5/4/2016 12:29

Presos de Oruro continuam em linha de frente de organizadas do Timão

Três anos depois de tragédia na Bolívia, torcedores detidos ainda se envolvem em confusões. Entre artes marciais, carreira "política" e viagens, eles traçam caminhos

Presos de Oruro continuam em linha de frente de organizadas do Timão
Torcedores do Corinthians em prisão em Oruro
(Foto: Agência Reuters)


Muitos dos 12 torcedores do Corinthians presos em Oruro, na Bolívia, em fevereiro de 2013, continuam na "linha de frente" de duas das principais torcidas organizadas alvinegras. A briga com palmeirenses que terminou com 32 detidos na noite de domingo, depois do clássico entre os clubes dentro de campo, trouxe de volta à tona o envolvimento dos "12 de Oruro" em confusões cada vez mais comuns.

Isso porque entre os detidos no último domingo estão Tadeu Macedo Andrade e Leandro Silva de Oliveira, o Soldado, que foram presos na Bolívia após a morte do torcedor Kevin Espada, de 14 anos. Eles e outros dez corintianos ficaram 156 dias presos em Oruro, local do jogo contra o San José, pela Libertadores de 2013. Foram todos libertados depois que um torcedor, então menor de idade, assumiu a autoria do disparo do sinalizador naval que matou Kevin.

A explicação dada por pelo menos cinco membros da Gaviões, em condição de anonimato, é de que os presos em Oruro ganharam moral porque "se sacrificaram" pelo coletivo. Alguns deles, como o próprio Soldado, são considerados líderes naturais na torcida.

– O Soldado teria moral suficiente para ser presidente da Gaviões, se não se envolvesse em tantas brigas – disse um dos torcedores entrevistados, frequentador assíduo e com cargo de responsabilidade na torcida.

Tadeu é visto de maneira diferente – um líder mais "intelectual", que era, inclusive, cotado para a presidência da torcida na última eleição, vencida pela chapa de Rodrigo Fonseca, o Diguinho. Conselheiro respeitado na Gaviões, ele já foi diretor de caravanas, diretor de ingressos e tesoureiro, entre outros cargos ocupados no grupo.

Diguinho, por sua vez, tem como uma das metas a "limpeza" do nome da Gaviões no noticiário policial. Em entrevista ao site oficial da torcida, ele detalhou o que desejava fazer.

– Ainda sobre a cobrança a elenco, achamos uma alternativa principalmente após episódios na Bolivia e no CT. Na nossa gestão, decidimos não colocar em xeque o nome dos Gaviões na imprensa. Hoje, infelizmente, estamos num pior momento. A imprensa nos coloca contra até mesmo o torcedor corintiano comum. Com isso, decidimos cobrar o clube internamente não expondo o nome dos Gaviões. Cobramos sim, da forma que aprendemos. Sempre numa cautela para não prejudicar a entidade na arquibancada. Não podemos tomar atitude isolada que pode prejudicar o Corinthians dentro de campeonatos e prejudicar os Gaviões com o seu material. Pois sairemos prejudicados e o Corinthians também – destacou Diguinho.


Soldado (sem camisa) durante briga no Mané Garrincha (Foto: Ed Ferreira / Agência Estado)

Por onde andam?

Além de Tadeu e Soldado, quase todos os outros dez torcedores que foram detidos em Oruro traçaram destinos semelhantes e continuam normalmente no dia a dia das organizadas.

A exceção é Fábio Neves Domingos, o Dumemo, que foi uma das vítimas da chacina que matou oito pessoas na sede da torcida Pavilhão Nove, na zona Oeste de São Paulo, em abril do ano passado. Fábio morreu aos 34 anos, chegou a ser presidente da organizada e é até hoje lembrado nos jogos. Os integrantes da Pavilhão se autodenominam "Família Dumemo".

Tiago Aurélio dos Santos Ferreira e Hugo Nonato, o São Luís, continuam entre os membros mais assíduos da torcida e vão a praticamente todos os jogos na Arena Corinthians.

Na Gaviões da Fiel, Leandro "Soldado" e Tadeu são os mais vistos na quadra da torcida, no bairro do Bom Retiro, região central de São Paulo. Soldado divide hoje seu tempo entre os afazeres com a organizada – principalmente ao cuidar de bandeiras e viagens – e uma outra paixão: o muay thai.

Soldado nutre o sonho de virar lutador profissional e iniciou sua carreira recentemente. Tem duas vitórias em duas lutas, a última delas contra Vilson de Souza, por decisão unânime, no evento Batalha Muay Thai, realizado na capital paulista em 19 de março. Duas semanas depois, participou da briga com os palmeirenses e foi detido pela terceira vez desde Oruro.

A rotina corrida não impede que ele e Tadeu viajem com as caravanas da Gaviões da Fiel. Soldado foi ao Chile e acompanhou a vitória alvinegra por 1 a 0 sobre o Cobresal, dia 17 de fevereiro. Nesta caravana também estava Cléber Souza, outro dos que ficaram em Oruro. Os relatos dos integrantes das Gaviões, porém, são mais tranquilos em relação a Cléber: continua indo aos jogos e à quadra, mas tem se dedicado mais a outro emprego.

E os outros seis?

Cleuter Barreto Barros, o Manaus, foi preso em junho do ano passado, no Rio de Janeiro, portando 10 quilos de maconha. A liberdade veio meses depois, e o torcedor comemorou em uma rede social com os dizeres "A repressão não venceu meu sentimento". Ele esteve em Assunção, no Paraguai, para a partida contra o Cerro Porteño, há menos de um mês.

Raphael Machado Castilho Araújo foi baleado em uma blitz em Feira de Santana, Bahia, ainda em 2013, depois de ter praticado um assalto. Ele deixou a família em Praia Grande, litoral de São Paulo, para morar no Nordeste. Não foi mais visto em eventos e jogos do Corinthians.

José Carlos da Silva Junior, o Alemão, Danilo Silva de Oliveira, o Biu, Reginaldo Coelho e Marco Aurélio Freire são vistos “eventualmente” em jogos do Corinthians, mas fora da linha de frente das torcidas.


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