Se Guilherme ainda não conseguiu deslanchar como um meio-campista de criação, Tite encontrou uma alternativa tática para que o Corinthians não sofra tanto no ataque. Vivendo provavelmente sua melhor fase na carreira, o lateral-direito Fagner virou peça-chave no Timão com uma alteração de posicionamento feita pelo treinador recentemente.
Tite deixa Lucca bastante aberto pela esquerda e avança Fagner pelo lado direito
Com o Corinthians tendo a posse da bola, o jogador se adianta para a linha central do gramado e se transforma em mais uma opção. Ou seja, passa a ser o primeiro jogador aberto pela direita no campo ofensivo, posicionado na mesma direção de Elias e Guilherme, outros dois com a função de chegar ao setor ofensivo.
A alteração, na visão de Tite, permite que Giovanni Augusto possa circular com mais liberdade pelo ataque, como acontecia no Atlético-MG. Com isso, o meia não tem a obrigação de se posicionar quase como um ponta pela direita e pode rodar pela parte central para auxiliar Guilherme, ainda em fase de adaptação na função.
Do outro lado do campo, Lucca também desempenha um papel importante. O atacante é orientado a ficar bem aberto pela esquerda, aparecendo na área para concluir em bolas cruzadas. Para Tite, o posicionamento dos dois lados abre a defesa adversária e permite que os meio-campistas tenham mais liberdade para construir as jogadas.
Na imagem abaixo, é possível notar como a engrenagem funcionou no gol de empate diante do Santa Fe, em Bogotá. Giovanni Augusto deixou o lado direito e iniciou a jogada pelo meio. Fagner recebeu a bola na frente e tocou para Guilherme, que encontra Elias com liberdade na área para deixar tudo igual.
Posicionamento ofensivo no lance do gol de empate contra o Santa Fe, pela Libertadores (Foto: GloboEsporte.com)
– Vai de acordo com o jogo. Você receber a bola na frente dá um pouco mais de espaço para jogar e acaba abrindo a linha defensiva do adversário. O Giovanni é um jogador de mais criação e fica com essa liberdade. Precisamos sempre buscar alternativas para a equipe não ser previsível – afirmou Fagner.
Tite quer mais ainda. O lateral-direito também vem sendo orientado para, em alguns momentos, atuar como um ponta. Isso aconteceu na vitória por 3 a 0 sobre o São Bernardo. Após a expulsão de um jogador do time do ABC, Fagner foi liberado para o ataque e brilhou. Foram duas assistências e uma ótima atuação.
A busca do técnico por alternativas tem um motivo: Guilherme. Apesar de ter atuado como meio-campista em alguns momentos no Atlético-MG, o jogador ainda sofre, sobretudo quando precisa voltar até o campo de defesa para iniciar as triangulações, papel exercido por Renato Augusto no ano passado.
– Guilherme está se adaptando. Deem tempo para a equipe se ajustar. A hora que conseguir ajustar a abertura maior do Fagner, o Giovanni pelo centro, vamos conseguir criar mais – explicou o comandante.
Se Guilherme ainda não é Renato Augusto, Giovanni Augusto aos poucos tenta ser como Jadson. O baixinho tinha no ano passado uma função parecida: receber a bola na direita e se movimentar pelo meio para construir as jogadas. Agora, seu sucessor busca fazer o mesmo para confundir a marcação adversária.
Tite não quer nem ouvir falar em comparações com o time campeão brasileiro, mas, pelo menos na teoria, a ideia continua a mesma.