O meia Matías Rojas calcula ter 8 milhões de dólares a receber do Corinthians , cerca de R$ 40 milhões na cotação atual. O valor representa todos os salários, direitos de imagens e outras verbas que constam no contrato dele, com validade até junho de 2027. Na última quarta-feira, Rojas notificou o Corinthians que desejava a rescisão unilateral do vínculo dele por justa causa. O jogador alega que o clube pagou a primeira parcela do acordo feito com ele em janeiro, mas não quitou a de fevereiro. A dívida é referente a direitos de imagem de 2023, inicialmente no valor de R$ 5 milhões. Tal inadimplência, na visão do atleta, o respalda para pedir o encerramento do contrato, mediante ao pagamento integral dele. Representantes de Rojas negociam um acordo pelo rompimento do contrato de forma amigável, abrindo mão de parte do valor, mas já avisaram ao clube que podem ir à Fifa se não houver entendimento. A atitude de Rojas pegou o Corinthians de surpresa e irritou a cúpula alvinegra, que entende que era possível resolver a pendência sem o pedido de rescisão.
O ex-camisa 10 corintiano se vê amparado pelo acordo firmado no início deste ano, no qual o clube reconheceu a dívida com ele. O documento previa o rompimento em caso de atraso de qualquer parcela. Ainda em dezembro, na gestão do ex-presidente Duilio Monteiro Alves, o paraguaio notificou formalmente a diretoria sobre os atrasos e as possíveis consequências da falta de pagamento. A solução acabou ficando para a nova gestão, encabeçada desde 2 de janeiro por Augusto Melo. O presidente e outros dirigentes do Corinthians têm mantido contato com o estafe de Rojas para tentar contornar a situação.
Até o momento da publicação dessa reportagem não havia acordo. A ida do caso à Fifa pode dar tempo ao clube, já que, mesmo em caso de condenação, é possível recorrer à Corte Arbitral do Esporte. Processos do tipo, quando sobem à última instância, podem levar mais de dois anos até uma sentença final. No entanto, a judicialização do caso pode encarecer a dívida alvinegra em caso de condenação. Isso porque, além da incidência de juros ao longo do período, um eventual pagamento terá de ser feito no exterior, com tributação superior a 15%.
Rojas não treinou nos últimos dias no clube e não deve mais vestir a camisa do Timão. Uma fonte consultada pelo ge diz que o atleta está no Paraguai resolvendo questões particulares.
Não é só dinheiro. Além do pagamento integral do contrato, o Corinthians corre o risco de sofrer punições disciplinares da Fifa. Por ter sido contratado no ano passado, Rojas se enquadra no que é chamado de "período protegido" da entidade – as primeiras três temporadas do contrato. Nesses casos, como forma de inibir o rompimento unilateral de contrato, a entidade máxima do futebol prevê a aplicação de sanções desportivas a clubes que cometerem justa causa para rescisão – entre elas, a falta de pagamento ao atleta por período superior a dois meses.
Uma das punições é a aplicação de “transfer ban”, a proibição do registro de novos jogadores. Em casos de “período protegido”, essa medida é aplicada mesmo se o clube pagar a dívida. O fato de ser réu primário nesse tipo de caso (as condenações recentes na Fifa foram em disputas contra clubes), joga a favor do Corinthians . Ao anunciar Rojas (na gestão de Duilio Monteiro Alves), o Corinthians informou que o contrato dele teria duração até junho de 2026. Porém, o registro na Federação Paulista de Futebol consta com validade até julho de 2027. O clube se manifestou sobre o caso por meio de nota na última quinta-feira.
Confira: "A diretoria do Sport Club Corinthians Paulista foi surpreendida pela notícia de que o atleta Matías Rojas não compareceu ao treino desta quinta-feira (29). Representantes do clube estão em contato com o estafe do jogador para entender os motivos que o levaram a tomar tal atitude e estudar as providências."