Matheus Vidotto pronto para a atividade no laboratório; poucos segundos, porém cansativos (Foto: Diego Ribeiro)

Pequenas luzes de diversas cores ajudam os jogadores do Corinthians a entrarem em campo com reflexos apurados e tomadas de decisões mais rápidas. Concebido para buscar excelência na preparação física e prevenção de lesões, o Laboratório R9 tem seu papel colocado em prática dentro de campo nos jogos do Campeonato Brasileiro.

Uma defesa de Cássio na vitória por 4 a 0 sobre o Flamengo, por exemplo, é fruto do trabalho realizado dentro do laboratório. Dois aparelhos, o Fitlight e o Footsharp, incentivam o rápido raciocínio dos jogadores em exercícios que duram poucos segundos.

– No futebol, esse exercício tem relação com o acontecimento, os movimentos involuntários, defender uma bola, por exemplo. O Cássio defendeu duas bolas muito rápidas, pensou e fez o movimento. É o benefício que a ferramenta traz – afirmou Caio Mello, fisioterapeuta do clube.

O laboratório trabalha em duas frentes: reabilitação de lesões e aumento da performance. O goleiro Matheus Vidotto, recém-recuperado de uma hérnia lombar, tem usado os equipamentos antes de sua volta aos gramados e demonstrou ao GloboEsporte.com como os trabalhos são realizados no local, inaugurado em fevereiro de 2015 com a presença de Ronaldo Fenômeno, que dá nome ao laboratório.

O treino de Matheus teve três etapas. Na primeira, com o Fitlight, discos iluminados são colocados em diferentes pontos de uma parede. Por meio de um tablet, o analista biomecânico Luciano Rosa controla o tempo de exercício e o intervalo entre as luzes acesas. O papel de Matheus é apagá-las o mais rápido possível ao aproximar as mãos. Por isso, concentração e tempo de reação são fundamentais no exercício.

– O tempo de reação é basicamente o início de um estímulo até a recepção dele no sistema sensorial. O tempo de reação motor, que é o que eles mais executam, é o que avaliamos nesse tipo de teste e podemos treinar com vários outros estímulos – explicou Luciano Rosa.

As duas etapas seguintes são realizadas com o auxílio do Footsharp, equipamento composto por cinco bolas presas a um "cinturão" com luzes. Primeiro, Matheus tem de reagir rapidamente a cada luz e chutar a bola correspondente. Depois, com as lâmpadas da primeira atividade, o goleiro tem de tomar decisões imediatas.

O mesmo trabalho pode ser repetido em campo, combinado a um treino com bola ao lado do preparador de goleiros Mauri Lima. O Footsharp é levado ao gramado e instalado perto das traves. A demonstração foi feita pelos goleiros, que são quem mais usam os equipamentos. No entanto, os exercícios podem ser realizados por todos os outros jogadores, principalmente aqueles que se recuperam de lesão.

– Esse exercício tem um tempo de reação mais complexo, que é o discriminatório. Além do estímulo visual, ainda tem de tomar a decisão mais adequada. Na cor azul, ele precisa tocar a bola com a mão direita, vermelha, mão esquerda, e amarela com os pés. Ele tem de ter uma reatividade rápida e tomar a decisão adequada a cada luz – contou Luciano Rosa.

Cada etapa dura de dez a 20 segundos, mas exige muito dos jogadores. A explosão muscular é fundamental para acelerar a reação. Por isso, Matheus Vidotto sai cansado da atividade, mas sabendo que ela será muito útil para a temporada corintiana. Cássio, Walter e Caíque França também são beneficiados diretos pelos aparelhos do laboratório do clube.

– No Corinthians, o trabalho é feito em conjunto. O laboratório é mais uma ferramenta. Colhemos o que há de melhor no mercado e introduzimos no Corinthians. Fazemos reuniões semanais, e aí o preparador físico sabe o que estou fazendo, o médico, o diretor, o técnico. É um trabalho em grupo. Quando o atleta vai pronto para o campo, ele passou por todas as áreas. Não tem milagre. Milagre é o grupo – concluiu Caio Mello.