21/9/2018 10:26

Novo no Corinthians, conheça Barroca e os pensamentos do técnico do sub-20

Novo no Corinthians, conheça Barroca e os pensamentos do técnico do sub-20
Foto: Bruno Cassucci

Pelo histórico recente do Corinthians, é bem possível que você veja Eduardo Barroca trabalhando no time profissional em breve. Afinal, os últimos técnicos do sub-20 do Timão, Dyego Coelho e Osmar Loss, estão na comissão técnica de Jair Ventura.



Mas quem é Barroca? O que ele pensa sobre o futebol, em quem se inspira e como avalia as principais promessas da base alvinegra?

Contratado do Botafogo há pouco mais de três meses, Barroca também é auxiliar da seleção brasileira sub-20 e ministra cursos da CBF. Ele recebeu a reportagem do GloboEsporte.com na terça-feira, no Parque São Jorge, um dia antes da eliminação do Corinthians do Campeonato Brasileiro Sub-20.

GloboEsporte.com – Como tem sido esse início de trabalho no Corinthians e o que mais te surpreendeu no clube?

Eduardo Barroca – Eu já tinha uma ideia, porque tive uma passagem rápida por aqui em 2010. Fiquei muito bem impressionado com as conversas que eu tive para vir para cá, as ideias do clube e para o que o clube está se planejando para o futuro, com relação a estrutura e a integração com o profissional. Isso me chamou bastante a atenção. Estou completando quatro meses. Peguei uma equipe bem organizada, que chegou numa final de campeonato nacional, com um trabalho sedimentado. Isso facilitou muito. E também facilitou o fato de eu ter enfrentado muito o Corinthians pelo Botafogo, eu já conhecia bem os jogadores.



Foi fácil a integração, então?

– Nesse primeiro momento eu tive a vida facilitada na adaptação, pois peguei uma equipe muito organizada e o clube pensando em se estruturar para frente. As condições de trabalho que tenho aqui são muito boas. O clube pensa em dar para a categoria sub-20 condições muito próximas da dos profissionais. O calendário sub-20 exige isso. Já fiz 24 jogos desde que cheguei, em menos de quatro meses. É muita coisa. Cheguei tendo jogo quarta e sábado. Mas estou muito satisfeito com a minha escolha, de ter vindo, e com o trabalho que temos feito.

Você está integrado ao planejamento do sub-20 ou de outras categorias ou seu trabalho se limita ao campo?

– O calendário sub-20 é tão volumoso que, só para você ter uma ideia, o Botafogo, onde eu estava, fez 75 partidas no ano de 2016. São seis ou sete competições nacionais e internacionais, muitas viagens. Neste primeiro momento, minha responsabilidade é dar as melhores condições para esse processo final do funil de uma categoria de base, que é tão complexa. Poder fazer com que esses jogadores joguem partidas desta importância com bom nível. Isso é muito importante nessa transição para o profissional, jogar contra time grande, em estádios como Barradão, Beira-Rio... coisas que há um tempo não existiam. Meu foco nesse primeiro momento é dar o máximo de qualidade a esse processo. Quando eu cheguei aqui era o Osmar o treinador. Minha relação com ele é muito próxima, de respeito mútuo. Com o Jair, a mesma coisa. Estamos tentando, na medida do possível, conciliar os calendários e criar uma lógica de integração e de comunicação. Tudo o que a gente faz aqui é reportado lá para os profissionais da categoria profissional terem conhecimento. A gente divide informação tanto de forma informal, se ligando, como dividindo material de tudo que fazemos aqui.



O Corinthians contratou mais de um time de jogadores para o sub-20 neste ano. O que você acha disso?

– Esse foi um dos pontos bem conversados na minha contratação. Os principais jogadores que vingaram no clube, que tiveram sucesso esportivo e comercial, chegaram aqui muito cedo. O clube tem esse desejo, que num futuro bem próximo a gente tenha na categoria sub-20 jogadores formados na sub-13, 15, 17. Compactuo dessa forma, entendo que o processo tem que ser feito dessa forma. A gente está construindo um processo integrado entre as categorias, para que nas transições a gente perca o mínimo de valores e cada vez menos a gente tenha que buscar talentos para a categoria sub-20. Neste momento, o caminho tem sido buscar algumas peças no mercado, porque faltaram algumas peças e a gente entendeu que buscar alguns reforços pontuais faria os jogadores que estão aqui desde mais cedo terem sucesso esportivo. É o ideal? Na nossa cabeça, não. Estamos trabalhando para usar mais jogadores do 15, 17... Mas também é importante ter o sucesso esportivo na formação final. Disputar 60, 70 jogos importantes no ano é também parte desse processo final de formação do jogador.

Você participa da procura por reforços?

– Quando cheguei aqui, definimos que tudo seria decidido a quatro mãos. É tudo em conjunto entre comissão técnica e direção, usando as lógicas, fazendo contrapontos... E vendo se interessa ao profissional. Porque não faz sentido trazer um jogador para o sub-20 se ele não se encaixar no profissional.

O quão importante é vencer na base?

– O Corinthians tem o DNA vencedor, você precisa vencer aqui. Mas a minha percepção é que a gente precisa formar um jogador protagonista, acostumado a sempre disputar títulos, jogar propondo o jogo, com nível de intensidade alto.



O processo para formar um "protagonista" é diferente? Mais difícil?

– É muito mais fácil você formar um jogador reativo do que protagonista. A formação é mais complexa, envolve uma série de coisas, inclusive a parte técnica e tática, jogar pressionando o adversário, se expondo defensivamente... Envolve também a captação, buscar jogadores que tenham esse tipo de característica. Acho que isso é importante ressaltar. O Corinthians tem se aprimorado na captação de jogadores com uma idade menor. Cada vez mais o clube está investindo em atletas de sete, oito, nove, até 14 anos. O Corinthians está sendo agressivo nas contratações, investindo para que a gente cada vez menos tenha que buscar reforços no topo da pirâmide.

O Matheus Matias, atacante contratado no começo do ano do ABC-RN, foi "emprestado" pelo profissional ao time sub-20 em jogos recentes. Foi um pedido seu?

– Nunca parte de um caminho só, tem que ser uma ação que seja benéfica para todos. É evidente que para a gente é importante ter o Matias aqui. É um jogador no qual o clube acredita muito. Entendemos que ele pode reforçar nossa equipe. Para o profissional, vale a pena pois estamos dando minutagem para ele, ritmo de jogo em boas partidas. Quando ele volta para o profissional, com possibilidade de ser utilizado, está num nível melhor do que se estivesse só treinando. Eu também estou num processo de conhecimento do jogador.

Esse "intercâmbio" entre profissional e sub-20 pode acontecer com mais jogadores?

– Eu acho que isso tem sido feito constantemente com relação a treinamentos. O profissional tem solicitado muitos jogadores nossos, e a gente criou como regra que toda vez que houver solicitação a gente ofertar os melhores, a não ser que seja em dia de jogo. Como a gente está jogando duas vezes na semana, às vezes não é possível. Mas outra coisa que acho importante é que não adianta a gente subir um jogador precocemente, ele ficar apenas treinando e perder o processo competitivo na fase mais importante para ele. Temos diversos jogadores com muito potencial para transitar no profissional, mas para eles está sendo muito importante jogar partidas decisivas no sub-20. Quando eles fizerem a transição para o profissional, estarão com um nível melhor.



Você ou o clube têm uma meta de jogadores para serem promovidos ao elenco profissional por ano?

– Eu não ouso falar em número ideal. Varia de geração, de necessidade do profissional... Mas bato na tecla de que é importante não se precipitar e ter a necessidade de subir o jogador cedo. Embora temos muitos exemplos de atletas que subiram cedo e deram conta do recado, voaram. Mas é importante ter cuidado para não queimar etapas e fazer um jogador de 18, 19 anos se tornar descartável antes mesmo de completar o ciclo no sub-20. Alguns jovens que já atuam no profissional se recusam a voltar ao sub-20 porque entendem isso como um rebaixamento. Aqui a gente tem feito tudo com comunicação e organização, o jogador entende que faz sentido descer para jogar. Foi assim com o Matias. É importante incluir o jogador nesse contexto para ele entender que não está sendo rebaixado.

Há jogadores no sub-20 do Corinthians que são cercados de expectativa desde muito jovens, como Vitinho e Fabrício Oya. Como você lida com isso?

– Conversei com eles, tive oportunidade de falar sobre esse assunto. Disse para eles que não podem jogar futebol com uma mochila de tijolo nas costas. Eles têm que entender que, por mais que exista uma expectativa - e isso é mérito deles -, eles precisam entender que ainda fazem parte do sub-20 do Corinthians e ainda não fecharam o ciclo deles. Naturalmente, no momento certo, quando o Jair e todas as pessoas envolvidas entenderem que é o momento certo de fecharem esse ciclo, eles terão espaço. O que não pode é o jogador ficar se cobrando por não ter subido ao profissional mesmo tendo tempo para se desenvolver aqui. O Vitinho está voltando de uma lesão importante, mas o Fabrício, tem jogado, feito gols, sido protagonista, que é o que a gente espera dele. Ele está no tempo certo.

Quando o Corinthians foi eliminado da Copinha deste ano, muitos falaram que a geração ainda era nova, não estava preparada e que chegaria mais pronta em 2019. Você concorda? A próxima Copinha será a destes garotos?

– O Corinthians tem uma tradição muito grande na Copa São Paulo e dá muita importância na competição. Mas eu baseio meu trabalho no desempenho anual. O Campeonato Brasileiro é a competição mais importante da categoria, pois dá a oportunidade de jogar 14 jogos de altíssimo nível, exige regularidade e você consegue mensurar melhor o nível dos jogadores enfrentando equipes maiores. Acho que a gente está se desenvolvendo coletivamente, desenvolvendo uma forma de jogar como protagonistas, criando chances de gol, tendo a posse da bola... É uma forma de trabalhar que eu tenho. Particularmente, tenho preocupação em formar o jogador com o lado técnico muito bom, fundamentado. E a gente está caminhando coletivamente para uma forma de jogar que potencializa isso.



Mas o time profissional nem sempre joga desta forma. Pelo contrário, muitas vezes a equipe adota postura mais defensiva e aposta em contra-ataques. Isso não é ruim?

– Acho que não. Porque é muito mais fácil pegar um jogador formado para ser protagonista e, em momentos pontuais, estratégicos, você organizá-lo para defender, do que o contrário: você formá-lo para ser reativo e no profissional querer que ele seja protagonista.

O que você pode falar do Fessin? Ele foi contratado pelo departamento profissional, mas desde que chegou do ABC-RN só atuou na base.

– Tenho gostado muito dele, é um jogador que tem sido regular. Ele tem feito gols, dado assistências e joga quase todas as partidas com um nível de intensidade alto. Tem sido muito importante para ele viver isso para se adaptar ao clube. Para mim, é um jogador de nível de seleção sub-20, que constantemente é monitorado para convocações. Com certeza ele vai colher os frutos que tem plantado, o Fessin se dedica muito.

O Corinthians espera entregar o novo centro de treinamento das categorias de base no ano que vem. Em que isso vai ajudar no seu trabalho?

– Interação e comunicação. A gente já está trabalhando junto, na medida do possível, e em breve o sub-20 vai treinar lado a lado com o profissional, antes mesmo da conclusão da obra do CT. Ter essa visualização do que está sendo feito lá e eles do que está sendo feito aqui potencializa a transição. Acho que o maior benefício do CT será esse. Além de ter um espaço para chamar de local de trabalho, onde o jogador vai se sentir à vontade. Sem falar que o jogador vai treinar se prospectando no profissional, que está do lado.



Além de ser técnico do sub-20 do Corinthians e auxiliar da seleção, você é professor em cursos da CBF. Conte um pouco da sua trajetória.

– Minha formação é em Educação Física. Aí fiz os cursos da CBF, tirei minhas licenças e fui convidado para ministrar cursos para treinadores. Tenho feito isso com bastante constância. Facilita o fato de eu estar trabalhando na seleção sub-20. É uma oportunidade de a gente tirar a cabeça do clube e estudar futebol, buscar referências.

Dar aula para técnicos deve ser algo desafiador...

– É uma experiência muito boa. Eu flutuei em várias áreas, fui preparador físico, passei por clubes menores e maiores, fui auxiliar técnico do profissional, passei por seleções... Fui auxiliar de mais de dez treinadores com características completamente diferentes, do Joel Santana, Falcão, Renê Simões, Celso Roth, Jorginho. É uma oportunidade de eu passar para frente toda essa experiência que eu tive em realidades diferentes.

Você se assemelha mais com algum destes técnicos com quem você trabalhou?

– Não. Você aprende muito com características de cada um deles. Com alguns você aprende até o que não fazer, por não se identificar. Talvez essa tenha sido minha maior faculdade.

O Corinthians tem planos de formar não só jogadores, mas também técnicos. Chegar ao profissional do clube é um objetivo seu?

– Quando as pessoas da direção vieram conversa comigo, o que mais me atraiu foi o projeto do clube. De jogadores, metodologia, estrutura... Vejo isso (promoção) como consequência de um trabalho. Neste momento, estou 100% focado no sub-20, querendo fazer o melhor aqui para entregar os jogadores para o profissional, que é o nosso objetivo primário. Mas se o clube tem um projeto, e é muito visível que o Corinthians tem, é natural que isso aconteça no tempo certo.



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