6/3/2016 14:01

Ex-goleiro de Corinthians e Flamengo, Felipe conta que quase se aposentou, fala do recomeço na Série A-2 e prevê volta a um time grande em maio

Ex-goleiro de Corinthians e Flamengo, Felipe conta que quase se aposentou, fala do recomeço na Série A-2 e prevê volta a um time grande em maio
Goleiro é a grande atração do Bragantino na segunda divisão do Campeonato Paulista

Felipe já foi eleito o melhor goleiro da Copa do Brasil, teve uma legião de fãs no Corinthians e no Flamengo, passou pelo futebol europeu… Mas a maré não esteve para peixe para o goleiro desde 2014, a ponto de ele ter pensando, com apenas 30 anos de idade, em abandonar a carreira por causa dos quase nove meses em que foi afastado no Rubro-Negro.

Em entrevista ao Blog, o goleiro explicou a reviravolta que a vida deu, com direito a aperto financeiro — o clube do Rio lhe deve mais de R$ 1 milhão. Ele ainda esteve no Figueirense em 2015, mas também só jogou três vezes.

Hoje, aos 32 anos, Felipe tenta recomeçar no Bragantino, pelo qual brilhou e foi contratado pelo Corinthians, há nove anos. “Eu precisava jogar. Tanto é que aceitei receber o que eles ofereceram. Vou provar que posso estar em um clube grande.”

BLOG_ Como está sendo voltar a viver na cidade de Bragança Paulista?
FELIPE_ Está tudo bem diferente. Quando estive aqui pela primeira vez, em 2007, nem tinha carro. Morava em um flat e dependia de carona. Foi no Bragantino que comprei meu primeiro carro, um Renault Clio, que era do Adãozinho.

Agora você está rico e é um jogador famoso…
Acabei me complicando financeiramente nos últimos tempos. Fiquei sem receber direito de imagem de maio a dezembro de 2014 e todos os salários do ano de 2015 no Flamengo. Isso foi parar na Justiça, mas ainda não recebi.

Então, você está vivendo uma crise financeira?
Tive de me desfazer de algumas coisas. Estava construindo uma casa para mim no Rio, então, foi em um momento bem ruim. Já tive de me adaptar naquela época e parei de gastar tanto com besteira. Por exemplo: sempre gostei de eletrônicos. Hoje, a realidade é bem diferente. Não tem mais luxo, embora consiga dar tudo o que quero para os meus filhos.

Você está jogando na Série A-2 do Campeonato Paulista, em um clube com orçamento pequeno. É seu menor salário desde quando?
Desde 2007, quando fui contratado pelo Corinthians. Eu era titular absoluto no Corinthians, fui eleito um dos melhores goleiros do Brasileirão, só que
eu ganhava pouco. Era um dos menores salários.

O Felipe de hoje é melhor ou pior do que aquele de nove anos atrás, que levou o Bragantino à semifinal do Campeonato Paulista?
Sou bem mais experiente, maduro, erro menos… E com muita vontade de jogar. Foram mais de dez anos atuando como titular. E passei o último ano e meio parado, então precisava muito voltar.

Durante esse um ano e meio sem jogar, você passou oito meses no Figueirense. Por que atuou tão pouco lá?
Fui contratado em abril, mas demorei dois meses para ficar pronto. Aí, o Alex Muralha começou a jogar, foi bem e ficou. Eu fiz três jogos durante todo o período, sendo dois pelo time reserva. Em dezembro, o Alex acabou indo para o Flamengo e eu achei que seria o titular neste ano. Mas, três dias após o Brasileirão, ligaram para o meu empresário e disseram que não me queriam.

E como foi parar na Segunda Divisão do Paulista?
Saí de férias com a minha família e, quando voltei, não tinha nada. Então, o Alex Afonso (diretor de futebol do Bragantino) me ligou e perguntou como eu estava. Fiquei com receio, afinal, Série A-2 é complicado. Mas eu precisava jogar e vim com o coração e o peito abertos. Nem falei em salário: sugeri que pagassem o quanto poderiam. Eu só queria jogar.

Seu contrato vai até dezembro deste ano. O que planeja para a carreira?
Eu sei que não vou ficar rico no Bragantino. Aqui, só o presidente (Marquinho Chedid) consegue isso (risos). Quero mostrar que estou na melhor forma da minha carreira para voltar a um grande clube do Brasil já em maio.

É verdade que você pensou em abandonar o futebol dois anos atrás?
Assim que o Flamengo me afastou pela primeira vez (em julho de 2014), comecei a perder a vontade de jogar. Eu me perguntei se valia a pena continuar jogando, porque só treinava em horário separado. A primeira coisa que o (Vanderlei) Luxemburgo fez quando voltou ao Flamengo foi me afastar. Nem comunicou nada.

O Luxemburgo ficou bravo porque você havia participado de um churrasco para comemorar a demissão dele, em 2010?
Se teve churrasco, eu não fui convidado. E essa história, para mim, é mentirosa. O Luxemburgo achava que eu e o Léo Moura tínhamos algo contra ele. Mas, na verdade, o problema era entre ele e o Ronaldinho Gaúcho, por causa de umas mulheres no hotel. Não sei bem o que rolou.

E por que desistiu da aposentadoria?
Passei por tanta adversidade para virar jogador que não poderia desistir facilmente. Tive de enfrentar o meu próprio pai (Jorge), que era contra a ideia de ter um filho jogador, para me tornar profissional. E meus familiares deram muita força agora. Minha mãe, meus sogros, minha esposa… Inclusive, o meu pai.

O que tem a dizer para quem desconfia de você?
Sempre tem gente que torce contra, mas não estou nem aí. Eu jogo para aquelas pessoas que acreditam em mim. Eu tenho certeza de que ainda posso jogar em alto nível, em um clube grande. E quero mostrar isso para os meus filhos (Yan, de 12 anos, Yago, de 8, e Maria Eduarda, de 2), que agora já são maiores e entendem.

Sua carreira foi marcada por alguns erros. Qual deles mais se arrepende?
A única coisa que me arrependo foi de ter brigado publicamente com o Andrés Sanchez. Ficou feio, porque ele era o presidente do Corinthians e batemos boca pela televisão (em 2010).

Foi depois do desacerto com o Genoa-ITA, não é?
Exatamente. Eu tinha sido negociado, já estava fora do Corinthians. Só que, na última hora, o Campeonato Italiano mudou o limite de estrangeiros por clube e tive de voltar. O Andrés, então, me afastou. Fui numa entrevista e falei um monte de coisa. Acabou ficando feio para todo mundo.

Você brigava muito com o Andrés?
Até então, tinha uma relação boa com ele. O cara revolucionou a história do Corinthians. É só comparar o que era o Corinthians de 2007 e como o clube está atualmente. Tempos depois, nós nos encontramos no Rio e conversamos numa boa.

Acha que poderia ter chegado à seleção ou a algum clube grande da Europa se não tivesse temperamento explosivo?
A seleção nunca foi uma obsessão para mim, embora eu ache que merecia ser chamado em dois momentos: em 2009, quando estava no Corinthians, e em 2011, no Flamengo. Estava pegando muito, era um dos líderes, jogava em times gigantes… Mas não me frustrou. Eu cresci sonhando em jogar em algum grande clube do Brasil e estive nos dois maiores.

Qual a polêmica mais curiosa em que se meteu?
Acho que aquela da uva. A gente havia perdido para o Goiás fora de casa por 3 a 1, quando o presidente deles (Hailé Pinheiro) disse que ia comer uva roxa, em referência à nossa camisa. Era a Copa do Brasil de 2008. Na volta, ganhamos por 4 a 1 e eu saí comendo um cacho de uva verde no campo mesmo.

Em 2009, você foi acusado de não ter tentado defender um pênalti batido pelo Léo Moura. Foi de propósito, como represália ao Internacional, que havia perdido para o Goiás em 2007?
Quem fala que eu deixei está por fora. Fiquei parado no meio, exatamente como fiz quando peguei um pênalti do Elano, anos mais tarde, em um Santos x Flamengo. Aquele jogo do Corinthians contra o Flamengo já estava no fim e perdíamos por 1 a 0. Foi o último lance da partida e não mudaria o resultado.

É verdade que você falou, depois de um título carioca sobre o Vasco, que vencer roubado é mais gostoso?
Mentira. Sempre assumi tudo o que falei. Eu não disse isso. O que falei foi que o Vasco parecia estar jogando o Campeonato Paulista, porque, no Carioca, não ganhava um título fazia dez anos. E foi logo depois dessa final que você citou, em que o Márcio Araújo fez um gol no fim e fomos campeões cariocas em 2014.

Tem vontade de voltar ao Corinthians ou ao Flamengo?
Neste momento, eu penso em colocar o Bragantino na Primeira Divisão do Paulista. Em maio, depois que a Série A-2 acabar, quero estar em uma equipe de ponta do Brasil. Não tenho qualquer distinção em relação a clube. E não tenho problema com o Corinthians nem com o Flamengo.

Você era flamenguista na infância e se tornou conhecido no Corinthians. De qual clube gosta mais?
Ah, é difícil responder. Foram bons momentos nos dois clubes. E dá para dizer que não há tanta diferença entre eles. São torcidas grandes, fanáticas, clubes em que existe enorme cobrança… Ganhei três títulos em cada um. A única certeza é de que quem joga lá joga em qualquer lugar.

Depois de tanto tempo parado, como está fisicamente?
Já joguei 11 partidas pelo Bragantino e nossa briga é pela liderança. Estou pesando 88 quilos, três a menos do que nos tempos do Flamengo. Hoje, eu olho umas fotos e vejo que estou muito melhor.

Pensa em jogar até quando, levando em consideração que tem 32 anos?
Pelo menos até os 35. Mas eu vejo o Fernando Prass muito bem com 37, teve o exemplo do Rogério Ceni jogando até os 42… Vamos ver até onde meu corpo aguenta. A lesão mais séria que tive foi uma artroscopia no joelho, que só me deixou 20 dias fora.

Quem é o melhor goleiro do Brasil hoje?
O Jefferson. É o mais regular há pelo menos seis anos. E acho uma injustiça que ele não seja convocado mais para a seleção por causa de um erro (contra o Chile). Se for trocar o goleiro por causa de uma falha, a seleção terá 50 goleiros por ano.


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