O Corinthians ainda está em fase de testes. Fábio Carille, em início de trabalho, tenta encontrar a melhor formação tática e a melhor maneira de fazer o ataque funcionar. A vitória por 1 a 0 sobre o Novorizontino, nesta quarta-feira, pode não ter sido um espetáculo. Mesmo assim, serviu para o técnico reforçar convicções e tentar soluções para problemas que persistem na equipe.

Em entrevista coletiva após a partida, Carille tocou em três pontos importantes que ajudam a entender o que o técnico pensa sobre o atual momento do time:

– A mudança de esquema para o 4-2-3-1 serve para ajudar Fellipe Bastos;

– A falta de entrosamento ainda prejudica o desempenho do ataque;
– Jô recebe poucas bolas, e a comissão técnica busca soluções para municiar o centroavante.

Carille mostra paciência para arrumar os três quesitos e espera o mesmo da torcida, que bateu novo recorde negativo de público nesta quarta: apenas 11.708 pagantes na Arena Corinthians.

A sequência, porém, não será fácil: Audax, no sábado, fora de casa, e o clássico contra o Palmeiras, quarta-feira que vem, em Itaquera.
O jogo


Com novo esquema, Corinthians tenta ajustar ataque; Fellipe Bastos e Gabriel jogam juntos


A defesa vai bem, e a mudança para o 4-2-3-1 serviu para ajustar o setor depois da inesperada derrota por 2 a 0 para o Santo André. Gabriel ganhou a ajuda de Fellipe Bastos na missão de proteger a defesa, enquanto Fagner e Moisés, pelas laterais, foram bem na marcação de um Novorizontino que apostava no contra-ataque.

Com Fellipe recuado, Gabriel teve maior liberdade para subir ao ataque. No primeiro tempo do jogo desta quarta, o volante apareceu na área pelo menos duas vezes. Na melhor chance, recebeu passe de letra de Rodriguinho, mas foi travado na hora do chute. Como elemento surpresa, Gabriel pode render bem e auxiliar nas jogadas ofensivas.

Até aí, tudo em ordem. O problema continua sendo o mesmo dos primeiros jogos: a dificuldade em construir e finalizar a gol. E aí entram as duas últimas questões citadas por Carille. Cheia de mudanças, a linha de meio-campistas sofre com a falta de entrosamento. Mais à frente, Jô teve poucas oportunidades de participar do jogo.

O primeiro problema só se resolve com treino. E tempo para treinar. No CT Joaquim Grava, as atividades têm sido produtivas. Carille costuma dar atenção especial às triangulações e trocas de passes até a área adversária. Em campo, na hora do jogo, está difícil reproduzir o que o técnico pede nas atividades diárias. Os movimentos ainda não são automáticos, como eram nos bons tempos de Tite. É necessário dar tempo ao novo técnico.

A segunda questão é mais fácil de se ajustar. Nesta quarta, Rodriguinho jogou mais adiantado do que de costume. A missão? Aproximar-se de Jô. O centroavante ainda fica isolado em vários momentos do jogo, mas conseguiu participar de mais ações. Quanto mais chances tiver, mais poderá mostrar sua capacidade de finalização. É ele quem precisa ser o artilheiro desse time.


Nesta quarta, ainda havia outro elemento: Romero, que substituiu o lesionado Marquinhos Gabriel. Com o paraguaio em campo, o Corinthians ganhou profundidade, mas continuou sem poder de fogo na hora de chegar à área e resolver o jogo.

Com o ataque ainda em fase de ajustes, o Timão pôde contar com outra arma. Também fruto dos treinos no CT, as bolas paradas voltam a ganhar força. Numa delas, a cobrança de escanteio de Fagner, Pablo se posicionou muito bem entre os zagueiros do Novorizontino, mostrou uma impulsão notável e cabeceou para as redes.

O único gol do jogo lembra que Carille pode investir nesse tipo de jogada em partidas mais travadas. Com a proximidade da reestreia de Jadson, especialista em bolas paradas, o Timão tem ferramentas para aumentar seu repertório e fazer a torcida sofrer menos em 2017.


Pablo e Balbuena comemoram: com ataque em baixa, zagueiros viram arma importante (Foto: Futura Press)