O Corinthians abriu as quartas de final da Copa Sul-Americana com um empate 0 a 0 diante de mais de 37 mil torcedores na Arena em Itaquera. Mais do que o resultado que não rendeu vantagem no mata-mata contra o Fluminense, o time do técnico Fábio Carille amargou atuação pouco convincente no ataque: teve 50% de posse de bola, acertou apenas cinco finalizações e, claro, não marcou diante de uma das piores defesas da elite no segundo semestre.



Para hoje, no confronto decisivo às 21h30, no Maracanã, a estratégia terá que ser diferente.

Nos últimos dias, a comissão técnica corintiana tentou entender os motivos que fizeram o ataque não render no jogo de ida e testar maneiras para mudar o panorama na volta. A conclusão é que o poderio de marcação do Flu travou o lado direito do ataque, que funciona bem com a dobradinha entre Fagner e Pedrinho e o apoio de Júnior Urso.

Sem criatividade pela esquerda, o Corinthians não teve alternativas ofensivas. Por isso, a ordem agora é apostar mais em finalizações de longa distância como tentativa de surpreender a defesa do Flu.

O último gol de fora da área marcado pelo Corinthians foi de Danilo Avelar, na vitória contra o Fortaleza, há um mês, pelo Brasileirão.

Há uma cobrança interna para que o time finalize mais e com mais precisão, inclusive de fora da área. E principalmente hoje, contra o Fluminense, cuja estratégia defensiva é acumular jogadores nos setores - na ida, o adversário jogou sem centroavante, com Nenê de falso 9 e flutuando no meio para o time ocupar espaços. Cada bola em Fagner ou Pedrinho era acompanhada por marcação dobrada. Sem espaço, o time não criou.

Entre dez gols marcados na Sul-Americana, apenas um foi de fora da área - curiosamente, o time tem o segundo melhor ataque da competição, com um gol a menos que o próprio Fluminense.

No ano, entre 55 gols marcados em competições oficiais, foram só quatro de longa distância, o que representa menos de 10%. Em contrapartida, o Corinthians é o time que mais arrisca finalizações no torneio continental entre todos os times: 96 finalizações, sendo 40 certas e 56 para fora, 41,7% de aproveitamento.

GOLS DO CORINTHIANS EM 2019

Campeonato Paulista: 16 gols (100% dentro da área)
Copa do Brasil: 11 gols (90,9% dentro da área)
Campeonato Brasileiro: 18 gols (88,9% dentro da área)
Copa Sul-Americana: 10 gols (90% dentro da área)

"Eles [Fluminense] acumularam jogadores pela direita. Mas nós temos o lado esquerdo também, com Clayson, Avelar e Vital, ou seja quem for. Também é muito forte, trabalha as mesmas jogadas do que pela direita. Se o lado direito for inibido temos o esquerdo para surpreender e o meio também. É um jogo de inteligência, de tentar fugir da marcação deles, que é diferente."

O discurso é do volante Júnior Urso, autor de cinco gols na temporada - um na Sul-Americana, contra o Deportivo Lara, e outro de fora da área, na Copa do Brasil, diante do Avenida. Ele joga pelo lado direito, onde o Fluminense acumulou jogadores na marcação para impedir a fluidez do jogo corintiano. E que "forçou" uma mudança de estratégia já observada neste segundo semestre.



Para efeito de comparação: no Campeonato Paulista o Corinthians acumulou 184 chutes a gol, sendo 116 de dentro da área e 68 de fora. Já no Brasileiro, em 16 rodadas disputadas até agora, são 154 finalizações, com mais equilíbrio em sua origem: 74 dentro da área e 80 fora. É sinal de uma mudança de postura em relação ao começo do ano e de um time que está chutando mais de longa distância. Hoje, pode ser a carta na manga.

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