O déficit do Corinthians em 2019 bateu recorde: R$ 177 milhões. Nunca o clube fechou um ano com números tão ruins. Segundo a Pluri Consultoria, as principais causas do problema corintiano foram o aumento de 23% nas despesas e a redução de 62% nas receitas com vendas de atletas, em comparação com 2018. O curioso é que o cenário se consolidou em uma temporada que registrou crescimento de 17% do mercado como um todo.



Andrés Sanchez deixará o cargo de presidente do Corinthians em novembro

Para não dizer que o último balanço da gestão alvinegra não apresentou nenhum ponto positivo, o relatório da Pluri apontou para um aumento de 57% da receita obtida com os departamentos de Marketing e Comercial, assim como de 5% com o MatchDay, que representa as ações em dias de jogos.

VEJA AS PRINCIPAIS ALTERAÇÕES FINANCEIRAS ENTRE 2018 E 2019:

-Receita Bruta Total caiu 9% e ficou em R$ 426 milhões.
-Despesas com futebol subiram 15% e foram para R$ 436 milhões.
-Receita Recorrente subiu 9% e foi para R$ 381 milhões.
-Despesa Financeira Líquida subiu 57% e foi para R$ 71 milhões.
-Receita com Transmissões + cotas de participação caiu 4% e foi para R$ 192 milhões.
-Déficit do exercício subiu 842% e foi para R$ 177 milhões.
-Receita com vendas de atletas caiu 62% e foi para R$ 45 milhões.
-Endividamento Líquido subiu 39% e foi para R$ 765 milhões.
-Receita com Matchday subiu 5% e foi para R$ 80 milhões.
-Relação Dívida Líquida / Receitas Totais subiu 54% e foi para 1,8x.
-Receita com Marketing + Comercial subiu 57% e foi para R$ 82 milhões.
-Relação Dívida Líquida / Receitas recorrentes subiu 28% para 2,0x.
-Receita vinda diretamente do torcedor se manteve estável, em R$ 147 milhões.
-Necessidade de Capital de Giro subiu 76% e foi para R$ 461 milhões.
-Despesas totais subiram 23% e foi para R$ 603 milhões.
-Patrimônio Líquido caiu 94% e foi para R$ 12 milhões.

NÃO É DE HOJE

A percepção do quão ruim foi o ano de 2019 para o Corinthians no segmento das finanças fica ainda mais evidente quando os números são comparados não só com a temporada anterior ao último balanço.

As despesas com futebol, por exemplo, cresceram 15% nesse período, mas, em relação aos últimos três anos, essa evolução representa 46%, segundo o relatório da Pluri Consultoria.

O resultado financeiro líquido apresentou uma piora de 57% entre um ano e outro. Porém, o baque é de 2534% se levarmos em consideração os três anos anteriores.

Outro ponto que demonstra como o Corinthians vem perdendo o controle da administração ideal para o clube há tempos é percebido no endividamento líquido, que cresceu 39% em um ano (de 2018 para 2019), 80% nos últimos três anos e 106% nos últimos cinco anos.

A dívida tributária do clube em 2015 era de R$ 185 milhões. Em 2019, fechou em R$ 380 milhões.

REPERCUSSÃO INTERNA

No Conselho Deliberativo, não é pequena a ala que defende a reprovação das contas. O presidente Andrés Sanchez já ameaçou até mesmo antecipar as eleições presidenciais marcadas para 28 de novembro, caso tal atitude se confirme por parte do órgão fiscalizador.

A gestão atual, ciente da necessidade de mudar o rumo da administração, chegou a implantar em 2020 mudanças significativas, como redução da folha salarial do elenco e da comissão técnica.

A pandemia do coronavírus, que assola o Brasil e praticamente todo o mundo, no entanto, acabou evitando qualquer sinal de recuperação. Pelo contrário. Com a queda em todas as fontes de receita devido a paralisação do futebol, o Corinthians sequer conseguiu pagar o salário dos jogadores nos últimos três meses, e tem acumulado pendências.

As negociações sobre a dívida com a Arena Corinthians, que estavam em curso e avançadas, também foram prejudicadas pela pandemia.

Aliás, também não há data confirmada para o CD se reunir para votar as contas de 2019 justamente por causa das medidas de prevenção contra a propagação da Covid-19.



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