A forte chuva que atingiu a cidade de São Paulo por volta das 17H00 do último domingo pode ter ocasionado a queda de energia elétrica, tão corriqueira nas redondezas do Pacaembu e que desta vez paralisou a partida por 31 minutos.

Contudo, não parece ter sido esse o real motivo da presença acanhada de apenas oito mil corinthianos na antiga casa. Arrisco a afirmar, inclusive, que esse tenha sido o menor público de toda história corinthiana. Como justificativa (se é que dá pra justificar), o mando de campo desta partida pertencia na verdade, à equipe do ABC, que abriu mão de jogar em sua casa por não acreditar que lotaria o estádio de sua cidade com capacidade para dez mil torcedores.

Além da inversão do mando de campo não ter sido devidamente divulgada, o Fiel Torcedor,
programa de sócios torcedores e responsável pela venda de mais de 90% dos ingressos dos jogos do Corinthians, não pôde ser utilizado neste jogo.

Desconsiderando o dia atípico nas arquibancadas, dentro de campo o Corinthians pareceu superar muito bem os problemas físicos, que não são muitos, mas que são característicos de todo início de temporada.

Não somente pelo placar da partida, mas principalmente pela inferioridade técnica do adversário, a falta de ritmo de jogo passou despercebida, e de regra, quando ela resolve aparecer, ela pesa de forma implacável a assertividade dos passes e das finalizações, prejudicando de forma absoluta a execução do novo esquema tático pensado por Carille para 2018: o 4-1-4-1.

Ao contrário do que aconteceu na derrota de 1x0 para a Ponte Preta na primeira rodada, quando Jadson apareceu diversas vezes sem apoio no meio campo devido à forte marcação em Rodriguinho, dificultando a troca de passes, desta vez, os meios funcionaram muito bem como uma boa dupla de armadores, sendo Jadson o maior responsável pelas saídas de bola na partida. E cá entre nós, quando ele está bem fisicamente e atuando pelo meio, como é diferenciado este garoto! Se nosso treinador tivesse percebido isso antes, talvez tivéssemos levado o Brasileirão 2017 sem grandes sustos. Mas ainda bem que a gente gosta mesmo é de sofrer, “né não”?

Juninho Capixaba também agradou. Apesar de ser apenas seu primeiro jogo oficial com a pesada camisa alvinegra, não se sentiu intimidado e, embora tenha cometido alguns erros pontuais a serem corrigidos (como no recuo para o Cássio no final da partida) mostrou que sabe se posicionar na linha defensiva e também tem qualidade técnica para atacar. Talvez por ser meia de origem nas categorias de base, mostrou ter habilidade para fazer ultrapassagens tanto pela lateral, como também de realizar infiltrações pelo meio, se tornando mais uma ótima opção de chegada no ataque. Detalhe: é ambidestro!

O largo placar de 4x0 só foi alcançado, após mudança no panorama da partida alcançada depois da substituição feita no ataque. Em 30 minutos no lugar de Kazim, que saiu em baixo de vaias, Junior Dutra deu à equipe maior mobilidade no ataque e se tornou mais letal para o frágil São Caetano, marcando de cara o segundo gol corinthiano na partida e o seu primeiro com a camisa alvinegra. O ex-atacante do Avaí também quase marcou outro de letra, perdeu uma chance clara de gol e ainda ajudou na criação do quarto, convertido pelo “menino” Romero. E falando nele... Ahhhhhhhh, se ele acerta aquele gol de bicicleta!

Enquanto seguimos no aguardo de mais um nome para o ataque, mais especificamente para a vaga deixada por Jô, já conseguimos ter uma ideia de como vai ser esse Corinthians de 2018. Com todas suas limitações, como foi o vitorioso ano de 2017, acredito que as recomposições foram muito bem feitas até o momento, e que tanto as peças individuais, principalmente os recém-chegados, assim como o coletivo, já mostra em pouco tempo que pode evoluir de forma muito positiva ao longo do campeonato.

Após um placar de 4x0 com uma boa atuação individual e coletiva do nosso time, decretamos: Que comece 2018!


Por Tatiane Araújo
Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press