Eliminado com o Corinthians nas oitavas de final da Copa do Brasil, após empate por 1 a 1 no Independência, o técnico Vagner Mancini concedeu entrevista coletiva nesta quarta-feira e, assim como fez o presidente Andrés Sanchez, reclamou do pênalti marcado para o América-MG.

O dirigente disse que a marcação de toque da bola no braço de Lucas Piton foi "uma vergonha". Mancini foi um pouco mais ponderado, mas também não concordou com a decisão do árbitro Wagner do Nascimento Magalhães:


– Hoje, infelizmente, estamos fora da Copa do Brasil, por um erro de arbitragem. Foi um lance interpretativo, mas o atleta do América-MG estava entre a bola e nosso jogador. Essa disputa é de muita interpretação. O árbitro errou em dar o pênalti. Mas isso não justifica. Temos que melhorar, sim, na temporada. Já que nos resta apenas o Brasileiro, temos que focar em recuperar os pontos, subir na tabela, mostrar um jogo diferente, de um time que pensa de uma forma diferente, tem que haver uma imposição dentro de campo diante de todas as equipes, como houve contra o Inter, um adversário poderoso. Embora tenha tido alguma evolução, a evolução maior tem que acontecer agora.

O foco da equipe agora fica exclusivamente no Campeonato Brasileiro, em que o time ocupa a 11ª posição com 24 pontos. A distância para a zona de rebaixamento atualmente é de cinco pontos. O técnico fala em acabar com a oscilação entre as partidas.

– Nosso estágio real é exatamente o de oscilação, o que me preocupa, mas que eu sei que, com o passar do tempo, vamos diminuindo jogo a jogo. O Corinthians demonstrou evolução em muitas coisas, mas em outras não. E vamos ter que trabalhar. Agora, curiosamente, a gente vai ter tempo de trabalho. Isso vai jogar a favor de uma equipe que quer se recuperar na temporada, que tinha algumas ambições e elas foram, aos poucos, escapando – afirmou.

Sem Otero e Fábio Santos, o técnico apostou nas escalações de Mateus Vital e Lucas Piton no time titular com a intenção de mexer o mínimo possível na equipe que venceu o Inter por 1 a 0. Com 30 minutos, perdeu Cazares machucado e apostou no atacante Everaldo, deixando Luan para o final.

A delegação permanece na capital mineira e depois irá diretamente a Goiânia, onde, no sábado, enfrenta o Atlético-GO, pelo Brasileiro, às 21h (de Brasília), no Estádio Olímpico Pedro Ludovico.

– A saída do Cazares e a entrada do Everaldo era exatamente em cima da velocidade que queríamos ter. A entrada do Vital para dentro e Everaldo por fora para acelerar o jogo. A entrada dos dois volantes no intervalo foi o que melhorou a equipe na segunda etapa, tínhamos uma iniciação lenta e pesada (com Xavier e Éderson), Cantillo e Gabriel deram vivacidade à equipe, foi o tempo em que jogamos melhor nos 180 minutos, envolvemos, saímos na frente e tivemos boas oportunidades. Davó saiu por parte física, não vinha jogando, fez dois jogos em três dias, a entrada do Léo Natel foi para dar gás novo, vencíamos por 1 a 0 e queríamos matar a partida para não sofrer no final.


Mancini admitiu que não viu nos dois jogos contra o América-MG o Corinthians que quer ver em seu comando. Em sua apresentação, afirmou que faria o time "voltar a ser Corinthians".

– Tivemos dificuldade nos dois jogos. No primeiro tempo do primeiro jogo e no segundo da segunda partida fomos superiores, embora tenhamos tomado o empate hoje. Houve equilíbrio no segundo tempo da Arena e no primeiro tempo daqui em Minas o América foi melhor. Nossa equipe com muita lentidão na saída de bola proporcionou ao América várias saídas de transição rápida, impactou no jogo. Essa grandeza do Corinthians vai voltar aos poucos, vivemos um momento difícil por ter sido eliminado, mas não vamos abaixar a cabeça e dizer que está tudo errado, a equipe vem evoluindo.

– O Corinthians tem que ter a cara do Corinthians, mas também tem de jogar um bom futebol. Fez isso no sábado, e hoje não. Melhorou muito na segunda etapa, mas muito abaixo na inicial, isso me incomoda muito e nos faz ter de buscar alternativas. A imposição citada é a que venho pedindo e tenho certeza de que é um diferencial de uma equipe da grandeza do Corinthians. É um clube gigante que tem de recuperar essa imposição seja na parte física, técnica ou tática. É em cima disso que estamos lutando. Não gosto de ver a equipe assim em campo, nos incomoda e tem chamado a atenção. Hoje tinha a parte psicológica de um time que tinha de se recuperar depois de perder por 1 a 0, isso gera a ansiedade. Concordo que a imposição tem que voltar, e vai voltar, a cara do Corinthians não é essa, vamos em busca deste resgate o mais rápido possível.

Veja mais trechos da coletiva:

Jô volta ao time?

– A volta do Jô é uma volta pensada, equilibrada, diante de um cenário que não é aquele que ele estreou. Eu nem estava aqui no Corinthians, mas é importante falar sobre isso, o atleta antecipou a sua volta e isso gerou uma série de complicações, não só de ordem física, como também de lesões. Então, nossa cabeça para isso hoje é que o Jô retorno à equipe a partir do momento que ele tiver uma base montada fisicamente para executar aquilo que foi pedido.

Lesão de Cazares

– Hoje, infelizmente, tivemos a lesão do Cazares, não sabemos até quando ele vai desfalcar a equipe, mas temos outros jogadores que podem cumprir, talvez não com a eficiência dele, mas com ganho em outras coisas, assim é o futebol. Às vezes você perde um jogador e acaba descobrindo outro. Perdemos Jô e Boselli e descobrimos o Davó. Já tínhamos descoberto o Mantuan em posição diferente. Essa é a luta do treinador, e hoje tenho um elenco com atletas alguns desgastados pela sequência, outros que estão loucos para entrar, e nesse mix a gente vai tentando achar a equipe ideal para cada jogo até que a equipe ideal seja encontrada e a gente tenha uma sequência satisfatória.

Há respaldo da diretoria?

– Eu me sinto respaldado, sim. Temos um dia a dia muito leal no Corinthians, é importante dizer isso. Em época de pandemia, muita gente não tem acesso ao que está acontecendo, e o nosso dia a dia é maravilhoso em todos os sentidos. É feito em cima de cobranças e elogios, cobranças que o futebol oferece, pressão que todos nós temos. E a pressão não é só externa, é interna em cada um de nós que vivemos o futebol e sabemos que tem de ser dessa forma. A parte administrativa cuida de tudo que é dela e eu cuido da parte técnica.


– Não posso entrar aqui em questões salariais ou em qualquer tipo de coisa. Estou aqui para realmente tentar responder com a maior leveza possível aquilo que estou vendo da equipe. Vejo algum tipo de evolução em algumas coisas e vejo involução em outras. Tem muita coisa ainda a ser feita, talvez com a eliminação da Copa do Brasil a gente tenha mais tempo para preparar a equipe em termos táticos, técnicos e físicos para que a equipe possa corresponder de uma forma significativa nos jogos.




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