Se dentro de campo o Corinthians ainda segue em clima morno, sem conseguir engrenar em 2024, fora das quatro linhas a temperatura é altíssima. Os bastidores políticos do clube fervem no início da gestão do presidente Augusto Melo, com desavenças, articulações e trocas de acusações públicas e veladas. As motivações são as mais diversas. Vão desde questões menores, relacionadas ao ego de conselheiros e membros da diretoria, até a assuntos centrais na vida política do Corinthians , como a sucessão de Augusto Melo em 2026. Enquanto aliados do presidente se engalfinham, a oposição tenta se rearticular após o fim de uma dinastia de 16 anos no comando do clube. O grupo Renovação e Transparência trabalha para defender o seu legado e montar as bases para a reconstrução - inevitavelmente com a participação de Andrés Sanchez, que saiu de cena, mas não abandonou o jogo. Abaixo, o ge apresenta detalhes do conturbado ambiente nos bastidores do Corinthians .
Poder paralelo Rubens Gomes, o Rubão, é peça-chave para entender o tabuleiro político do clube no momento. Antigo aliado de Augusto Melo, ele foi o principal articulador da campanha presidencial e, como retribuição, ganhou o comando do departamento mais cobiçado no Parque São Jorge: o futebol. O cargo de diretor deu visibilidade a Rubão e, automaticamente, o colocou como um dos favoritos a suceder Augusto Melo em 2026. Vale lembrar que não há reeleição no Corinthians . Mal acaba uma disputa nas urnas e outra já começa a ser planejada nos bastidores.
Em busca de sustentação, o diretor de futebol se aproximou nos últimos tempos do "Movimento Corinthians Grande", grupo político que elegeu uma chapa na última eleição. Embora não seja tão numeroso no Conselho (tem 25 de 200 cadeiras), o Movimento Corinthians Grande ganhou protagonismo na gestão Augusto, ocupando cargos-chave na diretoria, tais como a segunda vice-presidência (Armando Mendonça), diretoria financeira (Rozallah Santoro) e diretoria-adjunta de futebol (Fernando Alba).
Quem dá as cartas? Eleito para comandar o Conselho do Corinthians em 2 de fevereiro, Romeu Tuma Júnior teve a vitória celebrada por Augusto Melo e seus correligionários. Às vésperas da votação, o presidente decidiu entrar na campanha e apoiar Tuma publicamente. Antes disso, porém, Augusto chegou a trabalhar para viabilizar um outro nome mais próximo e fiel a ele, mas não teve êxito. O apoio do grupo da situação foi decisivo para a vitória de Tuma, mas nem por isso o novo presidente do Conselho adotou uma postura passiva ou submissa à diretoria executiva.
A oposição tenta se reagrupar e preparar o terreno para a volta ao comando do clube em 2027. Para isso, trabalham em duas frentes: defender as realizações dos 16 anos em que comandaram o Corinthians e se proteger contra ataques da atual gestão; fiscalizar e denunciar eventuais erros de Augusto Melo. O primeiro ponto ficou explícito em caso recente envolvendo supostas "mordomias" ao ex-presidente Duilio Monteiro Alves e seus diretores.