Quase 13 anos depois, Mario Gobbi está de volta à oposição do Corinthians. Desta vez, porém, como adversário do Renovação e Transparência, grupo político que ele ajudou a criar, e fazendo críticas à gestão de Andrés Sanchez, seu antigo aliado.
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Presidente do Corinthians em um dos momentos mais gloriosos da história do clube, de 2012 a 2015, Mario Gobbi tem 58 anos e está prestes a se aposentar da função de delegado. Ele está em fase final de articulação para lançar candidatura na eleição de novembro pelo Movimento Corinthians Grande, formado majoritariamente por ex-membros do grupo político de Andrés.
Mas o que explica o rompimento de Gobbi com seus antigos correligionários? Por que ele se afastou de Andrés? Entenda:
"Fogo amigo"
A relação entre os dois líderes políticos corintianos foi se desgastando ao longo do mandato de Gobbi. O delegado desejava comandar o clube ao seu estilo e se incomodava com o fato de Andrés não se afastar totalmente da gestão. Mesmo no cargo de diretor de seleções da CBF, o ex-presidente tentava interferir em decisões do dia a dia do Corinthians.
Por outro lado, defensores de Andrés apontam que Gobbi só foi eleito graças ao apoio do antecessor e que, em momentos de necessidade, recorria à ajuda do ex-presidente.
Mesmo à distância, Andrés Sanchez ainda tinha muito poder no clube, sobretudo nos assuntos relacionados à Arena. Além disso, homens de confiança dele também permanecerem em postos-chave da administração, sendo apontados como seus"olhos e bocas".
Aos poucos, no entanto, Gobbi foi afastando do Timão pessoas ligadas a Andrés. Assim, surgiram os primeiros boatos de desgaste entre os dois, o que era publicamente negado por ambas as partes. A distância do ex-presidente em relação ao restante da diretoria alvinegra no Japão, durante o Mundial de Clubes, também alimentou os comentários de que a dupla estava rachada.
A ruptura se intensificou no decorrer de 2013, com a saída de Tite (cuja permanência era defendida por Andrés e aliados), e atingiu o seu ponto mais agudo em 2014.
No último ano do mandato de Gobbi, Roberto de Andrade e Duílio Monteiro Alves deixaram o comando do futebol corintiano. O presidente se fechou com pessoas de sua confiança, como o diretor de futebol Ronaldo Ximenes, e iniciou uma reformulação no elenco, comandada pelo técnico Mano Menezes.
Os bastidores corintianos ficaram em efervescência. Gobbi afirmava a pessoas próximas que Andrés Sanchez agia nos bastidores para minar a sua gestão. A negociação para o retorno de Tite em 2015, sem consentimento do então presidente, foi o estopim para a crise.
Em entrevistas na época, Gobbi chegou a falar em "fogo amigo", mas evitou atacar Andrés Sanchez diretamente.
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As coisas no grupo (Renovação e Transparência) foram se distanciando dos princípios redigidos e, no segundo ano da minha gestão houve um rompimento tácito. Não houve estardalhaço porque só o Corinthians iria perder – afirmou Gobbi, em uma transmissão ao vivo pela internet na última segunda-feira.
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Eu não pertenço ao Renovação e Tranparência desde 2013. Só não fiz o que essa gentinha faz, que é dar uma reportagem, um cartaz, ficar fazendo com o nome do Corinthians o estardalhaço que eles fazem. Mas o clube, as alamedas do Parque São Jorge, estão cansadas de saber que eu não pertenço mais ao grupo.
Duas negociações com jogadores exemplificaram o rompimento entre Mário Gobbi e Andrés Sanchez no fim de 2014: as contratações do goleiro Danilo, morto na tragédia com a Chapecoense na Colômbia em 2016, e do atacante Dudu, à época no Dínamo de Kiev, da Ucrânia.
Favorito a vencer as eleições de fevereiro de 2015, o grupo de Andrés, que teria Roberto de Andrade como candidato, passou a pensar no planejamento do elenco ainda no fim de 2014. Em alta na Chape, Danilo acertou salários com o Corinthians, viajou a São Paulo para fazer exames e chegou até comprar um apartamento na capital paulista.
Gobbi e o diretor de futebol Ronaldo Ximenes souberam pela imprensa da negociação e decidiram não assinar o acordo – a intenção deles era promover goleiros da base. Danilo, então, renovou com a Chapecoense.
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Nesta gestão, ele (Danilo) não será contratado. Se o Roberto ganhar a eleição, e torço para que ele vença, aí ele poderá contratar. Eu falei com o Edu Gaspar e existia essa intenção (de contratar), mas já foi abortada – afirmou Ronaldo Ximenes, na ocasião, ao GloboEsporte.com.
Dudu viveu situação semelhante. Toda a negociação foi feita pelo grupo de Andrés no fim de 2014 e chegou a ser fechada por 3 milhões de euros (R$ 9,7 milhões na época). Disputado também pelo São Paulo, o atacante definiu a negociação com uma entrevista em que disse que gostaria de jogar pelo Corinthians.
Gobbi, porém, considerou o valor muito alto para o momento vivido pelo clube e decidiu não sacramentar o acerto. Irritados com o atrito político e a demora no desfecho, os empresários de Dudu acertaram dias depois a transferência para o arquirrival Palmeiras.
Mario Gobbi não participou da campanha para eleger Roberto de Andrade como seu sucessor. Mesmo irritado com os antigos correligionários, ele fez questão de usar a camisa da chapa Renovação e Transparência e posar para fotos ao lado de Andrés Sanchez no dia da votação.
Oposição?
Ao final de seu mandato, Gobbi desapareceu da política corintiana. Ele deixou de frequentar o clube social e não compareceu mais ao Conselho Deliberativo. O ex-presidente só voltou a participar das reuniões do órgão no ano passado.
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Fiquei quieto, calado, nunca mais falei nada, nunca mais fui ao clube, raramente vou às reuniões do Conselho. Acho que essa é a postura de um ex-presidente – disse.
A postura e o histórico de Gobbi geram críticas de adversários políticos no clube. Segundo os detratores, ele não é um opositor "raiz" e tenta se distanciar do antigo grupo político somente agora, quando os resultados desportivos e financeiros pioraram.
Nos bastidores do Parque São Jorge, também há dúvidas sobre qual será a postura do ex-presidente durante a campanha eleitoral. Embora tenha se afastado de Andrés Sanchez, eles não se tornaram inimigos.
Um episódio recente é usado para ilustrar como a relação entre os dois é complexa. Há pouco mais de um mês, durante almoço com membros da oposição do clube, Gobbi fazia críticas à atual gestão corintiana quando o seu celular tocou. Era Andrés Sanchez.
Após uma breve e cordial conversa, o delegado se despediu dizendo "um beijo, irmão", evidenciando que tem divergências, mas não inimizade com o ex-aliado.
Histórico
A relação entre Andrés Sanchez e Mario Gobbi começou no fim do século passado, quando o delegado se tornou sócio do clube, e ganhou força a partir 2002, quando ele virou conselheiro vitalício.
Em 2007, o então presidente corintiano Alberto Dualib renunciou ao cargo, e Gobbi foi um dos coordenadores da campanha que levou Andrés ao comando do Timão. Em dezembro daquele ano, com a equipe na Série B do Brasileirão, Gobbi passou a comandar o departamento de futebol do clube.
A parceria entre os cartolas teve sucesso, com o acesso corintiano à primeira divisão, a conquista de títulos importantes e a contratação de Ronaldo Fenômeno. Então, em dezembro de 2010, Gobbi deixou a diretoria para se dedicar à campanha presidencial para suceder Andrés.
Respaldado pelos bons resultados, o delegado foi eleito presidente do clube em fevereiro de 2012, com 60% dos votos. No cargo, ele faturou o Mundial e a Libertadores em 2012, o Paulistão e a Recopa Sul-Americana em 2013, e inaugurou a Arena Corinthians em 2014.
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Tudo mentira só pro Andrés sair e deixar seu capacho no poder chega de ditadura
Isso é balela só para enganar os otários sai o Andrés entra outro comparsa!!!!