Tuca trabalha há mais 25 anos como massagista no Vitória
Corinthians com vantagem de três gols, antigo rival em baixa e, principalmente, chance de estrear em Salvador, palco do início da carreira. O confronto de hoje com o Bahia, às 22h, na Itaipava Arena Fonte Nova, pela Copa do Brasil, envolve ingredientes mais do que especiais para Anderson Martins entrar em campo pela primeira vez com a camisa do Timão.
Mas isso tudo ainda soa menos importante do que a possibilidade de o zagueiro corintiano arrancar o sorriso do velho amigo Edmilton Predreira da Silva, o Tuca, massagista do Vitória há mais de 25 anos.
Deficiente visual desde os 16 anos, Tuca acompanhou de perto toda a trajetória de Anderson Martins no Barradão. Uma relação de “pai e filho” que já dura 15 anos.
– O Anderson, que eu chamo carinhosamente de Tonho, veio novinho para o Vitória, chegou aqui com 11 anos. A nossa proximidade veio através do Evangelho, nós caminhamos juntos no Evangelho. Temos uma relação especial – lembra ele, hoje com 48 anos e ainda fiel confidente dos jogadores do Vitória, ao LANCE!Net.
Tuca perdeu a visão, segundo ele, por causa de um erro médico.
– Descolei uma das retinas ao cabecear uma bola numa pelada. Mas a minha deficiência foi negligência médica. Era para o médico ter me operado, mas deu injeções no olho achando que era cansaço. Ele foi ignorante. A demora para acertar o tratamento afetou o outro olho. Perdi a visão total em dois meses – diz.
Anderson Martins é o atual reserva de Gil e Cléber no Timão
Mas isso não impediu o “pai baiano” ou “Shrek” de participar do momento mais complicado para o defensor, de 26 anos e natural de Fortaleza. Em 2009, com contrato perto de acabar e querendo ir embora, Anderson Martins foi convencido a ficar.
– Alguns agentes queriam dar um dinheiro para ele ignorar o Vitória, já que ele poderia assinar qualquer pré-contrato.
Chegaram a oferecer 500 mil para o Anderson. nChamei ele e disse que sair não seria correto. Perguntei: “O que você precisa? Quanto quer ganhar?” Ele escancarou tudo e disse que precisava de um apartamento para os pais.
Expliquei as exigências à diretoria e o contrato foi renovado por mais dois anos – relembra Tuca.
Pai, amigo, padrinho de casamento, conselheiro, massagista e até mesmo intermediário de negociação de contrato. Edmilton Pedreira da Silva é uma pessoa única na história de Anderson Martins. Uma história que pode ganhar um novo capítulo diante do Bahia. Cabe ao técnico Mano Menezes, que não deu pistas da escalação do time titular, colocar o novo zagueiro para jogar e, assim, encher Tuca de orgulho.
Homenagem no Dia dos Pais
Em 14 de agosto de 2011, domingo, Dia dos Pais, Anderson Martins fez questão de homenagear Tuca durante a partida entre Vasco e Palmeiras, em São Januário, pelo Brasileirão.
Ao lado do nome do pai, Luiz Martins, o zagueiro também escreveu o nome de Tuca na parte de trás da camisa. O gesto, além de emocionar o amigo massagista, que até hoje lembra da atitude do “filho”, deu sorte ao defensor. O time carioca venceu o Verdão, rival do Timão, por 1 a 0.