Tite orienta jogadores em treino do Corinthians no CT Joaquim Grava (Foto: Daniel Augusto Jr. / Agência Corinthians)
Mesmo tendo perdido jogadores como o zagueiro Gil e o volante Ralf para o futebol chinês, o técnico Tite conseguiu remontar a defesa do Corinthians e vem colhendo os frutos de um time sólido, que sofre poucos gols. Além de ter a melhor campanha do Campeonato Paulista, com 29 pontos, e o segundo melhor ataque com 21 gols, o Timão ostenta também a defesa menos vazada, com apenas seis gols sofridos em 12 rodadas.
Isso mesmo alternando a escalação de jogo para jogo, como nesta quarta-feira, às 21h45, contra a Ponte Preta, em Itaquera. Quando não tem Fagner, Felipe, Yago ou Uendel, o Corinthians consegue a mesma qualidade com os reservas Edilson, Balbuena, Vilson e Guilherme Arana.
A equipe não é vazada há cinco jogos: nas vitórias contra Botafogo-SP (3 a 0), Cerro Porteño (2 a 0), Linense (4 a 0), São Bernardo (3 a 0) e Ituano (1 a 0). O GloboEsporte.com listou abaixo motivos que levam o Corinthians a ser um time tão forte defensivamente:
Há anos a equipe joga com uma primeira linha de quatro jogadores bem montada. Por ela, passaram vários nomes. Nas laterais, destaque para Alessandro, Edenilson, Roberto Carlos, Fábio Santos, Fagner e Uendel. Na zaga, nomes como William, Chicão, Leandro Castán, Paulo André, Cleber, Gil e Felipe ganharam notoriedade.
A rotina de treinos dos defensores é repetitiva. São trabalhos de bola levantadas e treinamentos de posicionamento e sincronismo, com ênfase nas orientações para a cobertura dos companheiros e de aproximação das linhas. Muitas vezes, após o treino regular, o auxiliar Fábio Carille (responsável pelo setor) chama alguns jogadores defensivos de lado para atividades complementares. A repetição leva à perfeição, na visão de Tite.
Felipe sobe de cabeça para tirar a bola durante treino do Timão (Foto: Daniel Augusto Jr. / Agência Corinthians)
A mesma atividade feita com os titulares é realizada também com os reservas. Hoje, o elenco conta com cinco zagueiros. Felipe e Yago são considerados titulares. Recém-chegado, Balbuena teve rápida adaptação aos trabalhos, mesmo chegando acostumado ao esquema com três zagueiros do Libertad, seu antigo clube no Paraguai. Além deles, o elenco tem ainda com Vilson, que está retomando o ritmo após lesões, e o jovem Pedro Henrique, visto com potencial para crescer no futuro. A todos, a comissão dá o mesmo trabalho.
Sabe aquele papo de que a marcação começa no ataque? Não é balela no Corinthians. Na transição defensiva da equipe (momento em que o time deixa de atacar e se arruma para defender), os jogadores de ataque precisam dar o bote para atrasar a construção de jogada do adversário. No esquema 4-1-4-1, é responsabilidade dos meias e atacantes iniciar a marcação no ataque, facilitando o trabalho dos zagueiros.
Tite usa muitos vídeos para auxiliar o seu trabalho. Primeiro, para mostrar ao time os pontos fortes dos adversários. Além do trabalho apresentado ao time todo, jogadores de posições de defesa recebem orientações especiais, tais como: quais jogadores devem cair em seu setor, quais são suas características (se são destros ou canhotos, se driblam para dentro ou para fora). Esse material é organizado pelo CIFUT (Centro de Inteligência de Futebol) do clube. No dia seguinte aos jogos, comissão técnica e jogadores discutem os erros apresentados nas partidas e os corrigem no campo.
Fábio Carille é um dos auxiliares do técnico Tite no Corinthians (Foto: Daniel Augusto Jr. / Agência Corinthians)
O que é difícil para muitos torcedores tem de ser fácil para a comissão técnica. Não à toa, o zagueiro Felipe, no clube desde 2011, foi convocado para a seleção brasileira nesta semana, para o jogo contra o Paraguai, pelas eliminatórias da Copa do Mundo. A evolução do jogador de 26 anos, campeão brasileiro em 2015 como um dos destaques do time, foi resultado de muito trabalho. O que ocorreu também com os laterais Fagner, Uendel, Edilson e Arana. Por terem característica mais ofensiva, todos demoraram alguns meses para entender exatamente qual a melhor forma de atuar no esquema com quatro defensores. Na visão da comissão técnica, apenas a sequência de jogos e os próprios erros fazem acontecer a evolução individual.