26/1/2018 09:38

Na mesa com o Samurai: Júnior Dutra fala do Corinthians e lembra vida no Japão

Atacante sonha alto no Timão e conta histórias e curiosidades dos anos em que jogou na Ásia

Na mesa com o Samurai: Júnior Dutra fala do Corinthians e lembra vida no Japão
Foto: Jair Pimentel

Durante os três anos em que jogou no Japão, Júnior Dutra aprendeu a falar um pouco do idioma local e a apreciar a culinária do país. Aprendeu também valores culturais japoneses fundamentais para a sua carreira e também neste início de passagem pelo Corinthians: paciência, obediência e disciplina.



Possível titular do Timão no clássico contra o São Paulo, neste sábado, no Pacaembu, o atacante recebeu a reportagem do GloboEsporte.com para um jantar japonês e falou sobre a carreira e os planos no Corinthians.

GloboEsporte.com: Em quantos países você já jogou?
Júnior Dutra: – Eu fui para o Japão, fiquei três anos lá, depois dois anos na Bélgica e um ano e pouco no Catar. E aí voltei para o Brasil faz dois anos. Já rodei bastante...

Qual o lugar mais legal? Japão?
– Acho que foi. Na Bélgica foi legal porque eu joguei a competição europeia, a Liga Uefa, uma competição de um nível um pouquinho mais forte, então eu gostei mais. Mas, para morar, gostei mais da cultura japonesa, de estrutura, é tudo muito organizado. Sem dúvida foi o Japão, um lugar muito especial pra mim.

Você jogou no Kashima Antlers, ex-clube do Zico...
– Tem estátua do Zico lá até. Na concentração o pessoal aprendeu a fazer feijão pra agradar a gente. O japonês cozinha feijão um dia antes do jogo. É cheio de brasileiro lá. Peguei o Jorginho como treinador. A cultura do Brasil que o Zico implantou lá continua até hoje.

E que história foi aquela de samurai?
– Só me deram um endereço e falaram que em tal horário eu precisava estar lá. Quando eu cheguei, era um estúdio de filme japonês bem antigo. Eu cheguei sem saber bem o que era. Ia ser um dia de samurai. Então o pessoal me ensinou até a vestir a roupa, porque eu não tinha ideia. Era um chinelinho de palha, com duas espadas, duas batas, a faixa na cabeça. E aí eu andava, contracenava com uma atriz que era uma gueixa, tinha efeitos especiais. Foi um dia superespecial, bem diferente, e aí pegou o apelido, já que aquilo foi pra revista do clube. Rodou o Japão todo.

Você também comemorava os gols fazendo gesto de samurai, não é?
– Eu fazia o movimento. Puxava a espada e fazia como se fosse cortando. No começo eu fazia errado, o pessoal falava: "Pô, você tá jogando beisebol?" (risos) Aí depois eu aprendi que era de cima para baixo. Aí eu fui aprendendo e todo gol que eu fazia eu comemorava como samurai.

Quer dizer que os japoneses cornetaram a comemoração?
– Cornetaram! Cheguei ao vestiário e estava todo mundo rindo. Eu perguntei para o intérprete o que era, e ele disse que era essa batida de beisebol. Mas depois eu aprendi e aí pegou, ficou legal.

Vamos ao jantar. Você gosta mesmo da culinária japonesa? Sabe o nome dos pratos?
– Aqui, no Brasil, eu sei menos do que no Japão. No Japão eu comia muito a sopa misoshiro, o macarrão de arroz, que é o udon. O sushi mesmo é o que eu menos comia lá. Mas aqui vamos lá, vamos escolher os pratos.

Aqui a culinária japonesa é diferente da que você comia lá?
– No Japão, se o japonês quer comer um sushi, ele costuma ir para o restaurante. Em casa não é muito assim. Normalmente é uma tigela de arroz bem coladinho, uns legumes, uma coisa bem saudável. Tinha o guioza, yakisoba, o misoshiro, que é a sopinha deles...

Como está sendo este início no Corinthians? Como você reagiu ao saber do interesse do clube?
– Na hora que eu fiquei sabendo que era oficial mesmo, a única coisa que passava na minha cabeça era que eu queria que desse certo. Eu queria vir o quanto antes. Quando eu falei com o Carille, um pouco sobre time, tática, eu me senti nos planos e fiquei muito feliz.

– É o maior clube do Brasil, em ano de Libertadores, atual campeão Brasileiro, jogando com jogadores de seleção brasileira... Era um objetivo meu voltar para o meu país e jogar no maior, e estou realizando esse sonho agora.
Você começou no Santos, apareceu no Santo André e rodou muito...
– É inexplicável o futebol. Minha vida tomou um rumo que eu não esperava, fui parar no Japão, não era a minha vontade naquela época, mas no momento que eu pisei no japão, que eu senti, que eu vivi aquilo, eu me realizei muito, consegui ser campeão. Aí tinha vontade de jogar na Europa, abriram as portas da Bélgica para mim, joguei dois anos lá, também consegui ser campeão. Aí depois a passagem no Catar, que foi mais uma questão de oportunidade mesmo, mas eu tinha a vontade de voltar e jogar em um grande do Brasil. E aí, quando apareceu a chance de jogar no maior, foi agarrar a oportunidade. Agora é trabalhar muito para dar certo.

Acreditava que, aos 29 anos, poderia voltar a ter chance em um grande clube do Brasil?
– Eu sempre acreditei muito no meu potencial e quando fui para o Avaí sabia da dificuldade, sabia que teria que trabalhar muito, ia ter muitas dificuldades, e o time talvez não tivesse muitas vitórias no ano, mas eu dei o meu máximo ali. E aí você vê no final do ano, apesar de o Avaí não ter conseguido seu objetivo, o Carille, o principal treinador do Brasil, querendo você no time, no Corinthians, abrindo as portas para você... É acreditar no seu potencial e estar jogando, aparecendo. Não adianta às vezes você estar em outro time maior e não estar jogando. Eu acreditei na ideia, na oportunidade e as coisas aconteceram para mim.

Você falou sobre disputar a Libertadores. Neste ano, a competição promete ser dura, com clubes se reforçando...
– Creio que vai ser uma das mais difíceis. Mas é o Corinthians. O nome é muito forte, o time é muito forte, a camisa, a torcida, então eles com certeza quando forem jogar contra a gente vão pensar assim. É o campeão brasileiro, é o time que foi para o Mundial e ganhou do Chelsea, é um time respeitado. O Corinthians conseguiu manter boa parte do time para o treinador dar sequência, então é trabalhar e acreditar. Quero muito e sonho com esse título também.

Você tem falado bastante nos últimos dias sobre em qual posição prefere atuar. Você já atuou como centroavante e também aberto pelos lados, certo?
– Eu joguei pelo lado no ano passado, o Carille me viu jogando ali. Mas eu já joguei de atacante no Catar, e um ano na Bélgica de camisa 9. Mas é um 9 meio falso, que não fica ali de pivozão. É um 9 de movimentação. O Carille vai escolher, eu joguei mais anos aberto, mas já joguei de 9, então eu estou à disposição. Eu quero jogar, quero vestir a camisa do Corinthians, quero entrar em campo, estar ali ajudando, fazendo gols, se for aberto ou centralizado, é o Carille que vai decidir. Eu acredito que ele me conhece bem pelo que ele falou comigo sobre minhas características.

Como está sendo o contato com a torcida corintiana neste início?
– É diferente, né? Eu estava em Orlando, nos Estados Unidos, e tinha bastante torcida lá, eu não esperava numa viagem internacional. A torcida estava lá, gritando, com a gente o tempo todo. Nas ruas de São Paulo eu não senti muito ainda porque a gente acabou de voltar de viagem, tem treino, concentrações, mas eu vejo em rede social. Tudo muda, sua vida muda com essa camisa aqui. É uma responsabilidade muito grande, mas é um prazer muito grande também estar aqui.

Deu um "boom" nas redes sociais?
– Triplicou, aumentou muito. Eu não acompanho tanto porque, se você viver muito isso, você não joga. Mas em números aumentou muito. Se eu começar a fazer gols, jogar bem, esse time vai mudar a minha vida com certeza.

Você mencionou que teve uma conversa com o Carille antes de ser contratado. Como foi?
– Foi quando eu já estava para fechar. Ele me ligou, a gente teve uma conversa rápida até sobre tática, mas conversamos depois também, quando eu cheguei. Está tudo indo muito bem com o professor.

E a recepção do elenco?
– Eu tinha jogado com o Douglas, mas ele acabou não ficando, então é tudo novo para mim, estou conhecendo o grupo. Mas é um elenco que recebe muito bem, então já estou bem adaptado, a semana nos Estados Unidos também ajudou bastante para a gente se enturmar. Acredito que já estou no grupo.

Com quem você tem mais afinidades?
– Eu cheguei junto com o Renê Junior, então é um cara que eu tenho mais contato hoje. O grupo me recebeu bem, e agora é no dia a dia, você vai tendo mais afinidade com um, com outro...

Aproveitando que estamos em um restaurante japonês, vamos falar mais da sua passagem pelo Japão. Teve algum episódio curioso?
– Teve já na primeira semana no Japão. Eles comem na tigela o arroz e colocam muito. Não lembro quem brincou comigo e falou: espeta o palitinho aí e brinca com o cara, canta parabéns. Era o capitão do time, ídolo lá. Quando ele chegou, todo mundo olhou com uma cara... (risos) Para eles, quando você coloca o palito na comida é como se alguém tivesse morrido. A galera querendo cantar parabéns e aquilo ali era o símbolo de que alguém teria morrido. Mas o cara levou na boa, ele adorava brasileiros, era um dos “filhos” que o Zico pegou molequinho e deu moral, então ele gosta muito de brasileiro. Cheguei quebrando, mas passou, não cai mais na pilha dos caras depois (risos).

E você passou a apreciar a culinária japonesa lá ou já curtia quando morava no Brasil?
– Eu já gostava bastante de comida japonesa, mas achava que ia encontrar as mesmas coisas lá. "Ah, vou para o Japão e vou comer sushi todos os dias", eu pensei. E aí eu fui pego de surpresa, eu comi sushi lá, mas não chega nem perto do que é o do Brasil. Eu aprendi a gostar de outras comidas deles lá.

Você se virava bem por lá?
– No começo, sozinho, tive dificuldade. Eu mostrava o papel com o endereço para o motorista, que não sabia ler direito sem ser em letra japonesa, e eu não conseguia falar direito. Várias vezes eu falava para ele só “direita”, “esquerda”, até chegar perto, e aí eu ia o resto do caminho andando. Mas no clube tinha intérprete 24h para mim, então a adaptação foi tranquila. Eu ia no banco, e o cara ia comigo. No mercado, ele ia comigo. Você é bem mimado pelo japonês, eles cuidam de você e da sua família e só querem que você jogue futebol. Mas, quando eu queria fazer as coisas sozinho, eu passava um pouco de aperto.

A adaptação não deve ser fácil...
– No japão tem umas coisas engraçadas, do tipo: você está na rua, vê um bolinho de gente, nenhum carro passando e aí você pensa: "vou atravessar". Aí você vê que só você está indo e dá aquela travada. Se está fechado para atravessar pedestre, ninguém atravessa. Pode estar chovendo, ventando... Ficam todos ali esperando o semáforo abrir para atravessar a rua. Mas quando abre também é uma guerra, gente passando de todos os lados. Tem até um cruzamento famoso em Tóquio, que aparece no filme Velozes e Furiosos. Ali eu não sei como eles não se trombam, porque é muita gente em pouco tempo, é impressionante.

O que mais de diferente você percebeu?
– A questão de horário lá também é supercertinha. Se você vai pegar um trem e está escrito lá que ele vai sair 7h58, ele vai sair certinho nesse horário. Se você chegar um minuto depois ou antes, ele não sai. Só no Japão mesmo.

Você aprendeu a falar um pouco do idioma, não é?
– Eu aprendi algumas coisas, porque o inglês não me ajudava muito lá. Então eu tive que aprender, até para me comunicar com os jogadores, para mostrar que eu estava interessado, viver melhor, e aí o pessoal já te olha diferente, já começam a te respeitar mais. Mas o futebol é uma linguagem só.


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Boa sorte pra vc no timão junior Dutra

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