar remoendo isso. É que no momento do gol não teve como. Deus me ajudou a superar esse luto.

O que significa a palavra esperança para você?

A esperança foi ele, ele foi a esperança um dia e hoje caiu nas minhas costas. Eu carreguei o sonho dele, como ele já carregou o nosso. Hoje sou eu. Meu irmão, sem dúvida, é meu maior ídolo. É o cara que eu vou levar para sempre no meu coração.

Você teve algumas lesões na carreira. Como lidou com elas?

Tive algumas. Umas não dá para explicar, outras foram por erro meu mesmo. O preparador físico passava o treino, falava para eu fazer devagar, e eu fazia forte, dava 100%. Agora, estou tomando uns puxões de orelha, ele está me segurando, me deixando mais forte. Eu sempre tive isso na cabeça, dar 100% para depois não me arrepender. Algumas vezes, acabei dando mais de 100% e acabei me machucando. Agora é hora de ter cabeça e ficar mais cascudo, parar de me machucar.



Além do Célio Silva, quais treinadores mais te marcaram?

Também tem o Marcio Zanardi, no sub-15 e 17. Conquistei muitos títulos com ele, me ajudou muito, aumentou minha moral. O Osmar Loss, que foi um cara que me ajudou muito quando eu subi, aprendi muito. Tem o Coelho, que foi com quem eu mais aprendi na parte tática. É sensacional. É sensacional quando você chega no profissional e já está pronto. Já sabe onde tem que se posicionar, o lugar que tem que estar. E o Eduardo Barroca. Não poderia me esquecer dele. Na parte técnica, me ajudou muito. Fez eu jogar com a bola, sabe? Eu era muito aquele cara que só marcava. Pegava a bola e tocava. Ele foi o cara que me falou: você tem que roubar, tocar, tem que quebrar o pescoço, olhar para os dois lados. Peço perdão se esqueci de alguns. Aqui eu tive muitos treinadores bons, de verdade.


Corinthians, Timão, Roni


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