As torcidas organizadas de clubes de futebol são marcadas há décadas pelos atos violentos promovidos dentro e fora dos estádios por membros delas, crítica também citada após a liderança dos grupos nos protestos do último domingo (31). Mas há um estudo que aponta que a maior parte desses torcedores não se envolvem em ações violentas.
No podcast Posse de Bola #35, o jornalista Juca Kfouri analisa o percentual de torcedores violentos apontando dados do sociólogo Maurício Murad, que estuda o caso das torcidas de futebol e já publicou livros a respeito do assunto.
"Falando de ciência, é difícil falar de ciência no Brasil hoje em dia, não é? Tem pesquisas feitas pelo professor Murad, que é certamente um dos grandes especialistas sobre questão violência de torcida no Brasil. Ele diz que no máximo 7% dos torcedores organizados são os da violência", afirma Juca.
"Eu diria a você que essa é uma porcentagem muito menor do que na população brasileira tem de gente violenta. Então, vamos parar com essa coisa de dizer que torcida organizada é sinônimo de violência. Não é não, é a minoria, e seria muito fácil parar com isso, não se para porque não quer", completa o jornalista.
Eduardo Tironi pondera que as ações dos torcedores violentos acabam ganhando maior evidência e compara também com a reação das pessoas que se notabilizam pelo discurso mais violento nas redes sociais.
"A questão é que, assim como a gente vê nas mídias sociais, por exemplo, esse tipo de gente mais violenta é mais barulhenta, eles estão toda hora na ativa e tudo mais. E são esses caras que podem ser uma minoria, de fato, das organizadas, são caras que, quando entram em ação, fazem muito barulho, depredam e fazem muito mais coisas. E o que esses caras fazem, realmente tem notoriedade, tem tamanho, tem repercussão", conclui Tironi.
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