21/7/2018 13:58

Alfredo Schurig – Fazendinha 90 anos – parte 2

Alfredo Schurig –  Fazendinha 90 anos – parte 2
Foto: Divulgação/ Site Oficial

…Alfredo Schurig confirmou que o Corinthians merecia uma mãozinha quando o Dr. Alcântara Machado, homem respeitável, homem de ideias e de livros, ajudou o Corinthians a arrendar um terreno na Floresta para ter seu campo, como um clube de verdade.



Pela cidade, passaram a correr “rateios” arrecadando fundos; e um dia alguém chegou-se a Alfredo Schurig, que era proprietário da Fábrica de Parafusos Santa Rosa, e perguntou se ele podia dar uma contribuição para o primeiro estádio do Corinthians, na Ponte Grande, na Floresta. Alfredo Schurig poderia ter desconversado. Mas via naqueles jovens primeiros corinthianos um ideal que o fascinava: o ideal de vencer as dificuldades, por maiores que estas parecessem ser.

Alfredo Schurig, o filho do pianista de choperia, indagou:
“No estádio vocês vão precisar de parafusos, não vão?”
“Sim, senhor.”
“Os parafusos que vocês precisarem, a quantidade que for, podem vir buscar na
minha fábrica. Dou pelo custo.”



Essa foi a primeira vez que Alfredo Schurig ajudou o Corinthians. Todos os pregos e parafusos que sustentavam as arquibancadas da praça de esportes do Corinthians, e que depois foi vendida ao São Bento, tudo aquilo foi dado a um precinho de banana, sem lucro sequer de um tostão, pela Santa Rosa do Schurig. Alfredo Schurig era um empresário bem-sucedido, a quem a fortuna parecia fazer questão de bafejar. Na década de 30 ele aparecia, ao lado de um certo Evans, como sócio da Casa Schill, magnificamente instalada na rua Florêncio de Abreu, 2127, como um dos pioneiros na transformação daquela via no centro do comércio de ferragens em São Paulo. A Casa Schill, da qual Evans & Schurig eram donos, trabalhava com importações e engenharia e tinha estoques de máquinas, óleos, ferragens, tintas, ferramentas, atendendo a estradas de ferro, indústrias, fábricas, construtores e o comércio em geral.

O forte de Schurig era a fabricação e venda de parafusos de todos os tipos possíveis e imagináveis. Dominava a praça. Para se ter uma ideia, quando, um dia, resolveu vender a fábrica de parafusos aos ingleses, Schurig recebeu o pagamento em… libras-ouro. O tino comercial de Alfredo Schurig tinha sido aprimorado quando ele ainda não passava de simples “vendedor de praça”, antes da sorte grande na Loteria. Mas já então sabia fazer amizades e manter ótimo relacionamento com a freguesia. Quando subiu na escala social, não se tornou esnobe nem se deixou envolver pela afetação. Prosseguiu sendo um homem do trabalho.

Quem sabe isso explique a simpatia que desde o princípio nutriu pelo Corinthians, sem que, a rigor, alguma vez lhe passasse pela cabeça ter uma participação mais ativa na vida do clube. Porém foi o que acabou acontecendo. E aconteceu de uma maneira bastante simples. Schurig, que já havia ajudado o clube alvinegro na construção do estádio da Floresta, ainda que de longe, acompanhava as atividades do time, como simpatizante.

Sem dúvida, não ficara feliz quando o Corinthians, justamente na inauguração da sua praça de esportes na Floresta, convidou o Palestra Itália para dois jogos amistosos inaugurais, e foi derrotado duas vezes. Mas até aí Schurig não se envolvia de ponta-cabeça nas coisas do Corinthians. O futebol era — sempre foi — uma paixão popular ácida, que muitas vezes deixa cicatrizes difíceis de remover. Alfredo Schurig preservava uma alma pura e romântica, a alma do filho do pianista do Danúbio Azul.

Mas, ao adquirir a primeira gleba da Fazendinha dos srs. Abdalla e Sallem, simpatizantes do Sírio, Ernesto Cassano assumira uma dívida pesada, que naturalmente acabou recaindo também nos ombros dos presidentes que o sucediam. Depois de Cassano, a presidência passara pelas mãos de Guido Giacominelli e José Tipaldi, e no final de outubro de 1927, prestes a vencer uma das prestações da escritura de compromisso de compra, o presidente que estava com o problema nas mãos era Felipe Collona.

Collona não tinha nem sombra desse dinheiro em caixa e temia — o que ia acabar acontecendo — que a dívida fosse executada judicialmente e a gleba voltasse às mãos dos vendedores, como constava das cláusulas da escritura. Apelar a quem? Collona pensou numa pessoa que pudesse ajudar o clube, que tivesse recursos financeiros para tal: Schurig. Sem dúvida, Schurig já dera provas de admiração pelo Corinthians. Mas era necessário levá-lo para dentro do problema. Colocar-lhe no peito da camisa o distintivo do Corinthians, uma vez que Schurig já o carregava no coração.

Collona não foi falar diretamente com Alfredo, até porque não tinha intimidade com ele e talvez fosse o caso de usar de um pouco de diplomacia. Felipe Collona escolheu um intermediário especial, um jovem médico pediatra culto, viajado, que havia estudado na Alemanha, uma pessoa fina, o Dr. Wladimir de Toledo Piza. O Dr. Wladimir de Toledo Piza morava na rua Conselheiro Nébias, 2 139, era médico especialista da Beneficência Portuguesa e tinha seu consultório na rua Barão de Itapetininga, 46, uma rua chique, por onde circulavam cavalheiros e damas que iam tomar o chá das cinco nos salões do Mappin. Na época, a rua Barão de Itapetininga tinha um odor gostoso de perfume francês.

O Collona não fez rodeios até porque o Dr. Wladimir tinha petizes para atender. Foi logo se abrindo: “O clube não tem o dinheiro da prestação do terreno”. Alfredo Schurig foi posto a par da aflição corinthiana, e assumiu: tirou do bolso 30 contos e entregou ao clube…


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