Presidente do Corinthians de 2012 a 2015, o delegado Mário Gobbi Filho agitou o já movimentado bastidor da política alvinegra. Em uma conversa com conselheiros do CORI (Conselho de Orientação), no dia 13 de janeiro, o ex-dirigente atacou a atual gestão, fez críticas preconceituosas aos novos associados do clube e disse que o Parque São Jorge está "cheio de bandido". – Vocês vão acordar ou não vão, "caralho"? Tem gente que tem dúvida em quem vai votar. Homem de "merda", é homem de "merda"! Desculpem falar assim. Nós estamos vivendo uma ditadura! Cinquenta capangas aqui que não deixam a gente fazer nada. Você está em uma roda, tem um bobinho para dizer o que você vai fazer. O que você pensa que o Corinthians é? Ah, o time... O time custou R$500 milhões, "porra"! Vocês não viram o contrato do Memphis? – Nós vivíamos em paz aqui. Ele (Augusto Melo) pegou a mensalidade, jogou em uma merreca, está cheio de bandido frequentando o clube. Escuta aqui que estou falando: está cheio de bandido frequentando o clube. Presta atenção no que eu estou falando. Vem aqui de final de semana, é chinelo havaiana, um baixo nível. Se você fizer alguma coisa, eles te peitam – afirmou o ex-dirigente aos seus pares. As falas de Mário Gobbi não constam em ata do órgão responsável por orientar a diretoria e fiscalizar a administração do clube. O ex-presidente reconhece a autoria das frases, mas frisa que foram tiradas de contexto pelos seus adversários políticos. – Reconheço que as palavras escolhidas por mim não foram adequadas, pois transmitem a ideia de que o problema estaria no fato de pessoas de baixa renda frequentarem o clube. A diversidade sempre será uma de nossas virtudes. – A todo momento recebemos mensagens de sócios e conselheiros indignados com a degradação do ambiente de nosso clube. As principais reclamações são a retirada da obrigatoriedade de apresentação dos antecedentes criminais para entrada de novos sócios (qual o sentido dessa decisão?), aumento das ocorrências de furtos, brigas, depredação do patrimônio e acesso frequente de não-sócios autorizados pela diretoria a usarem todos os equipamentos do Parque São Jorge. Isso sem falar nas agressões sofridas por conselheiros nas últimas reuniões do Conselho Deliberativo. – Por trás do episódio está aquilo que é a maior ameaça da história contra o Corinthians : a entrada do crime organizado no Parque São Jorge. E o alerta não é meu ou do Conselho, mas de promotores do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), já publicado pela imprensa, mas lamentavelmente ignorado por muitos corintianos ludibriados por promessas e/ou cargos – disse o delegado em sua defesa. Presidente do Corinthians em títulos marcantes do clube, como os da Copa Libertadores e do Mundial de Clubes, ambos em 2012, Mário Gobbi deixou o cargo em fevereiro de 2015. De lá para cá, chegou a ser oposição ao grupo Renovação & Transparência, porém se reaproximou de seus antigos adversários políticos com a ascensão de Augusto Melo ao poder.
/s.glbimg.com/es/ge/f/original/2015/01/16/a2196f70892.jpg)
O que diz o CORI? Em nota oficial emitida à imprensa, o CORI explica que as falas acima reproduzidas por Mário Gobbi não constam em qualquer ata do órgão. – Oficialmente esclarecemos que vem Circulando em sites e mídias sociais uma “reportagem” que menciona uma “Ata do CORI” o que não retrata a verdade pois tal descritivo não consta em nenhuma de nossas Atas. – Muito nos causa espanto a divulgação de “documento” que sequer foi elaborado por nosso órgão , fato que ocorrerá em nossa próxima reunião mensal ou extraordinária caso ocorra; – Dessa forma repetimos que não reconhecemos tal “documento”. Lamentamos a polêmica nesse momento e temos o compromisso de apurar os fatos – diz o documento assinado por Miguel Marques, presidente do CORI.