O presidente Roberto de Andrade negou que tenha ficado isolado na cúpula administrativa do Corinthians após a decisão unilateral de apostar em Oswaldo de Oliveira como novo técnico da equipe. Um dos que preferiam outro profissional para a sucessão de Cristóvão Borges e Fábio Carille é Andrés Sanchez, mentor do grupo que gere o clube há quase uma década.

“O meu relacionamento com o Andrés é melhor a cada dia. Não tenho problema com ninguém. Ninguém rachou nada com ninguém. Existem divergências de opinião, o que é normal. Isso é só mais um episódio”, minimizou Roberto. “Desculpa, o Oswaldo não teve rejeição de ninguém”, insistiu.

A divergência, porém, fez até com que Eduardo Ferreira, apadrinhado por Andrés na política corintiana, resolvesse se desligar da função de diretor de futebol. Ao anunciar a sua saída, no entanto, o ex-dirigente assegurou que não guardava mágoa de Roberto de Andrade e elogiou a gestão do mandatário, que prima pela contenção de gastos.

“Tenho que agradecer ao Edu por ter ficado quase dois anos à frente do futebol. Ele foi de uma serventia muito grande e ajudou na conquista do título brasileiro do ano passado. Não temos desavença. Ele saiu por opção. Já estava cansado, sinalizando que faria isso no final do ano, e resolveu antecipar a decisão, aproveitando uma mudança de treinador, até para não largar nada no meio”, amenizou Roberto, ainda sem um nome em mente para substituir Edu Ferreira. “Vamos resolver isso com calma.”

Por sua vez, Oswaldo de Oliveira adotou a mesma postura conciliadora de Roberto de Andrade. Lembrou até que conhece Andrés Sanchez de longa data, dos tempos em que nem trabalhava como treinador. “Em 1998, eu era auxiliar do Vanderlei Luxemburgo e tive uma ruptura no ombro, não podendo dirigir. Era o Andrés quem me levava para ver os jogos dos juniores. Então, não tem essa, cara. Aqui, todo o mundo é Corinthians”, bradou.

Segundo Oswaldo, Roberto de Andrade não levou em consideração qualquer fator pessoal para tomar um caminho diferente do desejado por alguns dos seus correligionários e tirá-lo do Sport. O dirigente sempre se mostrou um admirador do trabalho do técnico campeão mundial em 2000, pelo Corinthians.

“Não falo com o presidente desde 2003, 2004. Não fico mandando mensagens de aniversário ou Natal. Só nos falamos quando havia um assunto que me interessava muito, voltar ao Corinthians. Agora, convivendo novamente, vamos nos tornar amigos porque a convivência faz isso. Temos um objetivo em comum, caráter e dignidade, então é natural que a amizade cresça. Mas não estou aqui porque sou amigo do presidente”, disse o motivo da discórdia na direção corintiana.

Não é a primeira vez em que Andrés Sanchez tem discordâncias com alguns dos seus aliados. Antecessor de Roberto de Andrade, Mário Gobbi se distanciou do colega no final de sua gestão. Antigo homem forte do marketing corintiano, Luis Paulo Rosenberg também já teve ressalvas na relação com o atual deputado federal.