Duilio Monteiro Alves foi o primeiro presidente do Corinthians em 36 anos a terminar o mandato sem conquistas no futebol masculino profissional. Porém, deixou o comando do clube dizendo-se orgulhoso de ter reduzido o endividamento: – Meu título era pagar as contas, e nesse quesito fomos campeões – disse o cartola, ainda no fim de 2022. Entretanto, dados do balanço financeiro do Corinthians em 2023 mostram que o clube ainda enfrenta uma situação econômica difícil. A dívida bruta, somando as obrigações do dia a dia e o financiamento da Neo Química Arena, chega a quase R$ 2 bilhões. Para obter um raio-x da situação econômica alvinegra após a gestão Duilio, o ge apresenta dados dos balanços do Timão, os argumentos da antiga administração alvinegra e a opinião de especialistas no assunto. Veja abaixo!
Afinal, a dívida caiu? Essa pergunta não é tão fácil de responder quanto parece. Isso porque há diferentes formas de calcular o endividamento de um clube ou empresa a partir dos dados do balanço financeiro, e o próprio Corinthians tem divergências. A antiga diretoria soma os passivos e subtrai o ativo circulante e o realizável a longo prazo. A partir dessa fórmula, a dívida alvinegra atualmente é de R$ 1,58 bilhão , sendo R$ 885,8 milhões referentes a obrigações do clube, mais R$ 703,1 milhões do financiamento da Neo Química Arena. Desta forma, Duilio teria reduzido o passivo do clube, mas elevado a dívida total (uma vez que o saldo do financiamento da arena com a Caixa saltou de R$ 566,8 milhões para R$ 703,1 milhões no mandato dele).
Em documento enviado aos membros do Conselho Deliberativo, o Corinthians apresentou o seguinte gráfico: Porém, há uma outra fórmula de cálculo do endividamento. O ge soma os passivos e subtrai as receitas a realizar e o que há disponível em caixa. Com esses critérios, a dívida é de R$ 1,96 bilhão , sendo R$ 1,26 bilhão de obrigações do clube e R$ 703,1 milhões referentes à arena . Ou seja, o saldo a pagar aumentou durante a gestão do ex-presidente.
É inegável o aumento das receitas do Corinthians ao longo da gestão Duilio. Em 2020, o clube faturou R$ 404 milhões. Corrigido pela inflação (IPCA), esse valor corresponde a R$ 486 milhões atualmente. Já em 2023, o Timão teve uma receita bruta de R$ 953,8 milhões, além de mais R$ 56,2 milhões arrecadados com a Neo Química Arena.