16/8/2017 13:40

Coelho guia sub-20 do Corinthians e dá recado: "A base não é uma bagunça"

Atual técnico do Timãozinho, ex-lateral diz que escândalos estão no passado e se orgulha de geração que revelou, entre outros, o xodó Pedrinho

Coelho guia sub-20 do Corinthians e dá recado:
Prata da casa, lateral-direito com 112 jogos e 15 gols entre 2003 e 2008. Campeão brasileiro de 2005. Desde abril de 2015, integrante da equipe sub-20, primeiro como auxiliar, agora como técnico. Com tamanho currículo, Dyego Coelho conhece muito bem o Corinthians.



Nada aqui surpreende – brinca.
Desde a saída de Osmar Loss, hoje auxiliar de Fábio Carille na equipe de cima, Coelho assumiu uma fase de transição na base.

As mudanças foram profundas:

Troca na diretoria: saíram o diretor Fausto Bittar e o coordenador Rodrigo Leitão, entraram Carlos "Nei" Nujud, Fernando Yamada e Jacinto Antônio Ribeiro, o Jaça;

Saída das estrelas: campeões da Copinha, Pedrinho, Carlinhos e Mantuan foram para o profissional. Vinícius Del’Amore e Guilherme Romão, também titulares, foram emprestados a Fortaleza e Oeste, respectivamente;

Vai, depois volta: sem Osmar Loss, Coelho assumiu em janeiro, foi tirado do cargo em março e voltou 40 dias depois, quando Alexandre Macia, o Pepinho, pediu demissão.

Em meio à transição, havia escândalos. O último deles revelado pelo GloboEsporte.com em julho: gravações mostraram negociações de suborno para a escalação de determinados atletas. Os áudios envolviam o pai de Márcio Zanardi, ex-técnico do time sub-17. Depois de tanta turbulência, Coelho vê o Corinthians, hoje, no rumo certo.

Não venham falar que a base do Corinthians é uma bagunça, porque isso aqui não é uma bagunça. Tenho plena certeza do que estou dizendo. É uma das melhores situações que já vivi na vida, trabalhar aqui. Tem gente que não sabe e diz coisas que nos chateiam. Defendo mesmo. Não está uma bagunça. Teve problemas no passado, não vou ser hipócrita. Teve sim, mas com pessoas que, graças a Deus, não estão mais no clube. É vergonhoso ouvir essas coisas que realmente aconteceram. Mas foi um tempo atrás. Isso aqui não é uma bagunça – desabafou o técnico.

Em 40 minutos de conversa com a reportagem, Coelho falou abertamente sobre esses escândalos, mas também abordou outros assuntos: a reconstrução da equipe campeã da Copa São Paulo, a integração com o profissional, as projeções sobre Pedrinho e os 40 dias entre sua queda e recondução ao cargo de técnico.

Veja abaixo o que diz Dyego Coelho:
GloboEsporte.com: Como você tem visto seu início como técnico, logo num momento de resonctrução da base?

Coelho: São quatro, cinco meses de trabalho. Mas o tempo voa. Parece que foi ontem. É uma fase diferente. Você vê a evolução de uma categoria, com uma geração muito boa, os principais jogadores estão no profissional... Tem jogadores 97, 98 no profissional, que poderiam estar aqui. Nosso trabalho foi feito.

Hoje sofremos um pouquinho porque sofremos a perda de alguns jogadores, fruto do trabalho do Loss, meu trabalho e de muita gente boa que passou por aqui. Vamos sofrer um pouquinho com o grupo que está aqui hoje, mas precisamos de tempo. Na base, o tempo é necessário para colocar as ideias e fazer mais uma leva de jogadores bons que possam ajudar lá em cima no profissional.

Nessa transição, o Corinthians foi eliminado de Copa do Brasil e Brasileiro Sub-20, e agora só tem o Paulista. Esse é um momento de pensar menos em resultados?

Precisamos fazer que as pessoas entendam: o primeiro trabalho da base é revelar. Claro que é para ganhar também, mas não adianta ganhar de qualquer jeito. Vai demorar para ter outro Pedrinho, um outro Arana, um Léo Santos... Maycon! É um trabalho constante de renovação, mas consciente. As pessoas que estão no comando sabem: é doloroso quando você perde jogadores espetaculares e que faziam a diferença na base. Nosso trabalho é formar lá embaixo, no sub-10, 11, 13, para não ter mais essa "largura" de gerações.

É um trabalho que o Nei está fazendo, junto com o Yamada e o Jaça, desde o início, para não ter essa diferença tão grande. A pressão tem porque os resultados não vieram ainda esse ano, mas não me preocupo com isso. Temos todo o respaldo. Não é do dia para a noite que se muda comportamento de jogadores. É um trabalho difícil, mas que dá resultado se tiver calma.

O momento da base hoje é mais estável? Depois de escândalos, trocas de departamento, até mesmo sua saída e volta no comando.

O clube é forte politicamente, e eu conheço muito bem isso aqui. Aquilo tudo não me assustava. Entendo o lado das pessoas, foi um período turbulento, mas o Nei sempre falava que está mudando, que uma hora ia tranquilizar. Hoje você vê um ambiente diferente. Temos tranquilidade para trabalhar, algo que não tinha naquela mudança. Hoje está tudo no devido lugar, com ideias boas, profissionais contentes nos cargos.

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Como foi para você esse momento? Primeiro quando saiu para a chegada do Pepinho, depois quando voltou. Qual a sensação?
As sensações, claro, de tristeza e alegria. Mas nada surpreendente. A gente sabe o quanto trabalha para chegar a algum lugar. Não cheguei aqui à toa. Uma hora aqui vai chegar, são dois, três anos trabalhando como auxiliar. Não só aqui, mas no Flamengo de Guarulhos, numa Série A-3. Sabia que ia chegar, mas quando tiraram o doce da criança, claro que a gente fica chateado. Depois, o Nei teve a grandeza de pedir desculpas para mim e dizer que tinha errado. Foi de uma grande honestidade. Pediu desculpas, e é isso que diferencia o chefe do líder. Ele é nosso líder.

Quando recebi a notícia dele que não seria mais o técnico, fiquei muito chateado, claro, fiquei alguns dias com minhas filhas. Mas se eu queria estar aqui hoje, aquilo não iria me derrubar. Naquele momento, quando saí da equipe, ele foi honesto comigo. Queria alguém mais experiente, ok, entendi. Depois, na volta, falou a verdade e pediu desculpas.

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Como foi sua relação com o Pepinho nesse período?
Foram 40 dias tentando ajudar o Pepinho, para quem não está aqui é difícil se adaptar. Tentei passar o máximo de instruções.

Mas, como ele mesmo falou, não se adaptou ao trabalho. Os jogadores também já tinham um modelo de jogo, princípios, tudo muito enraizado.

São quatro anos de Osmar Loss, em dois anos e pouco eu estava junto.

Teve a mudança, e os jogadores sentiram um pouco. Muda bastante.

Yamada, Nei e Jaça resolveram voltar com o que estava antes. Mas a gente sempre aprende com quem passa por aqui. Pepinho é um cara espetacular, tem sua maneira de dar treinos e jogos, e as coisas boas eu guardei.

E quais são os conceitos e ideias do técnico Dyego Coelho?
Conheço o perfil do Corinthians, do corintiano. Não é ter o craque sempre, é formar e passar aos meninos o que a torcida pede.

Vale muito mais dar um carrinho, salvar uma bola, do que um drible.

O que a gente passa é que eles entendam o clube. Tem de saber a camisa que veste desde pequeno. Quem chega tem dificuldade, mas quem vem de baixo precisa ter algo diferente. São detalhes aos quais damos mais importância.

Taticamente falando, temos nossa cartilha aqui dentro. É um clube que precisa pressionar a bola quando perde, precisa se defender bem e sair rapidamente para o ataque. Às vezes um jogador de qualidade pode fazer um jogo de posse. Aqui, procuramos fazer com que as coisas sejam parecidas com as do time profissional. Não é fácil.

Qual a principal diferença que os garotos enfrentam no profissional?
A leitura dos jogadores de lá é diferente. O que procuramos passar é a dica para que sobrevivam num esporte tão maluco quanto o futebol.

Nem sempre o mais técnico vai chegar lá em cima. Precisa ter gana, vontade, e aprimorar a parte técnica. Não pode nunca deixar de trabalhar as deficiências. Passamos também isso com vídeos individuais, levamos o computador ao campo, temos nossa análise de desempenho, captação... Temos uma estrutura toda. Você não pode deixar de passar todas as informações aos jogadores. E eles têm de se adaptar a isso.

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Onde você busca aprimoramento?
Acompanhamos muito o time profissional, é uma parte da integração. Procuro estar em alguns treinos lá. O carinho que tenho lá no time de cima é ótimo, são muitos anos de casa. Mas também estudo bastante, leio bastante, temos cursos na CBF que nos dão um leque legal. Falo com outros treinadores mais experientes. O que nós, da nova geração, temos de fazer, é escutar cada vez mais esses treinadores. Isso vale mais do que qualquer tempo numa sala de aula.

Que outros técnicos além de Carille e Loss te inspiram?
Quando o Tite estava aqui, a gente conversava, eu ia aos treinos. Levir Culpi, pessoas que trabalham com ele. Abel Braga... Toda oportunidade que você tem de encontrar esses caras, nem que seja no aeroporto, é legal de conversar. Um Oswaldo de Oliveira. São caras que podem te passar aquilo que você ainda não tem. Sabem muito. Esses caras, hoje, sabem demais. Não tem nada melhor do que ir lá, falar pouco, escutar bastante e assimilar o que eles tem a passar.

Como tem sido a troca de ideias com a comissão técnica do profissional?
Conversamos bastante sobre os meninos daqui. Sou bastante curioso também, saio perguntando tudo. Quero saber como as coisas são passadas aos jogadores. Como alguém entra no time, e continua com um padrão? Você vê o que está sendo feito lá e começa a entender. Não sei se é certo ou errado o que se faz lá, mas é o mais lógico.

Por que não trabalhar as linhas defensivas reserva e titular juntas? Um titular fica fora, e outro entra no mesmo nível. São essas coisas. Tento absorver isso, conversar e aprender com quem sabe. É ter a humildade de ir lá, perguntar.
Como você tem visto a evolução dos garotos que estão lá? O Pedrinho é o diferente?

O Pedrinho tem uma história bacana aqui dentro. Chegou muito magro, de Maceió. Quando ele subiu para o sub-20, depois de encantar os olhos de todos, teve uma lesão muito chata. Depois, voltou ano passado, na semifinal do Brasileiro Sub-20. Parecia que não tinha acontecido nada com ele. Voltou muito bem, fomos para um torneio no Sul, e o Pedrinho, aos poucos, destacou-se. Tudo o que falavam dele era numa frase que incomodava bastante a mim e a o Loss: "Ele não tem condições físicas de fazer transição entre ataque e defesa". Numa reunião lá no Sul, o Loss falou para ele: "Ou você faz esse tipo de jogo, ou não joga em lugar algum". Qualidade ele já tinha, mas se não fizesse a parte ruim, não iria jogar.

O Pedrinho assimilou e, na Copinha, fez tudo o que não esperávamos dele. Está aprendendo a ser jogador de verdade. Tenho um carinho muito grande pelo Pedrinho. Ele viveu essa parte muito chata da lesão, quebrou, teve uma fratura no pé. Ficou uns cinco meses fora. Eu vi o quanto ele queria e não conseguia. Depois da Copinha, perdemos nosso melhor jogador e vamos sofrer sem ele (risos). Mas é bom que ele está lá em cima, enchendo os olhos de todo mundo e tendo a confiança do Carille. É emocionante ver a torcida chamando o nome dele. Mas ver o treinador do profissional confiante no jogador é ainda mais legal.


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Falamos muito do Pedrinho, mas há outros dois garotos que subiram: Mantuan e Carlinhos. Como você vê a situação deles?
Vou falar primeiro do Mantuan. É o mesmo caso do Rodrigo Figueiredo, que está lá em cima. Demorou um tempo para sua técnica e força tomarem conta. Principalmente a parte técnica. O Mantuan passou um bom tempo aqui na base, foi se destacar nessa Copinha, mas no Brasileiro do ano passado, como lateral, foi um monstro. Nunca desistimos dele porque é muito inteligente, uma hora ou outra ia deslanchar. Quando o colocamos na posição dele, aí tomou conta e foi o capitão. Ele requer atenção, mas acima de tudo precisa ter confiança. Os treinadores que trabalharem com ele precisam passar essa confiança, e aí vão tirar os 100%. Impressiona o quanto ele evoluiu aqui.
E sobre o Carlinhos?
Aí é um caso mais complicado (risos). Ele tem suas particularidades. Tem o jeito dele de ser. Se você não o conhece, vai dizer que ele é descomprometido, e não é. Passa uma imagem. Mas você precisa de tempo para conhecer o jogador. Se fizer um gol ou não, tá tudo bem? Não, ele se incomoda. É altamente técnico, ambidestro para finalizar, velocidade incrível para o tamanho dele. Se ele tiver oportunidade, não vai sentir. Pode estar jogando aqui, contra uma equipe menor, ou uma final de Libertadores na Arena. Vai ser a mesma coisa, porque isso é dele. Precisamos ter paciência com o Carlinhos. O comportamento dele precisa aflorar todo dia. Mas, se tiver a oportunidade num jogo, vai ajudar.
Qual a importância da proximidade do Carille com a base?
Contra o RB Brasil, estavam Carille, Loss e Cuca assistindo ao jogo. Sabe quando foi ter isso aqui? Muito raramente. Nunca! Foi só agora, com o Carille. Não tem como não ter gana. Tem de dar a vida! O técnico do líder do Campeonato Brasileiro está te vendo num jogo do Campeonato Paulista Sub-20. Como você não vai ter tesão de jogar futebol? Tudo o que eu queria na minha época era que um treinador do profissional estivesse me vendo. O trabalho deles é de alto nível, fora da curva. Todo mundo fala em Copinha, mas na primeira brecha que o Carille teve, veio ver os meninos. Ele está focado lá, mas acha um tempo para vir aqui. É muito bom.
Hoje, o Corinthians tem uma estrutura consolidada na base, mas sofreu muito com alguns escândalos recentes. Como você viu essas situações?
Não me atinge diretamente, mas deixa chateado. Tem pessoas que se envolvem nisso... Tem um grande amigo meu que está sofrendo hoje por coisas que não fez. E tem pessoas que, para tirar o seu da reta, não têm respeito, dignidade e jogam a culpa em outra pessoa. Para trabalhar no futebol, tem de ser honesto. Se fez algo errado, não tem nada mais correto do que você admitir e pedir desculpas.
O futebol ainda tem esse lado tão sujo que acaba respingando em pessoas que não têm nada a ver. O Corinthians é muito grande, mas tem pessoas que já saíram do clube e não têm capacidade alguma, nem digo tecnicamente, mas de caráter para trabalhar num clube desse tamanho. Chega a enojar. Dá nojo ouvir coisas assim.
A quem você se refere?

Tem gente que não está no clube por causa desse tipo de mau caráter. Tem um grande amigo meu, que sempre respinga nele, vou falar o nome dele, é o Fábio Barrozo (ex-gerente da base). Foi injustiçado aqui dentro. Sobrou tudo para ele. Ele saiu para a família dele ter paz, são pessoas competentes que têm de abrir mão. E passamos por uma vergonha dessa. O departamento está sendo completamente blindado pelo Nei, pelo Yamada, pelo Jaça. Aí você sai para jantar e ouve: "A base do Corinthians é isso, aquilo". Está enganado, meu amigo. Eu defendo isso aqui porque é minha casa. Defendo as pessoas que estão aqui dentro

Aquilo que passou veio de pessoas que não estão mais aqui. "Ah, a base é bagunçada...." A base não é bagunça, vem aqui passar um mês, uma semana para ver. Vê como está o departamento, o que está sendo feito nas categorias. É um trabalho muito sério. Essas coisas ridículas que aparecem, tentam colocar o departamento para baixo. E não vão colocar. Não é do jeito que estão pensando. Isso aqui mudou, e mudou para melhor.


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