Na virada do ano, dez jogadores deixaram o Corinthians – entre eles Marlone, Giovanni Augusto, Fellipe Bastos. Passaram-se mais alguns dias, chega a vez de o torcedor se despedir de Ralf e Jadson, ambos vitoriosos com a camisa alvinegra, e Renê Júnior. Todas essas saídas têm motivo. Com graves problemas em suas finanças, o clube entra em 2020 com a obrigação de reduzir custos.
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Em 2019, a previsão mais recente do departamento financeiro corintiano era terminar a temporada com um prejuízo (deficit) de R$ 145 milhões. O número consta no orçamento para 2020, que se baseou na atualização dos números do ano anterior para receber as projeções. É possível que os números finais tenham sido melhores ou piores. A atualização feita pelo clube considerou o que foi efetivamente realizado entre janeiro e setembro, mais as projeções para os meses de outubro a dezembro. De qualquer maneira, as contas fecharam no vermelho.
Para 2020, a expectativa é de melhora significativa do quadro. Em vez de um prejuízo de R$ 145 milhões, o Corinthians espera ter um prejuízo de "apenas" R$ 21 milhões. Ou seja, a previsão é de mais uma temporada deficitária, mas com buraco menor do que no ano anterior.
Previsão de prejuízo é normal?
Não é. Ou não deveria ser. Quando o Corinthians entra em 2020 com a expectativa de ficar negativo em R$ 21 milhões, assume que seus custos estão altos demais, que as receitas não crescerão em ritmo suficiente, e que levará ainda mais tempo para ajustar suas contas.
Em um clube endividado, como é o caso alvinegro, seria desejável que houvesse previsão de lucro (superavit), pois o "excedente" na diferença entre receitas e despesas poderia ser usado para pagar dívidas. Mesmo que estivesse financeiramente saudável, o Corinthians deveria ter um orçamento que fechasse no zero a zero. Gasta tanto quanto arrecada. Começar o ano com previsão de prejuízo não é nada bom.
A maior parte dos cortes está prevista para a folha salarial do futebol profissional, na qual a necessidade de redução é de R$ 60 milhões. Isso ajuda o torcedor a entender por que Ralf e Jadson, entre outros, não continuarão na equipe em 2020. Obviamente esta é uma opção técnica do técnico Tiago Nunes, mas é também um alívio para as contas.
As projeções são conservadoras?
A julgar pelas expectativas esportivas e pelas variações em relação a 2019, é possível concluir que a direção de Andrés Sanchez foi conservadora – pelo menos em relação às receitas. O futebol brasileiro ficou variável a partir de 2019, em especial nos direitos de transmissão. Copa do Brasil e Libertadores têm altas premiações e dependem inteiramente da fase alcançada para distribuí-las entre clubes. Até o Campeonato Brasileiro tem um terço de sua verba vinculada à posição na tabela. Por isso, para cumprir as metas em receitas, o Corinthians precisará de terminadas posições.
- 7º lugar no Campeonato Brasileiro
- Oitavas de final da Copa do Brasil
- Oitavas de final da Libertadores
É preciso alertar que as metas esportivas previstas no orçamento, impostas pela própria diretoria corintiana, não correspondem a uma lista de desejos dos dirigentes. O Corinthians ambiciona ir além das fases estipuladas. No orçamento, no entanto, a direção alvinegra tem esse desempenho como mínimo para cumprir as projeções de receitas. Apenas a venda de jogadores tem um reajuste significativo em relação à temporada anterior. Mas mesmo as transferências são mais modestas do que as adversários como o São Paulo.
Inspiração em Walt Disney
Fato curioso, porém irrelevante, é que o documento ao qual o blog teve acesso contém uma epígrafe de Walt Disney. Ao lado das medidas que a diretoria do Corinthians entende como necessárias para tornar os números orçados possíveis, há menção a uma frase atribuída ao criador do Mickey e da gigantesca companhia americana que leva seu nome. "Eu gosto do impossível porque lá a concorrência é menor".
Qual sua expectativa para o 2020 do Corinthians?
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