Na última quarta-feira, o vice-presidente do Corinthians, Armando Mendonça, realizou uma extensa entrevista em São Paulo, na qual negou as alegações de desvio de materiais do clube. Ele manifestou a sua crença de que poderia estar sendo alvo de intrigas políticas e apontou inconsistências no relatório que foi elaborado internamente pelo Corinthians, descrevendo-o como “enviesado”.

“Não esperava enfrentar o que está acontecendo. Estou absolutamente certo de que não cometi nenhum ato prejudicial ao clube. Por respeito ao presidente e às instâncias internas, esclareci a situação ao Cori, provei com documentação. Fiz o mesmo para as autoridades policiais. É necessário esclarecer a injustiça que estou sofrendo. A política é parte do jogo, mas destruir a reputação de alguém em um instante é inaceitável,” desabafou Armando.

O vice-presidente ressaltou que sua reputação é fundamental para sua profissão como advogado e para sustentar sua família. “No Corinthians, é preciso comprovar a honestidade. Jamais desviei qualquer material do clube, salvo em situações normais de viagem ou eventos institucionais, que são obrigações da presidência. As informações que circulam são falsas. O relatório apresenta falhas ao tratar da minha conduta”, afirmou.

De acordo com a auditoria interna do Corinthians, foram identificadas irregularidades na gestão dos materiais esportivos fornecidos pela Nike. O relatório indicava que Armando era responsável pela gestão desde maio e teria retirado 131 itens que não estariam dentro da cota destinada para “camisas para relacionamento da diretoria”. Contudo, Armando refutou essa afirmação, apresentando documentos que comprovariam que, dos 131 itens mencionados, apenas 47 foram realmente retirados por ele, com autorização devidamente assinada.

Ele também esclareceu que 84 dos itens listados apenas continham sua autorização, mas não tinham sido solicitados por ele; 62 desses itens sequer saíram da custódia do clube. “Não há desvios de 131 materiais. Isso é uma inverdade. O relatório não apresentou comparações necessárias para fundamentar suas alegações. Eu não sou o responsável pela retirada; a atribuição é do diretor administrativo”, explicou.

Armando Mendonça apontou outro erro no relatório, revelando que três funcionários do Departamento de Tecnologia foram apontados como auditores do processo, mas na verdade, não assinaram o documento. Depois de ter acesso ao relatório e notar inconsistências, ele notificou os auditores extrajudicialmente, e posteriormente, curiousamente, o documento foi alterado, excluindo um dos nomes.

Particularidades no relatório levantaram preocupações, incluindo informações de que Armando teria ameaçado auditores. Entretanto, o vice nega veementemente essas acusações, afirmando que não interrompeu reuniões ou causou constrangimentos. Em sua defesa, Armando relatou que até contatou o representante da Nike, que negou qualquer mal-estar causado.

Sobre a questão de uniformes, Armando explicou que, após um recente jogo da NFL, solicitou que as camisas sobressalentes fossem guardadas. Ele retirou um número limitado delas para presentear colaboradores, mas, após pedido do presidente, garantiu que o item solicitado estava seguro ao invés de ser distribuído.

Armando também criticou a falta de comunicação durante o processo de auditoria, já que tanto ele quanto o diretor administrativo não foram consultados para esclarecer quaisquer dúvidas. “Em dois meses e meio, não recebi questionamentos. Se tivessem me procurado, o resultado poderia ter sido outro,” concluiu.

Com o intuito de se defender, o vice-presidente solicitou uma auditoria externa, garantindo que se fosse constatada qualquer irregularidade, ele se afastaria do cargo. “Acredito que apenas uma empresa especializada e independente pode validar o processo. Estou no Corinthians para somar e não para prejudicar minha vida pessoal,” finalizou Armando.

O presidente do Corinthians, Osmar Stabile, enviou o relatório de auditoria ao Conselho Deliberativo, que por sua vez encaminhou para a Comissão de Justiça para uma investigação detalhada dos fatos, além de ser monitorado também pela Comissão de Ética do clube e pela Polícia Civil. Armando afirmou estar à disposição para esclarecer tudo o mais rápido possível. “Contatei o presidente do CD, Romeu Tuma Júnior, solicitando uma audiência urgente,” disse, encerrando a entrevista.