Os últimos dias foram de reuniões, divergências e ataques entre a atual e a antiga diretoria do Corinthians. Tudo por conta do suposto rombo milionário nas contas do clube, como revelado pelo ge. Na quinta e na sexta-feira, membros da gestão de Duilio Monteiro Alves estiveram no Parque São Jorge para tratar do assunto. Primeiro, o ex-diretor financeiro Wesley Melo foi ao local. Depois, foi a vez de Roberto Gavioli, que ocupou o cargo de gerente financeiro entre 2017 e junho de 2024. Os encontros não diminuíram a tensão nos bastidores do Corinthians, pelo contrário.
Wesley Melo argumenta que os documentos apresentados pela atual diretoria não foram conclusivos: "Foram apresentados apenas relatórios não oficiais, planilhas supostamente demonstrando os alegados ajustes, e análises paralelas, insuficientes para qualquer entendimento completo. Não houve contestação efetiva, diagnósticos objetivos, documentos oficiais comprobatórios ou apresentação dos argumentos citados, apesar da nossa insistência a este acesso. A atual diretoria do clube não irá se manifestar antes do fim da apuração e do fechamento do balanço de 2024 - e a possível 'abertura' e alteração do balanço de 2023."
Segundo a análise inicial do Corinthians, os valores deveriam ter sido lançados no balanço de 2023 como "provisão para contingências". Sem essa identificação, o clube teria apresentado um resultado financeiro muito melhor do que o real. As provisões para contingências nada mais são do que uma reserva para disputas nos tribunais que o clube entende ter chance considerável de derrota. Ao final do ano, os advogados listam todos os processos em andamento e os separam de acordo com três níveis de risco de perda: remota, possível ou provável. Os que se enquadram nesta última classificação precisam entrar no balanço. Em 2023, as contas do Corinthians registraram uma provisão para contingências de R$ 10,6 milhões. Em 2022, o valor era de R$ 25,4 milhões.
Ao formular o balanço financeiro de 2024, o Corinthians identificou valores a pagar que já deveriam ter sido lançados nas contas do ano anterior. O tamanho dessa dívida ainda é incerto. Diferentes fontes ouvidas pelo ge apontam que o rombo deve ficar entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões, mas há versões com números maiores e menores.
Ciente da gravidade de mexer em um balanço já auditado e aprovado pelos órgãos de controle do clube, o Corinthians decidiu contratar a consultoria de Eliseu Martins, tratado como um dos maiores especialistas em contabilidade do Brasil. Ele emitirá um parecer sobre o caso.