A meta é animadora, mas também bastante ousada. Convidado do "Seleção SporTV" desta terça-feira, o promotor do Ministério Público Paulo Castilho projeta o fim da violência nos estádios de futebol de São Paulo para o prazo de seis meses. A condição para a solução é a estruturação de uma justiça especializada em crimes ligados ao futebol, que deverá ser anunciada pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo nos próximos dias.

- Tomei uma posição de fazer uma proposta para resolver o problema na causa da violência, para acabar com esse câncer do futebol que é a violência por trás das torcidas organizadas. Propusemos em São Paulo, foi aprovado no órgão especial, e o secretário de Segurança Pública, Alexandre Morais, está articulando. Teremos uma justiça especializada para todos os crimes ligados que ocorrerem na capital, de futebol e conexos ao futebol. Isso inclui casos de tráfico, de lesão grave, de roubo, todos vão tramitar pelo mesmo juiz, que dará uma medida efetiva, como prisão temporária, obrigatoriedade de se usar tornozeleira, quebra de sigilo bancário ou fiscal dos líderes para ver se há lavagem de dinheiro ou dinheiro de tráfico, ou sonegação - listou ele.

- Vamos implementar isso, vamos dizer, em um prazo de 30 dias. A Secretaria vai anunciar, isso vai ser publicado e precisa se estruturar. Se efetivarmos um trabalho sério, arregaçarmos as mangas, montarmos os grupos necessários, em seis meses eu garanto ao vivo que vamos extirpar a violência do estádio de futebol no estado de São Paulo, eu não tenho dúvida - projetou.

Ainda segundo o promotor, São Paulo será pioneiro nesta implementação, que depois poderá ser adotada pelos demais estados do Brasil.

- Vamos vencer isso com essa implantação desse juizado de competência ampla. O secretário de segurança obteve o apoio do governador, do presidente do Tribunal de Justiça e do procurador-geral. Vamos passar a ter efetividade nesta ação, onde tudo será levado a um único juiz, que tomará as medidas para que não fique a sensação de impunidade. Essa situação que vai ser implementada e já foi aprovado pelo órgão especial do TJ, vai ser anunciado pelo secretário, tenho certeza de que vai servir de modelo para os demais estados da federação - afirmou.

Sociólogo especializado em violência no futebol, Maurício Murad informou que existem mais de 2 milhões de torcedores organizados em todo país. Deste número, entre 5% e 7% se envolvem em confusões. O índice de reincidência em delitos, em 2014, foi de 15%. O número é baixo perto do mesmo índice em toda área criminal, que chega a 75%.

- Vamos ter de identificar esses 5% ou 7% e quem não for preso, vai ser extinto de estádios de futebol - afirmou Paulo Castilho, que culpa a impunidade para a constante violência no futebol.