Técnico do Corinthians na arrancada de nove vitórias seguidas do Campeonato Brasileiro do ano passado e na conquista do título do Paulistão deste ano, o argentino Ramón Díaz durou apenas 21 dias depois de ter levantado o troféu que tirou o Alvinegro da fila de quase seis anos sem conquistas. Os maus resultados nos últimos jogos e a crítica pública de Memphis Depay na zona mista após a derrota, por 2 a 0, para o Fluminense , na última quarta, não foram os únicos fatores que contribuíram para a queda do treinador. Abaixo, o ge detalha questões do dia a dia que ajudaram a derrubar Ramón Díaz.
Insatisfação do presidente Augusto Melo não vinha sendo o maior fã do trabalho de Ramón Díaz havia algumas semanas. No ano passado, o presidente cogitou demiti-lo depois de o Timão ser eliminado na fase semifinal da Copa Sul-Americana para o Racing, da Argentina. Naquele contexto, no entanto, o Corinthians emplacou a arrancada no Brasileirão e salvou o pescoço de seu treinador. No início deste ano, o cenário se repetiu com a eliminação precoce na Conmebol Libertadores - fato que deve representar um impacto negativo na exposição de marca do clube e nas finanças de 2025. Logo após a queda no torneio, o Timão conseguiu o título do Paulistão com vitórias convincentes em cima de Santos e Palmeiras. Com o início ruim de Brasileirão, porém, o presidente não quis saber de conversa e esteva determinado a mandar embora Ramón Díaz. Mesmo com o executivo Fabinho Soldado sendo contrário, pesou a palavra de Augusto Melo, que exigiu melhor equilíbrio tático da equipe.
Quem acompanha os trabalhos do Corinthians no dia a dia relata que as sessões de treinamento tinham pouca variação. Embora a comissão técnica tenha tido pouquíssimo tempo para ajustar a equipe por conta do calendário apertado, as atividades tinham quase sempre a mesma dinâmica. Segundo apurou a reportagem, houve descontentamento por parte de alguns jogadores pela rotina batida e sem novidades.
Além das atividades em campo, o relacionamento com os funcionários chegou a ser um problema para Ramón Díaz. O comandante sempre foi mais próximo de seu filho Emiliano Díaz e de seus auxiliares Bruno Urribarri e Osmar Ferreyra - todos argentinos. O único brasileiro mais próximo do quarteto era o preparador físico Diego Pereira, membro da comissão técnica de Ramón e que acabou sendo mandado embora junto com o treinador. No mais, o ex-técnico do Timão se relacionava pouco com os funcionários, nem sempre se mostrava disposto a ouvi-los e, não raro, esquecia os nomes de pessoas com quem lidava diariamente no CT Joaquim Grava.
Dentro de campo, o principal problema do Corinthians nesta temporada foi com o sistema defensivo. Até aqui, em 26 partidas, o Timão sofreu 28 gols - número considerado altíssimo pela diretoria. Ao longo do ano, Ramón Díaz testou oito linhas de defesa diferentes , porém não conseguiu acertar a mão em seu trabalho. Nos dois últimos jogos, o Timão sofreu quatro gols, não marcou e foi presa fácil para os adversários.
Houve também uma crítica interna sobre o baixo aproveitamento dos garotos durante a gestão de Ramón Díaz. A única exceção foi o volante Breno Bidon, titular durante a maior parte da passagem do argentino pelo Parque São Jorge. Nomes como Gui Negão, Renato (agora emprestado ao Atlético-GO) e Kayke receberam poucas oportunidades. Os garotos do elenco sub-20, que terminaram a Copinha com o vice-campeonato, praticamente apenas completaram os treinamentos no CT Joaquim Grava e não tiveram oportunidades nos jogos.