4/8/2014 17:38
Novo estudo encomendado pela Odebrecht aponta que contrapeso do guindaste estava errado
É a quarta análise realizada sobre o acidente acontecido em 2013 na Arena Corinthians. O único oficial e independente, do Instituto de Criminalística, aponta solo como causa
Peritos fazem vistoria após acidente na Arena Corinthians, em novembro de 2013 (Foto: Reginaldo Castro/ LANCE!Press)
Um novo estudo sobre o acidente acontecido com um guindaste na Arena Corinthians, em novembro de 2013, aponta que o contrapeso da máquina estava maior do que deveria. O relatório foi encomendado pela Odebrecht, construtora do estádio, e realizado por Fernando Mattos, perito e mestre em engenharia pela USP (Universidade São Paulo). A fabricante do guindaste é a empresa alemã Liebherr, já a responsável por manuseá-lo é a Locar Guindastes & Transportes Intermodais.
Segundo primeiras informações publicadas pelo jornal "Folha de S. Paulo", houve um erro na operação do guindaste. Na hora do acidente, o contrapeso utilizado era de 500 toneladas-força, quando, na verdade, deveria ser de 460 toneladas-força, de acordo com a análise do perito. Isso indicaria no "plano de rigging", projeto técnico das operações necessárias durante a movimentação de cargas com equipamentos de transportes verticais móveis.
Em 27 de novembro do ano passado, duas pessoas que trabalhavam nas obras da Arena Corinthians morreram depois que o superguindaste de 1,5 mil toneladas despencou.
- Meu estudo foi encomendado pela Odebrecht logo na época do acidente, em dezembro, e abrangeu só a parte de cima do solo, a parte do guindaste. Encontramos elementos bastantes conclusivos sobre o caso -afirmou o engenheiro Fernando Mattos ao LANCE!Net, no primeiro momento em que foi procurado.
Depois, em novo contato por e-mail , feito a pedido de Mattos, ele disse que só poderia revelar o teor e as conclusões do estudo depois da autorização expressa da Odebrecht, empresa contratante. E ressaltou que é uma "prática normal do mercado de obras de infraestrutura contratar especialistas e consultores de sua confiança para apurar as causas de eventuais sinistros e a partir daí tomar as ações necessárias para se evitar a reincidência de problemas parecidos em outras obras".
Este é o quarto estudo realizado sobre o caso. No início de abril, análise encomendada pela fabricante do guindaste, a Liebherr, e realizado pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), apontou falha no solo. Duas semanas depois, a Odebrecht divulgou estudo contratado por ela, feito pela GeoCompany, que descartou a hipótese de o solo ter causado o acidente.
Já em julho, foi a vez de o Instituto de Criminalística da Polícia Civil, que realizou o primeiro estudo independente, divulgar laudo, afirmando que "a compactação do 'solo superior' não foi suficiente para aguentar o peso do guindaste". Nove pessoas, sendo sete funcionários da Odebrecht e dois da Locar, já foram indiciadas pela polícia.
Procurada pela reportagem do LANCE!Net, a Odebrecht não se pronunciou sobre a nova análise, feita por Fernando Mattos.
Já a Locar respondeu que "reconhece o único laudo oficial, elaborado pelo Instituto de Criminalística e de conhecimento público desde junho passado, que aponta o solo — cuja preparação, nivelamento e estabilidade não eram de sua responsabilidade conforme contrato e ata celebrados antes do início dos trabalhos—, como a exclusiva razão da queda do guindaste."
O que diz a Locar:
"Com relação ao acidente ocorrido em 27 de novembro do ano passado durante as obras da Arena Corinthians, a Locar Guindastes e Transportes Intermodais entende não serem válidos quaisquer estudos particulares contratados por empresas envolvidas no processo. A Locar reconhece o único laudo oficial, elaborado pelo Instituto de Criminalística e de conhecimento público desde junho passado, que aponta o solo — cuja preparação, nivelamento e estabilidade não eram de sua responsabilidade conforme contrato e ata celebrados antes do início dos trabalhos—, como a exclusiva razão da queda do guindaste.
Por fim, a Locar repudia qualquer tentativa de desqualificar este fato determinado no laudo oficial do Instituto de Criminalística, e entende que tais atitudes demonstram apenas tentativas de confundir a opinião pública acerca dos acontecimentos. E reitera sua total confiança na independência e seriedade da Justiça brasileira para o aclaramento da verdade e a responsabilização dos culpados."
PASSO A PASSO:
O acidente
Na manhã de 27 de novembro de 2013, um guindaste de 1,5 mil toneladas e 114 metros, que estava sendo utilizado para a colocação da última peça metálica da cobertura do prédio sul da Arena Corinthians, desabou e matou duas pessoas.
Sem registros
Em janeiro de 2014, a Odebrechet divulgou, em nota oficial, que a "caixa-preta", um mecanismo que armazena informações operacionais e ajudaria nas investigações, não registrou nenhum dado na data do acidente. E pressiona pela divulgação dos dados.
Laudo encomendado pela Liebherr
A construtora do guindaste, empresa alemã, Liebherr encomendou um estudo em abril deste ano. O laudo realizado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) apontou o afundamento do solo como principal causa do acidente.
Laudo encomendado pela Odebrecht
Também em abril de 2014, a Odebrecht contratou a GeoCompany para realizar um estudo sobre as causas do acidente. Num parecer de mais de mil páginas, a empresa concluiu que o solo não foi o responsável pelo acontecido e que a superfície do terreno estava de acordo com as definições do fabricante do equipamento.
Parecer da Polícia Civil
Segundo laudo do Instituto de Criminalística da Polícia Civil, a causa principal do acidente foi mesmo um problema no solo. Por conta disso, nove pessoas foram indiciadas. Dentre elas, sete funcionários da Odebrecht e dois da Locar, empresa responsável pela operação do guindaste.
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