31/5/2020 12:12

Clubes da Série A mantêm postura sobre clube-empresa apesar da pandemia

Clubes da Série A mantêm postura sobre clube-empresa apesar da pandemia
Sem jogar desde março, os clubes da Série A do Campeonato Brasileiro traçam alternativas para superar a falta de arrecadações. Pauta recorrente em 2019, os Projetos de Lei nº 5.082/16, já aprovado na Câmara dos Deputados e nº 5516/19, em discussão no Senado, que abordam a transformação da gestão associativa dos clubes para o molde empresarial, se esfriaram em decorrência da propagação do novo coronavírus. Contudo, a decisão dos clubes não mudou e a maioria deles continua enxergando os projetos da mesma forma que os viam antes da pandemia.



O Estadão entrou em contato com as 20 equipes da Série A do Campeonato Brasileiro e todas afirmaram ser favoráveis aos projetos. Contudo, a adesão aos moldes empresariais está longe de ser um consenso. Apenas Botafogo e Atlético-GO mostraram-se adeptos à migração de suas gestões, enquanto há clubes que ainda não discutiram essa pauta e outros que já discutiram e não se enxergam aptos à essa transformação.

A maioria dos clubes ainda não debateu a transição, embora sejam favoráveis aos projetos. Dentre os paulistas, a reportagem apurou que o Santos é o único que já avaliou a transformação. São Paulo, Palmeiras e Corinthians aguardam a tramitação das propostas, para discutirem a transformação em seus conselhos.

O clube tricolor entende que essa "mudança pode trazer inúmeros benefícios". Já o Palmeiras diz que a "discussão deve se concentrar na forma de tributação dos clubes". O presidente Andrés Sanchez, do Corinthians, por sua vez, é favorável à aprovação, contanto que não ela não seja obrigatória.

No Sul, o Coritiba afirmou que os projetos foram "amplamente discutidos pela diretoria e conselhos" e enxerga a transformação de forma bastante positiva. Já o Athletico-PR apenas disse à reportagem que é favorável, sem dar maiores detalhes. Grêmio e Internacional se opõem à gestão empresarial devido aos seus históricos democráticos e não se enxergam neste modelo, embora sejam favoráveis a adequação para clube-empresa.

No Nordeste, Fortaleza e Sport ainda não realizaram a discussão em seus conselhos. O clube de Recife afirmou que a adesão à gestão empresarial depende "de uma série de uma série de questionamentos", mas que não deixaria de avaliar propostas. Já o Fortaleza é mais reticente à ideia. O presidente Marcelo Paz afirmou ser favorável à aprovação do projeto, contanto que sua adesão "não seja obrigatória". O Ceará, por sua vez, já discutiu as propostas e afirma que a transformação poderia gerar "passivos desnecessários".

Em 2019, parte dos clubes que disputavam a Série A do Campeonato Brasileiro uniram esforços, para a elaboração de um manifesto, assinado em conjunto, que externava a posição dos participantes sobre a regulamentação da gestão empresarial.

Dentre os clubes que disputam o atual Brasileirão, assinaram o documento: Ceará, Vasco da Gama, Atlético-MG, Flamengo, Bahia, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Grêmio, Santos, São Paulo, Palmeiras, Corinthians e Internacional.

Vasco, Atlético-MG e Fluminense mantém o posicionamento externado no manifesto: "Não se opõem ao debate do chamado 'clube-empresa', demonstrando uma vez mais ao Poder Legislativo e à sociedade brasileira seu compromisso com o desenvolvimento do futebol, desde que os Clubes que se mantiverem sob a forma de associação não percam nenhum direito ou benefício, presente ou futuro".

Marcos Egídio, diretor administrativo do Atlético-GO, afirmou que o anúncio de transição para o modelo empresarial de gestão, realizado em maio, em meio à pandemia, nada tem a ver com os reveses econômicos acarretados pelo vírus. Segundo Egídio, isso "já era um planejamento do clube", que acredita ser "algo inevitável e necessário" ao futebol brasileiro.

Comprado pela empresa austríaca de energéticos Red Bull, em 2019, o RB Bragantino atingiu sua meta e chegou à Série A do Campeonato Brasileiro, em 2020. O clube avalia que o equilíbrio financeiro amenizou os impactos econômicos da pandemia, já que não depende de forma decisiva das rendas que foram paralisadas, como o dinheiro oriundo da bilheteria e de planos sócio torcedor, que a equipe ainda não possui. Procurado pela reportagem, o Bahia não quis se posicionar. Flamengo e Goiás não responderam.

Quem opta pelo modelo associativo, não está interessado na profissionalização do clube e acredita que vai perder o controle dele, principalmente, das questões financeiras que o envolvem. No modelo associativo, quem manda é o conselho deliberativo, muitas vezes composto por até 200 pessoas. É muito difícil organizar a tomada de decisões nesse formato e acaba prevalecendo a lógica da política, ou seja, os conselheiros votam, se for para favorecer o grupo que eles apoiam. Se o clube optar pelo modelo empresa, esses conselheiros perdem seu protagonismo, mas o clube ganha em profissionalismo, gestão eficiente, produtiva e de lucro.

O clube, ao virar uma empresa, passa a ter uma gestão séria e previsível. Aos olhos de bancos e investidores isso é muito bom e, assim, é possível angariar mais recursos. Por ser uma empresa, há maior racionalidade e profissionalismo. Hoje, os dirigentes em clubes associativos são escolhidos pelo grau de amizade ou confiança que os conselheiros têm da pessoa. No clube empresa, os dirigentes e todos empregados são escolhidos pela competência profissional se não corresponderem, serão demitidos. No clube associativo é muito difícil demitir alguém, porque se pode esbarrar em questões políticas internas.

Sim, pode haver uma perda tributária na mudança, pois algumas isenções (principalmente IPTU) deixarão de existir, provavelmente. Mas os ganhos compensam, pois os clubes-empresa são muito mais eficientes e produtivos. Tudo passa a ser medido em termos de retorno. Será mais fácil obter patrocínio e investimentos. Além disso, o clube empresa futuramente poderá abrir o capital na Bolsa de Valores e atrair valores imensos em capital e ainda mais recursos para investimentos.



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