Dentro de campo, André Carrillo rapidamente virou um dos pilares do Corinthians de Ramón Díaz, assumindo o status de titular do meio de campo. Já fora das quatro linhas, o peruano ajudou a unir diferentes alas do elenco e, com seu jeito leve e brincalhão, ganhou uma fama: – Ele é o mais brasileiro de todos os gringos! – brinca o goleiro e capitão Hugo Souza, que ainda completa: – Sou fã do futebol dele, a forma como joga, a classe. E fora de campo ele é sensacional. A nossa surpresa é por ele ser peruano, mas ele parece muito mais com a gente do que os outros gringos. DJ do vestiário do Corinthians , Carrillo tem uma playlist brasilieríssima, que vai do sertanejo de Nattan e Léo Foguete ao pagode de Thiaguinho, passando pelo funk e trap de Oruam. Num grupo com nove estrangeiros de sete países diferentes, o peruano ajudou a criar conexões com a mesma naturalidade que distribui seus já famosos passes de três dedos: – Pelo que ouvi de outros jogadores, sinto que fui a conexão dos estrangeiros. Organizava de jantar todo mundo junto, no café da manhã nos juntávamos à mesa, coisas que antes não aconteciam. Às vezes jogamos poker todos juntos, curtimos música latina... Pouco a pouco a gente foi ficando mais unida. Eu nem reparei, mas sou assim, muito sociável e amigável, acho que fui importante – conta o meio-campista, que tem facilidade em se comunicar em português por ter jogado por cerca de seis anos no Sporting, de Portugal.

Na fase anterior da Conmebol Libertadores, Carrillo foi decisivo para a classificação diante da Universidad Central da Venezuela. Ele fez um gol no jogo de ida e deu uma assistência para Yuri Alberto no jogo da volta. Nesta quarta, ele deve ser titular mais uma vez diante do Barcelona de Guayaquil, no Equador. Aos 33 anos, Carrillo está disputando o torneio sul-americano pela primeira vez, mas ele já sabia que não teria vida fácil na competição: – Eu sei o que significa, sempre acompanhei os clubes do meu país, né? E na Libertadores é muito complicado. Dificilmente um time peruano está passando da fase de grupos, porque o torneio é complicado. E hoje, representando o Corinthians , o objetivo é ir para a fase de grupos e ir passo a passo.

Para deixar um nome marcado aqui no clube, um clube tão grande como o Corinthians , não é só ganhar jogos. É levantar títulos, ganhar troféus e assim você vai marcar o seu nome no clube. Em busca da glória eterna no Timão, Carrillo se inspira no compatriota Paolo Guerrero, ídolo do Corinthians , que lhe deu dicas sobre o clube. Antes de se transferir ao Brasil, Carrillo também recebeu recomendações contrárias, mas decidiu não dar ouvidos: – Eu estava na Arábia, não queria pressão dos torcedores, mas chega um ponto que dá saudades. Tinham amigos que falavam: "no Brasil você não vai ter vida, é jogo após jogo, viagem". Mas eu gosto assim, ter competição, ficar junto com os companheiros no hotel. Quando o grupo é bom, tudo fica mais fácil.

Para a decisão de aceitar o projeto do Corinthians , que naquele momento lutava contra o rebaixamento do Brasileirão, Ramón e Emiliano Díaz tiveram papel fundamental. Eles cultivavam boa relação desde os tempos em que trabalharam juntos na Arábia Saudita. Os argentinos fizeram a primeira abordagem a Carrillo, que nem pensou quando recebeu a oferta oficial do Timão: – Quando o Fabinho (Soldado, diretor executivo de futebol) me chamou e mandou o contrato, eu falei: "Perfeito, aceito". Eu nem pedi um real a mais ou menos, estava de acordo com tudo, queria muito vir para cá – relembra o peruano. O jogo desta quarta-feira será o 40º de Carrillo pelo Corinthians . O meio-campista tem contrato com o clube até o fim do ano que vem.