A escalação de Willian no segundo jogo contra o Flamengo pelas quartas de final da Libertadores foi mais um capítulo da falta de planejamento da direção corintiana.



A derrota do Corinthians por 1 a 0, no Maracanã, e sua consequente eliminação não foram determinadas pela participação do ex-jogador da seleção brasileira na partida. Porém, como a diretoria já sabia do desejo do meia-atacante de sair, o melhor seria resolver a situação antes do confronto decisivo com o rubro-negro e não contar com ele.

Na opinião deste colunista, seria mais interessante utilizar alguém que se sente seguro para jogar pelo clube e que seguiria sendo útil ao técnico Vítor Pereira. Minutos depois da eliminação, Duilio Monteiro Alves, presidente corintiano, deu entrevista confirmando a possibilidade de Willian sair. Disse que o assunto seria resolvido no dia seguinte. A rescisão não havia sido anunciada oficialmente até a conclusão deste post.

Como a diretoria não foi ágil para resolver o problema, o treinador poderia ter tomado a iniciativa de não escalar Willian.

O Alvinegro precisava vencer por três gols de diferença ou construir uma vantagem de dois tentos para levar a decisão da vaga para os pênaltis. Nesse cenário, era preciso concentração total. Todos tinham que estar 100%. Será que um cara que quer deixar o clube porque teme pela segurança de sua família estava em totais condições de atingir o seu melhor desempenho?

Um jogador que no dia seguinte vai decidir a sua saída do clube por conta de uma situação tão delicada consegue ficar com a cabeça totalmente no jogo? No mínimo, a situação gera dúvida. Num jogo desses, na dúvida é melhor evitar. A diretoria não deveria ter deixado a decisão para o treinador. Tinha que resolver a questão antes para o bem de todos. Do atleta, que busca a tranquilidade perdida por sua família, do técnico, que precisa de jogadores inteiros e do clube, que tem que tocar a sua vida, pensar no seu futuro. Não se trata de desconfiar que Willian não se empenharia ao máximo. É que atingir a plenitude nessas condições não é uma missão fácil.

Como empregadores, os dirigentes corintianos também tinham que preservar o bem-estar de seu funcionário. Ou seja, se ele se sente mais seguro fora do clube, que se desligue rapidamente. Caso alguém acredite que Willian arrumou desculpa para abandonar o Alvinegro, deve fazer o exercício de se colocar no lugar dele. Imaginar se conseguiria trabalhar com seus familiares sendo ameaçados justamente por seu desempenho no trabalho.

Segundo pessoa próxima ao jogador, as duas filhas e a mulher de Willian quase não saíam mais de um condomínio por medo de ameaças feitas por supostos torcedores insatisfeitos com o rendimento do jogador. De acordo com o relato, depois de registrar o segundo boletim de ocorrência contra as ameaças, no início de junho, Willian enxergou que essa não era a vida que ele queria para sua família.

A sensação de insegurança não passou desde então. E ele optou por negociar a saída. A direção corintiana já havia falhado várias vezes no planejamento da equipe para esta temporada. Segurou Sylvinho no final de 2021 para optar pela demissão no começo de 2022, perdendo tempo precioso. VP encontrou um elenco mal montado, sem equilíbrio entre titulares e reservas e com veteranos como pilares da equipe.

Gabriel, o melhor primeiro volante disponível, foi liberado para o Inter. Mais tarde, em busca de um atacante, Mantuan, um dos melhores do setor ofensivo, foi envolvido, juntamente com o goleiro Ivan, na troca por empréstimo com o Zenit por Yuri Alberto.

Dessa forma, o Corinthians brigou por uma vaga nas semifinais da Libertadores contra o Flamengo com jogadores que ainda buscam entrosamento (Yuri, Balbuena e Fausto) e com um atacante que queria sair do clube. Não é surpreendente que tenha dado tão errado. Segundo o site Footstats, Willian fez duas finalizações no Maracanã. e acertou uma. Yuri não finalizou.



Corinthians, 2022, Willian