Um acordo entre a Ponte Preta e o ex-zagueiro Rodrigo, homologado nesta quinta-feira pelo juiz Marcelo Chaim Chohfi, da 5ª Vara do Trabalho de Campinas, pode ser a peça que faltava para o Corinthians oficializar a contratação do goleiro Ivan, desde a semana passada treinando no clube à espera do anúncio.

É que existia uma restrição envolvendo Ivan no processo movido por Rodrigo contra a Macaca, hoje na casa dos R$ 3,9 milhões, por pendências em pagamentos nas duas passagens do ex-jogador pelo Majestoso (salários atrasados, fundo de garantia, cláusula compensatória, verbas rescisórias, entre outros).



Em 2020, quando a Justiça determinou a penhora de cotas da Ponte pela dívida com Rodrigo, a decisão também falava que os valores de uma "eventual transferência do goleiro Ivan" deveriam ser depositados em juízo "limitado ao valor da execução".

Não era um impedimento para qualquer negociação, como fez questão de frisar Chohfi na sentença desta quinta-feira, mas era uma restrição que vinha atrapalhando o registro dele na CBF por parte do Corinthians.

No acordo, além de ter 5% do valor bruto das cotas da Copa Brasil e da Série B depositadas em juízo, o que vem acontecendo desde 2020, a Ponte ainda terá retidos 5% da cota do Campeonato Paulista a partir de 2023, até o pagamento integral do débito – que aumenta conforme juros e correção.

Se a Ponte for rebaixada em alguma competição, também ficou acordado que pode ser feito o pedido de outras penhoras, como patrocínio e venda de jogadores.

Revelado pela própria Ponte no início dos anos 2000, Rodrigo foi dispensado no início de 2018. O último ato dele com a camisa alvinegra foi a polêmica expulsão no jogo contra o Vitória, que decretou o rebaixamento da Macaca no Brasileirão de 2017. Desde então, ele não atuou mais profissionalmente.

A reportagem do ge teve acesso ao processo, que é público, e entrou em contato com a assessoria de imprensa da Ponte, que confirmou a informação, assim como os advogados Filipe Rino e Thiago Rino, representantes de Rodrigo na ação.

A transferência de Ivan para o Corinthians envolve uma dívida da Ponte com o empresário Fernando Garcia.

Gestões anteriores da Ponte fizeram empréstimos junto a Garcia com a venda de Ivan como garantia. Com juros e correções, o valor chega a aproximadamente R$ 11 milhões.

Agora, como forma de "pagamento", a Ponte vai liberar Ivan sem ônus, enquanto a empresa de Garcia assinará um termo de quitação da dívida. Nesse caso, os demais detalhes ficam para ser acertados diretamente entre o Corinthians e o empresário.

A tendência é de que o Corinthians compre 50% dos direitos econômicos e parcele o valor (não revelado) em mais de dois anos. A outra metade ficará com Ivan no papel, já que é proibido que direitos econômicos pertençam a terceiros, mas na prática deve servir para Garcia terminar de receber o que investiu no goleiro em uma eventual transferência futura.



Com 24 anos, duas convocações para a Seleção principal e titular no último Pré-Olímpico, Ivan chegará ao Corinthians para fazer sombra para Cássio, que recentemente renovou contrato até o fim de 2024. Além dele, o técnico Sylvinho conta com os goleiros Matheus Donelli, Guilherme Pezão e Carlos Miguel.