30/11/2017 08:00

De Drogba ao perfil fake: perto de adeus do Corinthians, diretor abre o jogo

Flávio Adauto fala sobre desafios à frente do futebol do Timão e conta bastidores de 2017

De Drogba ao perfil fake: perto de adeus do Corinthians, diretor abre o jogo
O bom humor é um traço marcante da personalidade de Flávio Adauto. O diretor de futebol do Corinthians se diverte ao contar que é frequentemente confundido por torcedores com o presidente do clube, Roberto de Andrade, não liga para as comparações físicas entre ele e Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, e tenta emendar piadas mesmo quando fala de assuntos sérios.



Mas uma brincadeira na internet não foi bem encarada pelo cartola. Há algumas semanas, Adauto pediu ajuda de funcionários do Timão para denunciar um perfil falso dele no Twitter.

– Não que eu seja antiquado, mas eu uso três ferramentas: e-mail, telefone e WhatsApp. Não tenho Twitter, não tenho Instagram, Facebook, nada! Comecei a receber mensagens me chamando de safado e sem vergonha. Caras do Palmeiras não entenderam que era fake e vieram me xingar. Recebi umas cinco ou seis ameaças. Os caras levaram a sério. O fake era brincalhão, mas falava muita coisa desvirtuada, que dava margem para polêmica – justifica.

Este, porém, foi o menor dos problemas com os quais o dirigente teve de lidar em 2017. Apesar dos títulos paulista e brasileiro, o ano apresentou situações espinhosas a Flávio Adauto: as negociações sem sucesso com Didier Drogba e William Pottker, os afastamentos de Cristian e Matheus Vidotto, as eliminações de Copa do Brasil e Sul-Americana...

Ao GloboEsporte.com, o diretor de futebol do Corinthians falou sobre estes e outros desafios, contou bastidores da temporada e projetou o futuro dele, que a partir de 3 de fevereiro será fora do clube. Adauto deixará o seu cargo no Timão após a eleição presidencial do clube, mas antes disso pretende montar o elenco para 2018. Confira abaixo a entrevista:



GloboEsporte.com: Quais são seus planos para depois da eleição presidencial do Corinthians, em fevereiro de 2018?

Flávio Adauto: Eu falei no primeiro dia que vim aqui no CT que eu quebraria uma série. Os últimos presidentes foram diretores de futebol, casos do Mário Gobbi e do Roberto.

E o Andrés (Sanchez) é um cara que está sempre ligado ao futebol. Mas acho que o clube tem que ter gente mais nova, que tenha experiência, mas com uma mentalidade mais jovem.

Você vai se afastar do clube?

– Eu penso em não dar palpite, como nunca dei a partir do momento que saí do clube (em 2007) e voltei a ser apenas torcedor. Eu acho que tinha vindo uma ou duas vezes no CT antes de ser diretor, para trazer os netos para passear e tirar fotos.

A minha frequência a partir de fevereiro de 2018 será assim, uma ou duas vezes no ano para ver os amigos. Acho que diretor tem prazo de validade, precisa haver renovação. Mas em alguns casos, não.

O Alessandro veio e se gabaritou. Perder alguém desse nível é dar sopa para o azar e ter que começar de novo. Ele tem seriedade e idoneidade, que é o mais importante.

Você é a favor da permanência dele?

– Ele é o melhor que tem no Brasil nessa função. E olha que eu conheci gente, hein? Trabalhei com Edvar Simões, que foi muito bom no Corinthians na época do (ex-presidente Alberto) Dualib, e conheço muitos de outros clubes. O Alessandro é fantástico.

Se o Corinthians um dia abrir mão dele por algum motivo, principalmente se for político, vai fazer uma grande besteira.

A relação de vocês é muito boa pelo que podemos ver.

– Às vezes eu sento com o Alessandro e brinco: "A gente vai ficar louco". Eu tinha feito um desafio (risos).

Ele vai ficar puto por eu contar. Falei para ele que se ganhássemos o título a gente iria sair dançando aqui pelo CT (risos). Coisa de maluco!



Por quê?
– Não é que a gente não acreditava, mas vimos como um desafio o tempo todo. Tínhamos muitos problemas no dia a dia, muitas coisas para resolver, e passamos a conviver mais entre nós do que com as nossas famílias. Ontem, às 23h, a gente estava trabalhando. Tem sido assim, 12 ou 14 horas por dia. Agora estamos pensando no futuro. Só temos dezembro para planejar, porque em janeiro tem oito dias fora do Brasil e logo o mandato acaba.

– Queremos deixar uma coisa minimamente encaminhada para quem vier. Serão três ou quatro reforços? É difícil dizer, porque a gente não sabe quem vai sair. Quem está com a coisa arredondada é o Arana. No mais, não tem nenhum caso definido. Rodriguinho? Não tem proposta. Balbuena? Também não. Tivemos reunião com o empresário dele, já entregamos até a proposta de renovação.
Já tem alguém contratado?

– Não. A gente vai ter que ter nomes definidos, duas ou três opções, porque a nossa dificuldade para contratar é diferente. Os outros vão e pagam pelos direitos. Nós queremos conversar mais em termos de salários, vantagens, a vitrine que é o Corinthians.

Buscamos jogadores que queiram mostrar potencial no Corinthians, que estejam em equipes menores. Dinheiro não sobra.

E quando falta, você é mais criterioso, faz a coisa certa. Um exemplo é o Gabriel, que é o espírito do Corinthians, a cara do Corinthians, tem o DNA. Quando você acerta num cara desses, é um felizardo. Acho que quem vier para o Corinthians e não se enquadrar nesse espírito, não tem futuro. Quem vier para ser estrela ou "bam bam bam", corre o risco de dançar.

– Os reforços serão pontuais, com identidade com o clube, que vão ralar, botar a bunda no chão. Se vier de forma diferente, não prospera, é cobrado pelo grupo

O que te tirou o sono em 2017?

– Não sei, é difícil...

Talvez a renovação com o Pablo?

– Não. Foi o atendimento a empresários, que é muito difícil. Eu tenho que brigar pelo lado do clube e eles têm que defender o lado dos jogadores. Isso é desgastante. Mas a maioria com quem me relacionei, tive um contato amigável. Amigável não, profissional. A função me mostrou o seguinte: você não conversa com jogador sobre valores sem passar pelo empresário. Não que eu não soubesse, mas não sabia que estava tão enraizado. Você conversa sobre tudo, mas jogador não assume discussão sobre dinheiro. Eles veem o empresário como um mecanismo para que a coisa dê certo.

Todo mundo tem empresário?
– O único (que não tem) é um que eu conversei dois minutos no café da manhã, domingo: o Danilo. Os outros foram mais desgastantes, porque cada um representa um lado. Mas no fim tem que ser bom para todo mundo.

Teve também o afastamento do Cristian e do Matheus.
– Do Matheus, não. Com ele foi uma precipitação do empresário e dele, talvez pela idade. Ele quis tomar uma posição que contrariava os caminhos do Corinthians. Mas aí os médicos disseram que ele poderia ter um problema de joelho, então a gente relevou. Não sei como vai ficar. No caso do Cristian, ele levantou um assunto seis meses depois do ocorrido, não estava legal, conversamos e ele foi treinar separado.

E o caso Drogba? Você era contra a contratação dele, não?
– Foi um equívoco de pessoas de fora que jogaram para dentro um nome. No primeiro posicionamento meu, eu disse: "Não vou me alongar porque não vai acontecer. Não é que eu não quero, mas vi que começou do lado de fora e não vai prosperar".

Foi creditado na nossa conta um erro. O erro foi aceitar informações externas de um caso que não iria prosperar

Depois veio o William Pottker. O Corinthians emprestou jogadores à Ponte Preta contando que teria o Pottker, mas o negócio não vingou.

– Isso foi nada mais do que um contrato que fui recomendado a não assinar, pois era prejudicial ao clube. Valores, percentuais... Até hoje guardo o contrato. O jurídico falou que eu tinha o direito de assinar, mas que poderia dar problema depois. Então não assinei o contrato. Depois ainda veio o agravante de ele ter jogado (pela Copa do Brasil), mas não foi por isso que não fechamos o negócio, mas sim porque não era um bom acordo.



O que você mais gosta no seu cargo e do que você sentirá mais falta?

– O que mais gosto? É de ver as pessoas felizes, num ambiente saudável, os caras tranquilos, resolvendo os problemas deles. Quando assumi, eu falei 30 segundos só com os jogadores. Eu falo muito, mas naquele dia disse apenas o seguinte: "Estou aqui para ajudar e vou esperar vocês me procurarem quando tiverem problemas".

E teve muitos problemas a resolver?

– Sim. Desde vir discutir uma premiação ou um contrato a vir falar de um problema financeiro, pessoal... Todos os assuntos foram discutidos com os jogadores. É lógico que às vezes não é com o elenco inteiro, pega sete ou nove e decide tudo. Teve vezes que a concentração foi de dois dias, algumas até eles pediram.

Como você lidou com aquela queda de rendimento do clube no segundo turno do Brasileiro?

– Ninguém mudou o tom de voz, nem o Carille, nem nós. O comportamento no almoço, no ônibus, em tudo foi igual. Talvez esse tenha sido o segredo. Houve cobrança, o Carille falava o mesmo que dizia para vocês: "Estivemos abaixo, podemos render mais". Mas o tom de voz nas preleções, nos vídeos e nas viagens nunca teve alteração. Com cinco ou seis rodadas muito ruins no segundo turno, eu não vi em nenhum momento uma mudança de comportamento ou alguma reunião.

A diretoria ofereceu um "bicho" extra para os jogadores reagirem?

– Conversamos em momentos específicos, por decisão da diretoria sempre teve incentivo. "Ô gente, vamos tentar seis pontos em determinada fase e se conseguir tem tal valor." Tivemos, por exemplo, antes de um jogo contra o São Paulo. Mas não foi ponto de referência nunca. Isso me surpreendeu. Do lado de fora, você ouve muito o termo mercenário, mas aqui vi um monte de trabalhador. Ninguém chega atrasado. Não teve um dia que a preleção tenha atrasado. Eu não imaginava isso antes de entrar no clube.

Como foi a relação com a torcida?

– Houve um jogo que perdemos para o Inter, nos pênaltis, e fomos eliminados da Copa do Brasil. Aí fomos descer para o vestiário e, quando chegamos, o elevador estava lotado, não dava para entrar. Um cara lá de dentro, um grandão, começou a gritar "a culpa é sua". Ele nos xingou, inclusive. Eu não respondi nada. Até queria encontrar esse camarada de novo. Guardei isso. Ali vi a ira de quem está sofrendo. Foi o único momento em que fui xingado.

No geral, recebeu mais elogios do que críticas?
– Não é demagogia, pois não sou candidato a nada. Mas o mais gostoso é ver as pessoas felizes, a alegria do torcedor. Um monte de gente fala "obrigado". Mas quem jogou não fui eu. Tratam a gente como ídolo. O legal é ver alguém feliz pelo futebol.

E eu não imaginava que esse grupo do Corinthians fosse tão comprometido. De fora, não sabia. Quanto mais desconfiavam, mais esse grupo se uniu para dar respostas



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27546 visitas - Fonte: Globo Esporte

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fora Roberto De Andrade, Alessandro e Flávio adalto

esse e o pior diretor de futebol da historia ainda que o Andrez ta chegando. tichau querido chega .

Apesar das lambanças feitas por esses senhores, com o tite, carille e jogadores comprometidos, o Corinthians conseguiu todo esse triunfo.

VOCÊ QUE ESTÁ CANSADO DE TER POUCA PROGRAMAÇÃO DE TVV ASSSINATURA E NÃO CONCORDA COM OS VALORES COBRADOS
FAÇO LIBERAÇÃO E DIMINUÍMOS O VALOR DA CONTA
PARA TODO BRASIL
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