No futebol, sempre pode haver uma próxima chance.

No Corinthians x Grêmio que ocorre às 22h (de Brasília) em Itaquera, sete histórias de personagens dos dois clubes estão interligadas. Eles estiveram do outro lado, não terminaram suas passagens da melhor forma, mas hoje vivem sob outra perspectiva. A prova cabal disso é o que estará em jogo na Arena Corinthians: de um lado, o líder do Campeonato Brasileiro, do outro, uma equipe gremista que, de tão surpreendente, não se impõe limites. Também quer disputar o título.

Entre esses personagens de importância na noite desta quarta está Bobô. Ele foi formado no Corinthians, saiu do clube em baixa, construiu seu nome na Turquia e começa a fazer diferença pelo Grêmio. Tem tudo a ver com Cássio, Edílson, Marciel, Tite, Marcelo Oliveira e Douglas.

CÁSSIO

Ernesto Rodrigues/Folhapress.ESPORTES

Cássio nunca foi unanimidade no Grêmio. Goleiro das categorias de base, não era celebrado nos times inferiores e concorria por espaço com Marcelo Gröhe, com quem dividiu apartamento em Porto Alegre. Estava atrás de goleiros como Galatto e Andrey. Internamente, o Tricolor acreditava pouco nas capacidades do atual goleiro corintiano. Tanto que na primeira oportunidade que teve, vendeu seus direitos ao PSV, da Holanda, crente de que tinha feito um grande negócio ao receber 1,5 milhão de euros pelo jogador que tinha 20 anos. No Corinthians, Cássio virou campeão da Libertadores, Mundial de Clubes e hoje é um dos poucos membros do elenco com status de ídolo.

MARCIEL

Julia Chequer/Folhapress

Marciel teve destaque bem jovem pelo Grêmio em um time sub-13 com jogadores como Yuri Mamute e Matheus Biteco, mas perdeu espaço durante as temporadas seguintes e caiu de produção quando foi deslocado para lateral esquerda. Aos 16 anos, em meio a uma grande qualidade de atletas, acabou dispensado. A formação dele passaria a ser do Fragata, clube de Pelotas, em que voltou a atuar como volante. Contratado pelo Corinthians há um ano e meio, passou com sucesso pelos juniores e agora está entre as opções de Tite. Na semana passada, estreou como titular com gol sobre o Fluminense.

EDÍLSON

Rubens Cavallari-5.jan.2015/Folhapress

Edílson foi preterido por jogadores 'indicados' em sua posição. Chegou ao Grêmio por força do técnico Silas, em 2010, e logo virou titular. Quando chegou Renato Gaúcho, perdeu espaço para Gabriel, indicado por ele. Depois, na chegada de Vanderlei Luxemburgo, foi relegado pela chegada de Pará. Com problemas de relacionamento com Luxa em função da reserva, Edílson foi dispensado - uma marca na carreira de seis dispensas. No Corinthians, mesmo sem apresentar consistência semelhante à do titular Fagner e algumas falhas defensivas, costuma ser um dos suplentes mais elogiados por Tite. Seja pela participação em campo, com chutes fortes, seja pela atitude no vestiário. Renovou contrato até 2017.

TITE

AP/Alavro Ferrari

Tite construiu uma história brilhante no Grêmio, com títulos da Copa do Brasil e do Campeonato Gaúcho. Mas o fim de sua trajetória de três temporadas no clube foi constrangedor pelo vazamento de críticas internas de dirigentes gremistas a seus critérios. A razão principal era a ligação quase umbilical do treinador com jogadores mais experientes. Hoje, em sua terceira passagem pelo Corinthians, Tite disputa com Osvaldo Brandão o rótulo de maior técnico da história do clube do Parque São Jorge e venceu quase todos os títulos possíveis.

MARCELO OLIVEIRA

Lucas Uebel/Divulgação/Grêmio

Marcelo viveu bons momentos no Corinthians, clube em que foi formado, mas teve a carreira quase encerrada por lesões importantes e uma infecção hospitalar. Até deu contribuição no título da Copa do Brasil 2009, mas nunca mais conseguiu ser o mesmo de antes. Até chegar ao Grêmio, quase despercebido. Depois de oscilar por repetidas trocas de posição com Luiz Felipe Scolari, que indicou seu nome, Marcelo se firmou na lateral esquerda. É um dos destaques da posição no Brasileiro, anotou contra o Corinthians no primeiro turno e tem liderança destacada no vestiário.

DOUGLAS

LUCAS UEBEL/GREMIO FBPA

Campeão mundial pelo Corinthians, Douglas teve duas passagens vitoriosas pelo clube, mas sempre conviveu entre altos, por jogadas brilhantes e inteligentes, e baixos, por excesso de peso e pouco comprometimento tático. Os últimos meses com a camisa corintiana foram melancólicos, a ponto de o clube pagar parte de seu salário para defender o Vasco em 2014. Já no Grêmio, tinha histórico semelhante por passagem entre 2010 e 2012. Na segunda chance em Porto Alegre, começou mal e bateu de frente com a torcida. A partir da chegada de Roger Machado, sem tantas atribuições defensivas, se fixou como referência na criação. É o líder de assistências do elenco.

BOBÔ

Lucas Uebel / Grêmio FBPA

Cria da base do Corinthians, chegou aos profissionais em 2004 com fama de goleador construída com título da Copa São Paulo, mas não vingou. Foram cinco gols em 63 jogos, mas o mais memorável foi um desperdiçado contra o Cianorte-PR, pela Copa do Brasil. Depois de virar um dos maiores goleadores da história do Besiktas-TUR, voltou ao Grêmio com 30 anos. Estava parado havia dois meses e as primeiras aparições na equipe deixaram evidente a falta de ritmo. Na sequência de oportunidades pela ausência de Luan, na seleção olímpica, já fez um gol e deu duas assistências. Contra o Goiás, no domingo, foi muito elogiado após vitória por 2 a 1.

FICHA TÉCNICA

CORINTHIANS x GRÊMIO

Data e hora: 08/09/2015, às 22h (horário de Brasília)
Local: Arena Corinthians, em São Paulo
Árbitro: André Luiz de Freitas Castro (Especial 2 - GO)
Auxiliares: Alessandro A Rocha de Matos (Fifa - BA) e Kleber Lucio Gil (Fifa - SC)
Transmissão: Globo, Band e Premiere

CORINTHIANS
Cássio; Edílson, Felipe, Edu Dracena e Guilherme Arana; Ralf; Jadson, Marciel, Renato Augusto e Malcom; Vagner Love.
Treinador: Tite

GRÊMIO
Tiago; Galhardo, Pedro Geromel, Bressan e Marcelo Oliveira; Walace e Edinho; Giuliano, Douglas e Pedro Rocha; Bobô.
Treinador: Roger Machado